UMA ANÁLISE LITERÁRIA NAS POESIAS RITMOS DE INQUIETA ALEGRIA DE VIOLETA BRANCA
Por: kamys17 • 7/6/2018 • 2.878 Palavras (12 Páginas) • 801 Visualizações
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A ideia de desenvolver essa análise é de provocar, despertar e aguçar a curiosidade do leitor que venha contribuir para a formação e aproximação com a poesia, de certo não se faz um leitor por acaso, cada obra traz uma história a qual ganha vida, espaço e novas interpretações conforme suas releituras.
Este estudo pauta-se na necessidade de se compreender a visão da poetisa Amazonense a respeito do amor, uma vez que cada pessoa o vê de maneira diferenciada, mas ao mesmo tempo seguem padrões semelhantes. Este trabalho pretende lançar um olhar investigativo-analítico acerca de como o amor é retratado pela obra desta poetisa, partindo do pressuposto de que a literatura é reflexo da sociedade da qual pertence.
O domínio completo da imaginação, a instauração da total liberdade de associação de palavras, de imagens, de sons (sem, contudo, geralmente, se abdicar de uma fidelidade profunda ao real), a libertação do discurso poético são, em suma, as melhores características do século XX.
Nesse sentido, a poesia Amazonense, sobretudo as obras produzidas por mulheres, caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito, vendo dessa forma o amor com veemência passional na linguagem poética, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, muitas vezes eróticos.
Como objetivo geral da pesquisa é mostrar a maneira como o amor é retratado nas obras elaboradas pela poetisa amazonense Violeta Branca.
Sobre a Autora
A poetisa Violeta Branca Menescal de Vasconcelos, ou simplesmente Violeta Branca, nasceu em Manaus, no dia 15 de setembro de 1915. Em 1935, aos 19 anos, publicou seu primeiro livro de poesia, Ritmos de Inquieta Alegria, obra com características modernistas, que mereceu uma apreciação entusiasmada do intelectual paulista Rodrigo Octávio e boa acolhida por parte da crítica, pelo lirismo e vivacidade no tratamento dos temas. Esse livro foi relançado em 1998 com a coleção Resgate, pela editora Valer. Dois anos depois, Violeta casa-se e muda-se para o Rio de Janeiro, mas continua publicando seus poemas na revista amazonense A Selva, nos anos 37-38, dirigida por Clóvis Barbosa (1904-1989), destacado intelectual da época. Estranhamente, somente após 47 anos, em 1982, publicou Reencontros - Poemas de Ontem e de Hoje, seu segundo e último livro.
O reconhecimento do talento precoce de Violeta Branca fez dela a primeira mulher a entrar para uma Academia de Letras no país. Assim, em 14 de abril de 1937, Violeta Branca passa a fazer parte da Academia Amazonense de Letras ocupando a cadeira 28, anteriormente ocupada pelos poetas Raimundo Monteiro, Hugo Bellard e Américo Antony, e que teve como patrono o poeta Annibal Theóphilo (DINIZ, 2002). Durante muitos anos, Violeta representou a AAL na Federação das Academias de Letras do Brasil, no Rio de Janeiro, onde residia.
Violeta Branca morreu no dia 07 de outubro de 2000. A Academia Amazonense de Letras prestou uma homenagem especial de tributo à memória da poetisa em sessão solene no dia 16 de dezembro de 2000, que teve como palestrante o acadêmico Newton Sabbá Guimarães. De vez em quando o nome de Violeta é lembrado pela importante contribuição que ela deixou no meio literário amazonense.
A obra Ritmos de Inquieta Alegria reúne poemas "de uma alma ainda adolescente" (A Crítica, 11/10/2000), mas cheia de surpresas. Além do universo amazônico e seus mistérios, a sensualidade, um tema ousado para a mulher da época, também está presente na poesia de Violeta Branca, o que causou certo impacto no meio literário amazonense.
Análise Temática
Na obra Ritmos de inquieta alegria encontramos temáticas voltadas para regionalismo, expressivo de identificação com a terra, com o universo amazônico suas lendas e mistérios, além do sensualismo que é muito presente nas poesias. Assim como os autores de 45, Violeta Branca também buscava uma arte tipicamente brasileira, e isto é visto em suas poesias, quando ela fala das belezas da região amazônica, fala sobre o sensualismo, tema incomum a ser abordado por uma mulher na época.
Segundo Tenório Telles nas poesias de Violeta Branca,
Seus versos são vibrantes, plasmados por forte ânsia feminina e seus desejos. A recorrência a essa temática é ilustrativa de sua ousadia para a época. Ritmos de inquieta alegria é uma obra evocativa de uma intensa sensibilidade feminina, expressa de forma ardente e lírica. Essa intensidade poética, concebida a partir da perspectiva da mulher, nos remete ao lirismo de Cecília Meireles. (TELLES, p. 18 e 19)
Contexto da Obra
Dominada por uma mentalidade de forte componente acadêmico, a literatura que se produz no Amazonas só foi experimentar uma reação organizada, com princípios e objetivos estéticos definidos, com o movimento geracional representado pelo Clube da Madrugada.
A literatura amazonense organizada surgiu com Clube da Madrugada, “não mais sob a influência do modernismo de 22, mas sob o signo da geração espiritual da poesia brasileira e da “Geração de 45”, em especial da produção poética de João Cabral de Melo Neto”. (TELLES, p. 14). Embora sabendo que as poesias de João Cabral de Melo Neto eram herméticas e bem trabalhadas, por outro lado o Clube da Madrugada não deixou a desejar, porque naquele momento os autores, no Amazonas, estavam produzindo poesias de altíssima qualidade.
Dessa forma, o Clube da Madrugada foi um movimento em que os autores amazonenses se encontravam para debater assuntos referentes à literatura amazonense e mostrar as suas produções literárias. Pois antes ao Clube da Madrugada havia literatura sim, no entanto,
foi um período marcado pela ambiguidade, com predomínio do ideário passadista, destacando-se, como antecipadoras de uma dicção poética modernizadora, as vozes dissonantes de Pereira da Silva e Violeta Branca. Não havia, entretanto, um sentido de grupo, com um propósito estético claro. Suas obras se afirmavam como manifestações isoladas do que se denominava “arte nova”. Se faltou-lhes uma profunda compreensão do espirito moderno e alguma disposição para enfrentar o passado, não escaparam-lhes a percepção de novo e da realidade. (TELLES, p. 14).
Com isso verificamos que a literatura anterior ao Clube da Madrugada tratava-se de manifestações isoladas,
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