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AS CONCEPÇÕES ACERCA DO CONHECIMENTO E DA APRENDIZAGEM

Por:   •  24/12/2017  •  5.127 Palavras (21 Páginas)  •  433 Visualizações

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2-A Concepção Ambientalista

A teoria ambientalista, como o próprio nome dá a entender, valoriza o ambiente no aprendizado humano. Ou seja, a criança desenvolve suas características em função das condições do meio em que vive. Esta visão considera as estimulações que o meio proporciona como fonte de aprendizado. Para os ambientalistas, o mais importante são os fatores exógenos, aquilo que está fora do indivíduo. A criança nasce sem características psicológicas, seria como uma massa a ser modelada, estimulada e corrigida pelo meio em que vive.

Para o percursor da teoria ambientalista, ARISTÓTELES " Não é, pois, por natureza, nem contrariando a natureza que as virtudes se geram em nós. Diga-se, antes, que somos adaptados por natureza a recebê-las e nos tornamos perfeitos pelo hábito” (PESSANHA, José, 1991,p.29).

Segundo ele, embora as pessoas nasçam com capacidade de aprender, elas precisam de experiências ao longo da vida para que se desenvolvam. A fonte do conhecimento são as informações captadas do meio exterior pelos sentidos. Ideias como essa impulsionaram o empirismo, corrente favorável a um ensino pela imitação - na escola, as atividades propostas são as que facilitam a memorização, como a repetição e a cópia.

Absorvidos tal como uma esponja retém líquido, os dados aprendidos são acumulados e fixados - e podem ser rearranjados quando outros conteúdos mais complexos aparecem.

Para John Locke, E suas investigações sobre o conhecimento o levaram a conceber um aprendizado coerente com sua mais famosa afirmação: “a mente humana é tabula rasa”, expressão latina análoga à ideia de uma tela em branco. "A razão, inicialmente, encontra-se apenas em potência na criança", diz Clenio Lago, da Universidade do Oeste de Santa Catarina. A crítica ao inatismo, realizada por Locke, levou a conceber a alma humana, no momento do nascimento como uma tábula rasa, uma espécie de papel em branco, no qual inicialmente nada se encontra escrito. Chega, se então, a conclusão de que, se o homem adulto possui conhecimento, se sua alma é um papel impresso, outros deverão ser o conteúdo: as ideias provenientes – todas – da experiência.

Deste ponto de vista, as crianças não eram nem inerentemente bom ou inerentemente mau. A natureza da criança e personalidade iria desenvolver ao longo da infância, um período de tempo durante o qual os educadores acreditavam que uma criança foi particularmente impressionáveis. Adultos que cercam uma criança poderia potencialmente ter um efeito muito duradouro sobre sua personalidade.

Do ponto de vista dos empiristas, caberia à escola formar um sujeito capaz de conhecer, julgar e agir segundo os critérios da razão, substituindo as respostas "erradas" absorvidas no contato com diversos meios (a religião, por exemplo) pelas "certas", já validadas pelos acadêmicos por seguirem os critérios científicos da época.

Sobre essa visão afirma-se “não ser uma visão errada, mas grosseiramente errada...”(POPPER, 1991, p. 160).

3- A Concepção Interacionista

A primeira coisa a saber é que os interacionistas valorizam a experiência. Acreditam que através dela a criança aprende a olhar as situações de diferentes perspectivas. Em especial, ela aprende que, para ir em frente na busca por certos objetivos, tem que considerar a resposta do outro, das pessoas com as quais interage, adulto ou criança, que indicam sua posição ou ponto de vista. Os interacionistas não concordam com os inatistas porque estes desprezam o papel do ambiente. Também não concordam com os ambientalistas porque estes ignoram fatores maturacionais. Os interacionistas levam em conta tanto os aspectos inatos quanto influências do ambiente no desenvolvimento humano. Para os interacionistas, é através da interação com outras pessoas mais experientes que a criança vai construindo suas características (sua maneira de pensar, sentir e agir) e sua visão de mundo (seu conhecimento).

3.1 – A Concepção Iinteracionista Construtivista

Piaget(1896-1980) formula o conceito de epigênese, argumentando que "o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas" (Piaget, 1976 apud Freitas 2000:64). Quer dizer, o processo evolutivo da filogenia humana tem uma origem biológica que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente - físico e social - que o rodeia (Coll, 1992; La Taille, 1992, 2003; Freitas, 2000.), significando entender com isso que as formas primitivas da mente, biologicamente constituídas, são reorganizadas pela psique socializada, ou seja, existe uma relação de interdependência entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.

Um conceito fundamental para entender o pensamento de Piaget é o de erro construtivo. Para o pesquisador, o erro é positivo e faz parte do desenvolvimento cognitivo da criança. Ele é visto como uma hipótese levantada pela criança para resolver um problema. Demonstra que ela está usando uma lógica própria para dar respostas aos seus conflitos cognitivos e utilizando seus próprios procedimentos para testar suas hipóteses. Trata-se, na verdade, de um esforço que a criança faz para aprender. Claro está que isso não significa que a criança deva aprender sozinha ou que ela seja impedida de errar. A intervenção pedagógica do professor é sempre necessária. Essa construção pela criança não ocorre por si mesma, no vazio, mas a partir de situações didáticas nas quais ela possa agir sobre o objeto do seu conhecimento e pensar sobre ele, recebendo ajuda, sendo desafiada a refletir e interagindo com outras pessoas.

Esse processo, por sua vez, se efetua através de um mecanismo auto-regulatório que consiste no processo de equilibração progressiva do organismo com o meio em que o indivíduo está inserido. Pode-se dizer que o "sujeito epistêmico" protagoniza o papel central do modelo piagetiano, pois a grande preocupação da teoria é desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem, desde o início da sua vida até a idade adulta. Nesse sentido, a compreensão dos mecanismos de constituição do conhecimento, na concepção de Piaget, equivale à compreensão dos mecanismos envolvidos na formação do pensamento lógico, matemático. Como lembra La Taille (1992:17), "(...) a lógica representa para Piaget a forma final do equilíbrio das ações. Ela é

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