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Análise De Obra Literária

Por:   •  22/3/2018  •  1.211 Palavras (5 Páginas)  •  402 Visualizações

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Sabrina olhou para ela ressabiada.

-O Andrea Doria não contou pra senhora?

-Contou o quê?

-Naquele dia... que eu fui almoçar na sua casa. Ele não contou pra senhora que me viu com o açougueiro? Lá no capinzal?

Paloma fez que não. Sabrina baixou o olho:

-Bom... então eu não precisava ter falado nada. Pensei que a senhora sabia.

Silêncio.

Sem se dar conta, a Paloma baixou a voz:

-Que idade você tem?

E Sabrina, na defesa:

-Já vou fazer onze.

-E por que que você diz que é puta?

-Puta não é quem descola uma grana pra fazer coisa que homem quer que a gente faz quando fica pelada?

Paloma desviou o olhar pro chão.

-É ou não é?

Paloma meio que encolheu o ombro:

-Bom, essa definição é um pouco... – mas, quando levantou o olho pra Sabrina, perdeu o rumo das palavras. Ficaram se encarando. A expressão da Sabrina era de desfio.

-E... é isso que você faz? – a Paloma acabou perguntando.

-E cobro trinta reais. O açougueiro me sacaneou, só quis me pagar vinte. Mas quando aquele cara da padaria veio aqui me assuntar eu disse logo; trinta; e adiantado. Ele pagou.

-Aqui? - Indicou com a cabeça a casa.

-Ali. – Fez um gesto de cabeça em direção ao quarto de tia Inês.

O olho da Paloma quis de novo se esconder: vagou pelo chão e foi parar no sapato. O olho da Sabrina foi atrás:

-Quando eu saio eu boto o sapato da tia Inês pra não parecer que eu ainda vou fazer onze anos.

-Ah. Era dela...

-Era. Mas ela tinha o pé pequeno. Usava sempre esse sapato pra dançar. Dizia que era melhor que sandália porque firmava bem o pé, e quase todo mundo que vinha aqui dançar com ela era bem mais alto que ela. Assim que nem o Andrea Doria é pra mim.

O olho da Paloma voltou rápido pra Sabrina; e a Sabrina achou que tinha que explicar melhor:

-Eu tô querendo falar é de altura. Quando a gente dança é que eu vejo: ele é bem mais alto que eu.

-Mas eu não vi você usando sapato pra dançar com ele.

-Não! com ele, não! Não! A gente só dança, e eu só uso pé no chão. Se ele é mais alto, paciência. – E agora era o olho dela que abandonava a Paloma pra ir se encontrar com o sapato. Paloma percebeu a expressão de tristeza que, rapidinho, se estampou no rosto dela. –Eu sinto uma saudade danada da tia Inês. Eu não sabia que saudade doía assim. –Meio que encolheu o ombro. - Saber de que jeito? eu nunca tinha sentido saudade de ninguém...

-Nem da sua mãe? do seu pai?

Outra vez a Sabrina encolheu o ombro:

-Não conheci eles... E o resto que eu conheci nunca me deu saudade depois que eu não vi mais.

QUESTÕES:

- O que vocês acham que a Sabrina sabia sobre o que tava fazendo com os homens do local onde ela morava?

- Vocês acham que quando Sabrina fala de não sentir saudades ela se refere também do senhor Gonçalves?

- Vocês acham que Paloma já sabia das práticas da tia Inês?

PLANO B: Caso o primeiro debate comece a se estender, ficaremos só nele, e esqueceremos o ultimo, para não iniciar um próximo debate sem tempo razoável.

Plano C: Caso os alunos não se pronunciem voluntariamente iremos indicar para falar.

AVALIAÇÃO:

Os alunos serão avaliados todo o tempo, a partir da vontade de participar e da demonstração de que leram a obra.

REFERÊNCIAS

ABDALA, Benjamin Junior. Introdução à analise de narrativas. São Paulo: Spicione, 1995.

BOJUNGA, Lygia. Sapato de salto. Rio de janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2011

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler; em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1989.

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