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Resenha Beira Rio Beira Vida

Por:   •  28/12/2017  •  1.578 Palavras (7 Páginas)  •  912 Visualizações

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A descrição dos personagens de acordo com o autor move um direcionamento na construção da linguagem informal, pois se utiliza do cruzamento de vozes onde cada um fala de si mesmo. No entanto incrementa as divisões do foco do narrador observador mostrando que a vida nos cais de Parnaíba arbitrariamente sofrida. Uma curiosidade e que mesmo sendo prostituta Luiza conseguiu amar alguém já que ela só vivia lamentando da sorte. Este romance tematiza as desgraças dos cais parnaibanos.

As cenas descritas por Assis Brasil não obedece a um tempo cronológico, mas nem por isso perde o impacto da situação quando os leitores entram em contato com o mesmo. Problematizando e gerenciando teoricamente os grandes dilemas sociais vividos na época do romance o autor faz uma critica a organização do sistema, e isto leva a priorizar as desvantagens em ser prostitutas. A maioria da população recriminava esse ato porque achava uma indolência a violação moral. Na visão de Assis Brasil a vida nos portos de Parnaíba era sufocante, no entanto se intromete para vivenciar os diversos tipos de miséria. As pessoas não via perspectiva nenhuma na cidade, portanto era um regresso total. O texto nos dá uma dimensão do descaso público com as camadas inferiores, isso praticamente prevalece nos dias atuais fazendo projeção do que realmente acontece.

Beira Rio Beira vida tem características admiráveis para o contexto histórico da cidade de Parnaíba, pois enfatiza conteúdos da formação social para ampliar a magnitudes dos acontecimentos enraizados na questão da transição capitalista. Contudo o rio Parnaíba dimensiona a transigência e transcorre ao longo do poema como um vilão porque sua utilidade só faz a principal personagem sofrer levando o viajante que é útil a ela. Com isso mostra como a vida das prostitutas é extremamente difícil. No âmbito do social este livro apresenta todas as representações do que foram os cais da época. Segundo o autor o livro se sustenta em suas próprias vigas sem estremecimentos, os personagens são empurrados para dentro das paginas da sociedade por não possuírem nenhum grau de instrução. Analisando a estruturação do cais houve um embasamento no suporte da dessacralização das prostitutas.

A morte é considerada em Beira Rio Beira Vida como uma via para se repetir os mesmo erros. O passado não era esquecido depois da morte, os erros e pecados cometidos por essas pessoas acumulam-se sobre as próximas gerações. Nota-se isso com a morte de Cremilda, que morreu sozinha e bêbada, enterrada com dinheiro doado por um cliente de Luíza, sepultada sem a presença de um padre. Foi enterrada da mesma forma que sua mãe foi no passado, e assim também seria com Luiza. As condições da morte são próprias do meio de vida do cais, as emoções demonstradas na hora da perda se mostram comuns tanto quanto a empatia. Mostrando assim que a vida no cais para elas era dessa forma, viviam sozinhas e morriam sozinhas, esquecidas, deixando apenas a imagem suja da vergonha. Sendo assim em Beira rio Beira Vida percebe se que a morte não é temida, mas sim vista com um ciclo de renovação constante. Os estados de exclusão social em que vivem essas pessoas do cais os tornam invisíveis e insignificantes para o restante da sociedade, talvez por isto a morte não exista expectativa ou medo diante da morte, já que ela esta presente no seu dia-a-dia.

A sina do cais é a que castiga as prostitutas da cidade, também é a sina que castiga os desprovidos de Parnaíba. Os que se encontram bem posicionados economicamente ignoram toda a pobreza e as injustiças ali presente. O conservadorismo se faz presente na sociedade, sempre procurando esconder os escândalos, ignorando os menos desfavorecidos a favor da elite. O que acaba provocando insatisfação e desamparo de alguns. Esse mundo sem possibilidades pode ser evidenciado na forma em que a obra foi organizada, em que o final repete o começo, não acenando para possíveis alterações na vida dos personagens.

Assim identificamos que a obra de Assis Brasil é importante para entendermos o contexto social e econômico de Parnaíba, no século XX, mostrando a outra face desconhecida capitalista e oportunista da cidade. A obra desenvolve um importante papel dentro da literatura e da história piauiense por resgatar a cultura e momentos da história do Piauí.

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