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O ARMÁRIO DA HOMOSSEXUALIDADE: uma análise do discurso sob a perfectiva de Lady Gaga

Por:   •  29/11/2018  •  5.039 Palavras (21 Páginas)  •  280 Visualizações

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Deste modo, investigou-se em campo indivíduos que pudessem compor com o eixo central dessa exploração.

Há muitas maneiras de escrever uma história, mas nenhuma pode prescindir de personagens. Também são inúmeras as formas de apresentá-los, caracterizá-los ou fazer com que atuem. De qualquer modo, existe sempre um momento na narrativa em que a ação se interrompe para dar lugar à descrição (interior ou exterior) de um personagem. É quando o narrador faz o que, em jornalismo, convencionou-se chamar de perfil (SODRÉ, 1986, p.125).

Com as personagens definidas, houve o apuro de que as entrevistas e a produção inicial do livro fosse iniciada, devida as circunstâncias vividas pelas escolhidas no momento. Maria Yanni é uma jovem de 18 anos, homossexual, estudante, filha de pais evangélicos tradicionalistas. Desde criança sofre violência por parte do pai. Maria também mora com um irmão mais velho (25 anos) que relatou aos pais sobre a jovem estar em relacionamento com outra menina. Com a descoberta, os pais de Maria a expulsaram de casa e a vida da jovem tornou-se extremamente insegura e vulnerável, segundo afirmações da própria.

Rebecca Lia, 21 anos, homossexual assumida, negra, adotada por um casal de família chinesa e portuguesa. Lia contou aos pais sobre sua sexualidade aos 20 anos, entrando em um processo de aceitação interno e externo por parte dela e da família. O conflito de identidade veio desde os tempos de colégio e seguiram durante adolescência.

Maria e Rebecca são jovens, fãs da cantora em questão e vivem dentro de uma realidade de um estado preconceituoso. O Paraná é responsável 15,42% de mortes LGBT no sul do País, segundo o Relatório de Assassinatos de 2014 (ano da pesquisa desse artigo) feito pelo GGB – Grupo Gay da Bahia. O professor Carlos Alberto de Carvalho na obra “Jornalismo, Homofobia e Relações de Gênero” (2012, p.78), reforça a ideia da luta contra o preconceito nos dias atuais:

É assim que lutas empreendidas por grupos de defesa de direitos humanos e cidadania LGBT têm proposto novas perspectivas, éticos, morais, religiosos, pedagógicos, culturais, comportamentais, médicos, psicanalíticos, psicológicos, psiquiátricos, científicos e jurídicos a urgência de estabelecer de fato igualdade de direitos e deveres entre os gêneros e suas variâncias nas relações afetivas e sexuais.

Ainda sobre essa realidade, há, de acordo com Ronaldo Pamplona da Costa (1994), uma sociedade que permite maior liberdade para as mulheres entre si, o que torna "menos visível" um relacionamento amoroso entre elas.

As mulheres lésbicas, no entanto, são duplamente discriminadas. Primeiro porque são mulheres e fazem parte de uma maioria demográfica desconsiderada. Segundo porque pertencem a uma minoria incompreendida. A mulher em nossa sociedade não tem a mesma força, o mesmo espaço que os homens. São vistas como cidadãs de segunda classe e o trabalho não é remunerado à altura de sua competência ou função. A minoria lésbica, além de tudo isso, acaba segregada pelo mundo masculino e também pelo mundo feminino.

No livro, os personagens principais e secundários tiveram suas identidades reservadas utilizando-se de nomes fictícios para a história, mantendo o anonimato por segurança e a pedido dos mesmos.

Ao sofrerem novo batismo, optou-se por renomeá-los com titulações bíblicas de acordo com a personalidade observada durante as visitas e entrevistas. Esse novo nome foi atraído por meio da percepção que as perfiladas demonstravam ligações com o universo cristão, independente da doutrina. Ao pesquisar possíveis histórias da literatura – gênero utilizado para narrar a história de Maria e Rebecca - que fazem uso desse mesmo artifício de ligação com a Bíblia cristã, encontrou-se essa fusão nas obras fictícias do escritor britânico C.S Lewis, principalmente em sua obra mais conhecida: “As Crônicas de Nárnia” de 1950.

C.S Lewis foi um professor, escritor e crítico literário que trouxe inúmeras contribuições para a teologia, principalmente sobre a natureza da linguagem, e de como a linguagem ilustra a realidade, inclusive a realidade profunda do mundo que não é percebido. Para Lewis, a Bíblia era a marca de uma revelação divina envolvendo alegações exclusivas da verdade, escritas em gêneros variados do mundo antigo, tais como narrativa histórica, poesia, alegoria, parábola e elementos apocalípticos.

Ao adotar nomes bíblicos e seus significados para a história de Maria e Rebecca, não apenas por questões literárias, mas pela conexão envolvendo os três mundos, adotando a técnica de Lewis, que “frequentemente se baseia no conteúdo literário da Bíblia nas Crônicas, principalmente quando ao tema” (DURIEZ, 2005, p.63), estimula de um modo bastante básico, direto e comum, uma “percepção simbólica da realidade” (DURIEZ, 2005, p.66), da realidade homossexual brasileira. É utilizar-se de uma narrativa cheia de símbolos, história e imagem, e interpretá-la para o mundo real, como feito nos trechos citados da Bíblia Sagrada e do Livro dos Espíritos da Doutrina Espírita, usados também como forma ilustrativa, de maneira semelhante a que Lewis fez com sua obra mais famosa.

O Código de Ética dos Jornalistas Profissionais do Brasil, orienta no artigo 8: “sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará a origem da identidade de suas fontes de informação”. É bom salientar que, o compromisso assumido de não relevar o nome real dos entrevistados é uma questão ética e moral. Sobre sigilo de fonte como opção e lei, Benedito Luiz Franco é firme em indicar que

Não há qualquer disposição legal que obrigue o comunicador a não revelar a fonte de uma informação. Esse dever é de caráter ético e está contido nos códigos deontológicos e nos princípios que norteiam as atividades dos meios de comunicação social.

3. DISCURSO

Pesquisando vozes que lutam pela liberdade de gênero e que fossem ligadas a realidade de Maria e Rebecca, observou-se inicialmente nelas, o gosto pela cultura popular, e dentro dela, uma artista memorável: Lady Gaga. A cantora deixa claro ser a favor dos direitos de igualdade, liberdade de expressão e de sexualidade. Com uma carreira envolta de polêmicas e discursos marcantes, um deles se destaca: “The Prime Rib Of America”, discurso mais forte feito pela cantora americana, que aconteceu no dia 20 de Setembro de 2010, durante a National Equality March no Parque Deering Oaks, em Porland.

Lady Gaga saiu em defesa da revogação da lei “Don’t

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