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A VERDADE QUE LIBERTA IDEALIZADA PELA POLÍTICA SIMBÓLICA: UMA ANÁLISE DO DISCURSO MAINIPULADOR DE JAIR MESSIAS BOLSONARO

Por:   •  9/4/2022  •  Trabalho acadêmico  •  4.826 Palavras (20 Páginas)  •  635 Visualizações

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A VERDADE QUE LIBERTA IDEALIZADA PELA POLÍTICA SIMBÓLICA: UMA ANÁLISE DO DISCURSO MAINIPULADOR DE JAIR MESSIAS BOLSONARO

Autor: Alexandre Rodrigues Santos

Fundação Educacional Unificada Campograndense

E-mail: alexandrerodrigues80@uol.com.br

Orientador: Éder Nicolau Alves Venâncio

Fundação Educacional Unificada Campograndense

E-mail: eder.nicolau@yahoo.es

Resumo

Neste trabalho procuramos fazer uma análise discursiva sobre as interferências religiosas na política brasileira. Para atender este objetivo recorremos a diferentes conteúdos teóricos referentes à sociologia das religiões que nos ajudará a compreender, por exemplo, como se estabelece a influência religiosa na sociedade e como esta sociedade é influenciada pelas ideologias políticas religiosas, assim como, as contribuições da teoria da Análise de Discurso para interpretar o discurso pós-posse de Bolsonaro. Nosso corpus de análise foi a transcrição e o vídeo de seu pronunciamento apresentado pela Folha de São Paulo no dia 28/10/2018.  A partir desta análise percebemos que: a) O posicionamento político do atual presidente se pautou exclusivamente em questões morais e religiosas, banalizando problemas sociais de ordem coletiva; b) Na política se apresentou como defensor dos interesses do grupo dominante; c) O medo foi usado como um forte instrumento de controle religioso.

Palavras-chave: Discurso religioso, política ideológica, verdade simbólica.


Abstract

In this work we try to make a discursive analysis on the religious interferences in Brazilian politics. In order to fulfill this objective, we have recourse to different theoretical contents concerning the sociology of religions that will help us to understand, for example, how religious influence in society is established and how this society is influenced by religious political ideologies, as well as the contributions of the theory of Speech Analysis to interpret Bolsonaro's post-inaugural address. Our corpus of analysis was the transcription and the video of its pronouncement presented by Folha de São Paulo on 10/28/2018. From this analysis we can see that: a) The current political positioning of the current president was based exclusively on moral and religious issues, banalizing collective social problems; b) In politics he presented himself as defender of the interests of the dominant group; c) Fear was used as a strong instrument of religious control.

Keywords: Religious discourse, ideological politics, symbolic truth.

1. Introdução

        A ideia deste trabalho é apresentar uma análise discursiva sobre as interferências religiosas na política brasileira. Pois, observamos que versos bíblicos isolados, seguido de contexto mal intencionado, supostamente, interferiram nos resultados do pleito eleitoral de dois mil e dezoito. Onde na qual o candidato Jair Messias Bolsonaro, apoiado por diversos lideres religiosos e aproveitando que no Brasil a maioria professa a fé cristã, fez uso de um deste versículo bíblico que serviu como slogan de campanha. O versículo em questão é muito utilizado em sermões religiosos, mas não com o mesmo sentido que o candidato proferiu em campanha: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João. 8:32).

         Com posse desse versículo o candidato à presidência do país se apresentou como o possuidor da verdade, o enviado por Deus para apresentar a verdade que liberta. Mas, de que verdade ele fala? Será que todos concordam com as verdades que foram usadas na campanha eleitoral?

        Para responder estas perguntas, procuramos em nossa análise reconstruir as verdades citadas por Bolsonaro em um discurso político religioso e apresentar outras possíveis verdades para este discurso, pois “não existem verdades ocultas em um texto” (ORLANDI, p.24), porém, todos os discursos têm seus víeis “simbólicos e ideológicos” que necessitam ser interpretados (ORLANDI, p.24,25).

Para execução desta análise, faz-se necessário utilizar algumas bases teóricas sobre os assuntos de que iremos tratar, como por exemplo, a) a sociologia das religiões, que busca entender a influência religiosa na sociedade e verificar como esta sociedade é influenciada pelas ideologias políticas (A economia das trocas simbólicas, BOURDIEU, 2015). b) a análise do discurso de linha francesa, cujo, o principal nome é M. Pêcheux, que busca significar o discurso através da investigação dos efeitos que o sentido provoca e a relação que o discurso tem com a política e a sociedade (Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio, PÊCHEUX, 2014). Também, utilizaremos algumas obras teóricas de Eni P. Orlandi que dar base discursiva para todo trabalho.

O nosso objeto de análise é a transcrição de um discurso e o vídeo de Jair Messias Bolsonaro apresentado pela Folha de São Paulo no dia vinte oito de outubro de dois mil e dezoito.  A partir deste Corpus procuramos conhecer o posicionamento político do atual presidente que durante toda campanha eleitoral se pautou exclusivamente em questões morais e religiosas, falando pouco dos problemas sociais de ordem coletiva, e se apresentando como defensor dos interesses de um determinado grupo, além de apresentar o medo como um forte instrumento de controle político e religioso.

2. Política e Religião de acordo com a sociologia

O livro, a economia das trocas simbólicas (BOURDIEU, 2015), diz que, os estudos sociológicos compreendem que o conhecimento, os valores e as instituições religiosas são frutos dos contextos históricos e sociais, e estão sujeitos ao sistema construtivo de uma sociedade. Contudo, as lideranças religiosas, que também são sujeitos desse sistema, podem estimular mudanças sociais e políticas ou não, já que sugerem a seus grupos alguns comportamentos ideológicos.

Para Bourdieu, Durkheim “trata a religião como um instrumento de conhecimento estrutural,” que apenas cumpre um papel de comunicação, não considerando os aspectos “sociais e econômicos” de uma determinada sociedade (BOURDIEU, 2015, p. 28, 29). Por isso, a estrutura apresentada por Durkheim não nos permite fazer uma análise diversificada das formas simbólicas, pois, não fala sobre as inúmeras questões fundamentais das relações sociais. Sobre isso, Bourdieu afirma que:

Tanto pelo fato de que os sistemas simbólicos derivam sua estrutura, o que é tão evidente no caso da religião, da aplicação sistemática de um único e mesmo princípio de divisão e assim só podem organizar o mundo natural e social recortando nele classes antagônicas, como pelo fato de que engendram o sentido e o consenso em torno do sentido por meio da lógica da inclusão e da exclusão, estão propensos por sua própria estrutura a servirem simultaneamente a funções de inclusão e exclusão, de associação e dissociação, de integração e distinção. Estas “funções sociais” tendem sempre a se transformarem em funções políticas na medida em que a função lógica de ordenamento do mundo que o mito preenchia de maneira socialmente indiferenciada operando uma diacrisis ao mesmo tempo arbitrária e sistemática no universo das coisas, subordina-se às funções socialmente diferenciadas de diferenciação social e de legitimação das diferenças, ou seja, na medida em que as divisões efetuadas pela ideologia religiosa vêm recobrir (no duplo sentido do termo) as divisões sociais em grupos ou classes concorrentes ou antagônicas (BOURDIEU, 2015, p. 30,31).

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