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MOVIMENTO TENENTISTA (BORIS FAUSTO)

Por:   •  3/10/2017  •  1.948 Palavras (8 Páginas)  •  595 Visualizações

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movimento que não foi diretamente abraçado pela classe em questão.

Fausto segue colocando que a classe média não foi o principal agente beneficiário da revolução de 30, que por se tratar de um setor heterogêneo, subordinado a elite agrária e aos interesses da grande propriedade, era incapaz de comandar uma revolução.

Desta forma, o autor vem deixar claro em sua concepção que a revolução de 1930 põe fim à hegemonia da burguesia cafeeira, mas a oposição a essa hegemonia não é parte da burguesia industrial.

A formação social específica brasileira coloca uma complementaridade básica entre setor agrário e setor industrial; O tenentismo foi o centro mais importante do ataque a burguesia cafeeira, ao tempo que não pode ser reduzido como mero representante das classes médias;

As classes médias eram heterogêneas e o proletariado politicamente fraco; O agravamento das tensões na década de vinte, os conflitos eleitorais de 1930 e a crise econômica mundial que afetou o Brasil, motivam a formação de uma frente revolucionária difusa; Com o vazio de poder posterior que segundo o autor faz surgir um Estado de Compromisso, as Forças Armadas passam a ser sustentáculo decisivo do Estado; As relações do Estado com o movimento operário apontam para práticas populistas e o Estado interventor é condição para o desenvolvimento industrial.

Se nos primeiros anos o declínio dos preços internacionais do café gerou efeitos graves sobre o conjunto da economia brasileira, como a alta da inflação e uma crise fiscal sem precedentes, por outro também se verificou uma significativa expansão do setor cafeeiro e das atividades a ele vinculadas. Passados os primeiros momentos de dificuldades, o país conheceu um processo de crescimento expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929.

A variedade da agricultura, um maior desenvolvimento das atividades industriais, a expansão de empresas já existentes e o surgimento de novos estabelecimentos ligados a indústria de base foram importantes sinais do processo emaranhado, pelo qual passava a economia brasileira.

Ao lado destas mudanças observadas no quadro econômico processava-se a ampliação dos setores urbanos com o crescimento das camadas médias, da classe trabalhadora e a diversificação de interesses no interior das próprias elites econômicas.

Em seu conjunto estas transformações funcionariam como elementos de estímulo a alterações no quadro político vigente colocando em questionamento as bases do sistema oligárquico da Primeira República.

Com o golpe de 1930, houve a retirada das oligarquias paulistas do centro do poder político do Estado. No entanto, os setores sociais articulados ao golpe não conseguiram resolver a crise econômica que assolava o país e, também, não conseguiam dar legitimidade ao regime que estavam construindo.

Entre 1930 e 1937, percebe-se uma crise política e um momento de transição na estrutura do Estado e na sua forma de atuar.

O “vazio de poder” após o golpe foi resultado da cisão das oligarquias, da desestabilização do movimento dos militares e da debilidade política burguesia industrial.

Uma das explicações sobre o golpe, a de Edgar de Decca, sustenta que, o Partido Comunista, ao organizar o operariado de forma partidária, o fragilizou diante às classes dominantes. A repressão construída por essas elaborou um discurso vitorioso que ocultou a luta de classes por trás do golpe.

Apesar de não serem hegemônicos na época, os empresários brasileiros se tornaram atores estratégicos no esquema das alianças que ajudaram a consolidar o regime.

Durante o “vazio de poder”, as oligarquias disputaram o poder do Estado, este buscou governar acima dos regionalismos, tentando realizar uma política de centralização e nacionalização. Dessa forma, o Estado abriu caminho para a participação de setores da sociedade, não representando blocos regionais, mas sim, setores específicos.

Somente sob o Estado Novo, a partir de 1937 que o regime alcançaria a estabilidade política necessária para a estruturação do Estado e seu projeto de modernização conservadora. No período anterior, a tendência centralizadora do Estado ganhava forma ao haver a despolitização das forças armadas e o controle das elites políticas locais, no entanto, era necessário o estabelecimento de um consenso perante os liberais para a concretização do Estado autoritário.

No que se refere aos sindicatos, desde 1933, os sindicatos independentes e pluralistas já sofriam perseguição do Estado que tinha como projeto o sindicato colaborador do Estado. É nesse momento que se sai consagrado o sindicato corporativista.

Em 1935, estoura a Aliança Nacional Libertadora, com presença comunista e, abrangendo, no total, cerca de 100 mil membros. Ao enfrentar o governo, a ANL se sai perdedora, sua derrota gera pretexto para o projeto varguista de consolidar um Estado autoritário que teve como marco o ano de 1937.

Desta forma, começa o Estado Novo e a consolidação de um Estado autoritário, centralizador que engendrava o projeto de uma modernização conservadora onde estavam abarcadas a industrialização de base e a urbanização em torno dos grandes centros.

Só a partir da década de 1930 que a industrialização teve seu primeiro grande impulso. Afirmando pólos urbano-industriais como eixos da dinâmica econômica do país, o Estado assume um importante papel na economia.

O surto industrial foi muito favorecido pela de defesa realizada do café utilizando investimento interno, dessa forma, as contas externas foram equilibradas.

Mesmo ainda ligados a setores tradicionais da economia, o Estado do pós-30 não foi um Estado que barrou o avanço da indústria. Foi um Estado que não se prendeu aos interesses regionalistas.

Por voltas das décadas de 1930 e 1940, no Brasil houve o esboço de uma industrialização pesada, limitada, mas que foi a base dessa industrialização que definiu a política econômica do Estado como nacional e capitalista.

Essa prática econômica esteve paralelamente ligada à desarticulação das regras do jogo da política econômica tradicionalmente agroexportadora. Dessa forma, o Estado criou condições institucionais para o alargamento das atividades relacionadas ao mercado interno.

As mudanças na estrutura produtiva foram essenciais para o desenvolvimento do projeto industrializante diante um quadro de dificuldades de financiamento. A proteção tarifária,

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