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Como a Analise do Discurso Atravessa a Linguistica

Por:   •  7/5/2018  •  1.628 Palavras (7 Páginas)  •  262 Visualizações

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A partir deste pensamento do discurso, devemos pensar nos fatores que regem esses discursos, como por exemplo as condições de produção. Essas condições são os fatores externos e sociais que colocam o sujeito numa circunstância discursiva, de enunciação, especifica, essa situação “compreende o contexto sócio histórico, ideológico” Eni (2010). Temos então relações da linguagem com a ideologia. As palavras não podem ser tomadas como tendo um único sentido, elas não são embalagens a serem rotuladas e assim tomadas por um significado fixo porque elas não têm um sentido colado a si. Mas como Megid e Capellani (2007) dizem, o que temos é “uma sensação de evidencia dos sentidos de uma palavra”. E o que nos gera essa sensação é a própria ideologia que carregamos. O trabalho que a ideologia faz para termos essa sensação é da memoria e do esquecimento, “Da memória porque todo dizer deve estar ligado a algo que foi dito antes para fazer sentido. Do esquecimento porque o efeito de evidencia do sentido precisa se dar para que o dizer se torne possível” (idem). Isso significa que o processo ideológico ira apagar os processos de constituições dos sentidos, construindo novas evidências para a criação dos efeitos de sentido.

Citando Foucault em “A ordem do discurso” (1996):

Tudo se passa como se interdições, supressões, fronteiras e limites tivessem sido dispostos de modo a dominar, ao menos em parte, a grande proliferação do discurso [...] E se quisermos, não digo apagar esse temor, mas analisa-lo em suas condições, seu jogo e seus efeitos, e preciso, creio, optar por três decisões [...] que correspondem aos três grupos de funções que acabo de evocar: questionar nossa vontade de verdade; restituir ao discurso seu caráter de acontecimento; suspender, enfim, a soberania do significante.”

Assim pensando em efeitos de sentido, eles são construídos através de gestos de interpretação, compulsórios e não aleatórios. Afinal, todo o tempo nós estamos sendo compelidos a interpretar, essa interpretação nem sempre vai ser possível por necessitar estar inscrita numa memoria que faça com que o gesto de interpretação tenha sentido. Temos a construção de sentidos a partir de uma posição ideológica que considera os aspectos sociais e históricos (condições de produção) de um falante para a construção de um enunciado. “Os sentidos não estão só nas palavras, nos textos, mas na relação com a exterioridade, nas condições em que eles são produzidos e que não dependem só das intenções dos sujeitos” (Eni Orlandi). E são essas condições de produção que na hora de produção de um enunciado irão levar em conta sua posição social, e sua historicidade, portanto carregada de ideologias, assim não existe uma fala tida como neutra. A partir da analise de discurso vemos que as falas produzidas por falantes carregadas de ideologia representam para ele, e para sua comunidade, valores ideológicos que o representam como falante de uma língua, como ser social de certa comunidade.

[...] partindo da ideia de que a materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade do discurso é a língua, trabalha a relação língua-discurso-ideologia. Essa relação se complementa com o fato de que, como diz Pêcheux (1975), não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e é assim que a língua faz sentido. (Eni Orlandi)

Assim podemos ver que o discurso é onde podemos ver essa intersecção entre a língua e a ideologia, compreendendo, portanto como a língua produz sentidos por e para os sujeitos. Na análise de discurso não separamos a forma do conteúdo como faziam os estruturalistas, e temos de pensar a língua como um acontecimento, algo fluido, e não apenas como estrutura fechada e sistemática. Dessa forma se reunirmos “estrutura e acontecimento a forma material é vista como o acontecimento do significante (língua) em um sujeito. Este por sua vez, se constitui na relação com o simbólico, na história.” (Eni Orlandi).

A analise de discurso interroga a linguística pela sua historicidade (materialismo histórico) que ate então era deixado de lado para podermos compreender como são produzidos esses efeitos de sentido através das condições de produção. Perguntamos pelo simbólico e nos demarcamos pelo modo como a historicidade ira trabalhar a ideologia dos falantes que esta sendo materialmente construída e relacionada a eles. Assim a grande importância e quebra de valores que a analise de discurso traz para a linguística é esse novo pensamento que se faz na contradição dessas três áreas do conhecimento, o marxismo (pensando no materialismo histórico e como a historicidade vai compor), a psicanalise e a linguística.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Foucault, M. “A ordem do discurso”. São Paulo, Edições Loyola, 1996;

Gallo, S. L. “Discurso da escrita e ensino”. Campinas. Editora da UNICAMP, 1992;

Jakobson, R. “Linguística e comunicação”. São Paulo, Editora Cultrix.

Lagazzi, S. “A autoria no enlace equívoco das posições de sujeito”. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v.23. 2015;

______ “Analise de Discurso: princípios e procedimentos”. Pontes Editora.

______ “Texto e autoria”. “Discurso e textualidade”. Campinas. Pontes editora, 2015;

Megid, C. M. & Capellani, A. P. L. “Mas...

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