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A DEMONIZAÇÃO DA MULHER: DAS REPRESENTAÇÕES EM DISCURSOS CATÓLICOS À ANÁLISE DAS BRUXAS NAS OBRAS DE HANS BALDÜNG GRIEN

Por:   •  3/6/2018  •  26.692 Palavras (107 Páginas)  •  470 Visualizações

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Palavras chave: Bruxa; Demonização; Hans Baldüng Grien; Igreja Católica; Mulher;

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO11

- A DEMONIZAÇÃO DO FEMININO EM BRUXA COMO UM PROCESSO HISTÓRICO: DA VISÃO CATÓLICA MEDIEVAL AO SURTO DE BRUXARIA NA MODERNIDADE15

1.1 O Bem e o Mal e a questão da Culpabilidade na Idade Média: da concepção Católica sobre tais princípios ao ápice de uma batalha contra o Maligno 15

1.2 O feminino inferiorizado: uma mentalidade de pessimismo à mulher23

1.2.1 Raízes Cristãs23

1.2.2 O discurso clérigo e a Literatura25

1.2.3 A domesticidade28

1.3 Mundo demonizado: um difícil panorama para mulheres30

1.4 O sexo pecaminoso: o erotismo discriminado ao feminino35

- HOLOCAUSTO MISÓGINO: A CAÇA ÀS BRUXAS (SÉCULOS XIV-XVI) E OS DISCURSOS NO MALLEUS MALEFICARUM43

2.1 Para um estudo da caça às bruxas43

2.2 Um panorama da caça às bruxas44

2.3 O contexto social48

2.4 Espírito de angústia num mundo de perseguição às bruxas: Crença e pré-condições54

- A misoginia no discurso do Malleus Maleficarum56

- ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO DAS BRUXAS NAS OBRAS DE HANS BALDUNG GRIEN59

3.1 Prelúdio59

3.2 A representação da mulher nas imagens do século XVI61

3.3 Análises das bruxas e sabás a partir das obras de Baldung63

3.3.1 Die Hexen (1510)63

3.3.2 Three Witches e Departing for the Sabbat (1514)79

- CONSIDERAÇÕES FINAIS88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS89

LISTA DE FIGURAS

1. FIGURA 1: Die Hexen por Hans Baldung Grien, 151064

2. FIGURA 2: Martinho Lutero por Hans Baldüng Grien, 152066

3. FIGURA 3: The Temptation of Saint Antony por Martin Schongauer, 149074

4. FIGURA 4: Three Witches por Hans Baldüng Grien79

5. FIGURA 5: Departing for the Sabbat por Hans Baldüng Grien, 151480

6. FIGURA 6: Lebre Jovem por Albrecht Dürer, 150281

LISTA DE TABELAS

1. TABELA 1: Sexo dos acusados de bruxaria 52-53

2. TABELA 2 Idade dos acusados de bruxaria 86

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INTRODUÇÃO

Todos os discursos que, em seu tempo, lhes foram atribuídos, são masculinos. (DUBY, G. 2001, p.167) A afirmação de Duby na conclusão de sua obra Eva e os padres: Damas do século XII em referência às mulheres e, que fora reiterada na epígrafe deste trabalho, sustenta esta análise. A leitura que se fez para esta monografia é aquela que foi representada pelo homem em relação ao feminino em uma larga escala periódica.

Pierre Bordieu refletiu que a dominação masculina é firmada sob o paradigma (e frequentemente o modelo e o parâmetro) de toda dominação. (BOURDIEU, 2002, p.176) Decorre desta ideia o estudo deste trabalho, o olhar crítico que se pode traçar nas relações interligadas de quem oprime e de quem é oprimido, marginalizado e, neste caso, a mulher.

O trabalho aborda, em suma, o ideário da transformação da representação da mulher e uma agente propícia ao diabo, daí a demonização. Para tanto, isso envolve um estudo que busca as raízes do pessimismo sexual e feminino por parte da Igreja Católica, remontando os primeiros influentes desta religião e suas concepções sobre o tema. Seguindo esta linha de raciocínio que culminou na caça às bruxas, adentramos na análise de imagens e representação dos símbolos da bruxa procurando desconstruir seus estereótipos.

O primeiro capítulo tem um caráter introdutório. São expostas, em uma análise processual, as concepções pessimistas à mulher por parte da Igreja Católica. È destacada a potencialização deste pessimismo, conforme as novas influências dos clérigos ao passar dos séculos, aliada ao avanço do Poder da Igreja sobre a Europa e logo, suas difusões sobre as outras culturas. Neste contexto, a ideia central da demonização da mulher, ou seja, uma aproximação do feminino ao mal tem seus precedentes fixados numa hostilidade enraizada desde o início da cristandade.

Portanto, antes de adentrarmos no mundo da demonização, acreditou-se importante refletir sobre algumas premissas da Igreja Católica – detentora da única verdade da maior parte do período analisado – para só então, decifrarmos os discursos hostis que fixavam a mulher num plano de submissão ao homem. Para esta pesquisa a leitura de Stuart Clark sobre os discursos eruditos em relação à mulher são imprescindíveis.

Destarte, num primeiro subcapítulo analisam-se os polos opostos entre o bem e o mal. Tal base é refletida para que fiquem claras os elementos subsidiaram a ideia da batalha contra o diabo e seus agentes, que serão enfatizadas na primeira metade do segundo milênio, com a caçada aos hereges.

Neste mesmo contexto, é visto a questão da construção da culpabilidade do ser e logo, a punição Divina de Agostinho. Foi realizada uma leitura de Duby em relação ao Ano mil para embasar a citada intensificação do poder de difusão católico na virada do milênio. Por fim a reflexão que Robert Muchembled propõe em Uma História do Diabo acerca das tênues fronteiras entre o natural e o sobrenatural, sobretudo a partir do século XIII foram aqui destacadas.

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