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Resenha Crítica: A arte da vida

Por:   •  24/2/2018  •  Artigo  •  1.533 Palavras (7 Páginas)  •  714 Visualizações

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Resenha crítica

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Resenha crítica

BAUMAN, Zygmunt. “A arte da vida”. Editora Zahar. Rio de Janeiro. 231 p.

“A arte da vida” é uma obra escrita pelo sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), que durante mais de meio século foi um dos mais influentes observadores da realidade social e política. Bauman é descrito como um pessimista que entra no coro dos que criticam a pós-modernidade, em busca das causas do processo social perverso, no mundo das idéias do pensamento anti-capitalista. Em sua obra “A arte da vida” ele questiona o que há de errado com a felicidade da sociedade contemporânea, levando seus leitores a pensar em relação ao que conceituam felicidade e como ela é vivenciada, apontando para a satisfação parcial do homem e seu estado de satisfação.

Não temos o costume de demonstrar a importância que pode ser atribuída à pequenas alegrias cotidianas. O questionamento sobre o que torna o homem contemporâneo feliz temporariamente e o porquê da insatisfação da sociedade faz com que se possa refletir se não estamos sabotando a felicidade e se não é necessário primeiro compreender o que ela é, ao invés de satisfazer-se apenas com momentos felizes. Conforme se sabe, o homem tem apenas desejado uma felicidade plena de modo rápido, com momentos agradáveis que na maioria das vezes passam despercebidos. Queremos sucesso, bens, riqueza para melhorar nossa qualidade de vida. Temos desejo, o qual não é o mesmo que necessidade (aquilo que nos lança com força para algum lugar), pois vivemos numa época em que nossos desejos passam a frente de nossas carências, e nossas satisfações cumprem papel temporário em nosso dia-a-dia. Então, podemos dizer que nunca ninguém terá tudo o que quiser ter, pois notamos que nós mesmos nos iludimos com o desejo cumprido e, conforme Richard Layard citado por Bauman, não nos damos conta que nossa satisfação corre paralela ao nível do PNB, só cresce de modo significativo até o ponto em que carência e pobreza dão lugar a satisfação das necessidades essenciais, de sobrevivência.

Em seu livro Bauman coloca que a estratégia de tornar as pessoas mais felizes, aumentando suas rendas, aparentemente não funciona. Afirma que vivemos hoje com uma ideologia de consumo, que é possível uma vida melhor, mas muito difícil. Não queremos enxergar os indicadores e tendemos a nos orientar por aquilo que os outros fazem ao nosso redor; em uma loja, por exemplo, compra-se o telefone de modelo mais vendido, mesmo sem saber se será bom ou não, tudo de acordo com a nossa satisfação pessoal que, no momento em que é realizada, nos afasta da probabilidade dessa busca por felicidade um dia chegar ao fim. Assim como as políticas estabelecidas pelo governo faz de nós seus súditos, as necessidades se fazem mensageiras na nossa busca pela felicidade. Podemos até mesmo dizer que a era moderna diminuiu essa busca árdua e penosa, mas devemos nos perguntar se o crescimento econômico ou o aumento do produto nacional bruto tiveram os meios indicados para se alcançar essa eficácia na busca? Não. Conforme Bauman coloca, esse modo “foi escolhido erroneamente”, pois mesmo que o PNB cumpra ou não sua tarefa, devemos nos perguntar se o valor que se gasta será o crescimento ou o declínio da felicidade. Ora, existe um número crescente da busca pela felicidade consumidora, e esse fato nos faz ver que o consumismo animalesco povoa a sociedade e traz consigo um aumento enorme de uma vida carregada de angústias, incertezas e depressão psicológica. No dia-a-dia vivemos uma diversidade de circunstâncias que fazem de muitas pessoas dependentes, por exemplo, de antidepressivos; pois nos colocamos em situações consumidoras de energia que nos fazem reféns do sofrimento. Segundo Bauman, “nada disso deveria ser realmente novidade”, e cita o que relembrou Jean-Claude Michéa quando fala da conturbada publicação de Robert Kennedy, o qual se baseou nos dados do PNB, dizendo que o mesmo mede tudo, menos o que faz a vida do homem valer à pena; e sendo assassinado pouco tempo depois de mostrar sua intenção de recuperar o quanto é importante a vida valer a pena, e tendo passados 40 anos de sua morte, não se tem sinais que tenha havido grandes mudanças.

Bauman deixa claro que não é o consumo total de bens que garantem a felicidade, pois metade dos bens cruciais para a felicidade humana não tem preço. Não é num shopping que encontraremos uma família, com amor e aconchego e satisfação por cuidar de nossos filhos, ou a satisfação de ajudar um vizinho que está passando

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