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O prefixo e suas diversas abordagens

Por:   •  19/12/2018  •  1.409 Palavras (6 Páginas)  •  433 Visualizações

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de Cunha & Cintra, temos por definição de super–, "posição em cima, excesso, sinônimo de sobre–". Já mega–, na "Moderna Gramática Portuguesa", de Bechara, surge com o sentido de "grande".

Tais definições, no entanto, revelaram um caráter superficial e generalizador após a análise das palavras coletadas no corpus, quando pudemos observar que o prefixo mega–, por exemplo, é capaz de assumir um caráter semelhante ao de super–, de intensidade ou de excesso, não considerados em sua definição gramatical, que se restringe às dimensões físicas (“grande”) – como vê-se em combinações como mega-limpeza, mega-curioso ou meganovidade. Outro teor não mencionado pela gramática normativa e que pode ser assumido pelo prefixo mega– é o de unidade de medida e de comprimento, tais quais megabit, megabyte e megâmetro. Esses dados aparecem ilustrados pelo gráfico abaixo:

Já no caso do prefixo super–, por sua vez, embora tenha sido indicado como sinônimo de sobre–, mais próximo à ideia de posição física, em suas ocorrências observa-se a predominância da ideia de excesso, de intensidade, conforme exposto no seguinte gráfico:

Dessa forma, a definição trabalhada pela gramática normativa a respeito dos prefixos mostrou-se consideravelmente rasa e generalizadora, uma vez que deixa de ponderar certos empregos elementares dos prefixos trabalhados – empregos, esses, adquiridos ao longo do tempo pelos falantes da língua. O prefixo mega– tem origem no adjetivo grego «mégas, megálê, mega» e significância estrita de "grande", enquanto o super–, de origem latina, traz consigo a terminação "-uper", do indo-europeu, que significa "sobre" – vocábulos precedidos por esse prefixo e que possuem sentido de localização física, no entanto, não são usuais, estando presente no corpus coletado apenas em um caso, o da palavra "sobrancelha", de sinônimo "supercílio". Assim, a análise revelou um grande conservadorismo por parte da gramática em não considerar esses usos tidos por “novos”, resultado da dinamicidade da língua, e que fogem do sentido estritamente erudito e etimológico dos prefixos mega– e super–. Isso explica, por exemplo, a palavra supercílio que, antes tinha uma denominação mais ligada à etimologia "sobre os cílios", e, ao longo do tempo, perdeu essa característica.

Análise dos dados

Um ponto a ser considerado previamente à exposição da análise dos dados é que, diferentemente dos sufixos, os prefixos não têm a propriedade de mudar a classe das palavras com que combinam, uma vez que não selecionam essa base. (FIGUEIREDO SILVA, Maria Cristina; MIOTO, Carlos)

A partir desse tópico, foram analisadas as incidências das classes substantivas e adjetivas, associadas aos dois prefixos trabalhados, em todo o corpus coletado. A respeito do super–, observou-se valores equilibrados entre as duas classes lexicais: enquanto os substantivos representaram 22,92% das palavras, os adjetivos somaram 29,17%:

O prefixo mega–, por sua vez, também apresentou valores equilibrados, sendo que as associações com substantivos representaram 27,08% dos vocábulos encontrados, restando aos adjetivos 20,83%:

Associando os dados obtidos aos diferentes níveis de formalidade das cinco revistas constituintes do corpus, é possível observar um forte equilíbrio entre os números dos usos dos prefixos super– e mega–, tanto nos materiais de linguagem excessivamente formal, quanto nos de linguagem menos formal, e, ainda, nos de linguagem informal, conforme esquematizado no gráfico a seguir:

sendo que o prefixo super– esteve presente em 9 vocábulos da revista de nível formal, em 6 da de nível intermediário, e em 10 da de nível informal; já o mega– esteve em 8 vocábulos da revista de maior formalidade, em 4 da de nível intermediário, e em 11 da de nível informal.

Considerações finais

A partir dos dados obtidos, a hipótese inicial deste trabalho, que assegurava ao prefixo super– um teor mais acentuado de informalidade em comparação ao mega–, foi refutada, pois ambos os prefixos apresentaram comportamentos muito semelhantes nos processos de prefixação observados, tanto na incidência de conexões com substantivos e adjetivos, quanto na presença em meios formais e informais.

Com isso, observamos que os prefixos super– e mega– apresentam comportamentos cada vez mais semelhantes entre si, tanto nos usos cotidianos da linguagem, quanto nos canais comunicativos de diferentes níveis de formalidade.

Referências bibliográficas

 BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. Nova Fronteira, 37ª edição, 2009.

 CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lexikon, 6ª edição, 2013.

 DUARTE, P. “O prefixo e suas diversas abordagens". ALFA, vol.42, n. especial, p.33-56. 1996.

 FIGUEIREDO SILVA, M.C. & MIOTO, C. “Considerações sobre a prefixação”. ReVEL, vol.7, n.12, 2009.

 Revista Capricho, n.1197, Abril, SP.

 Revista Carta Capital, n.832, Confiança.

 Revista Pesquisa FAPESP, n. 205, março/2013.

 Revista Superinteressante, n.337, Abril, SP.

 Revista Veja, n.2400, novembro/2014.

Anexo - Lista de vocábulos coletados no corpus

SUPER

(Contexto formal)

Superintendência

Supervalorização

Supersônico

Superabundância

Superácido

Supercondutor

Superbíssimo

Superego

Superposição

(Contexto informal)

Super-herói

Super-homem

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