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Fichamento Glenisson Balanço Patrimonial Gerencial

Por:   •  26/6/2018  •  1.409 Palavras (6 Páginas)  •  240 Visualizações

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Na construção de seu argumento, Glénisson historiciza o processo de periodização da historiografia (especificamente da historiografia europeia nascida com os historiadores cristãos). Das divisões teológicas das dinastias, passa-se às “idades” bíblicas e, enfim, chega-se à noção ainda em uso de antiguidade e modernidade. Algumas páginas são dedicadas à historicizar o nascimento e a solidificação das concepções de Idade Média e de Renascimento.

Daí, o autor passa a considerações gerais sobre a periodização. Uma das questões é o estabelecimento de datas ou marcos de ruptura entre um período e outro. A polêmica em torno dos marcos é relativa ao estabelecimento de acontecimentos considerados cruciais: qual a natureza dos fenômenos mais importantes para a ruptura? O que foi mais crucial: um fenômeno político, econômico, social, cultural? Há uma hierarquia geral ou depende de cada época? É possível iniciar um período com um fenômeno de uma natureza e determinar seu fim utilizando outro critério? A mudança se dá de forma brusca ou é lentamente gestada? Se assim for, cria-se a noção de períodos de transição e o problema – todo período não seria um período de transição? É possível uma ruptura total com o passado? Quando se estabelece um período se enfatiza as características que duram neste tempo. Mas como trabalhar com a diversidade humana dentro do período (nem todos possuem as mesmas características)?

O autor não tem a intenção de responder estas questões: seu objetivo é familiarizar o estudante com estas problemáticas e demonstrar como alguns historiadores tem lidado com o tema. Assim, ele irá trazer, sumariamente, estas discussões no campo da história econômica, história das ideias, teoria marxista, história das mentalidades. Discute também o problema da divisão entre história e pré-história e a categoria de geração também entendida como uma periodização da história, especialmente cara à história das mentalidades. Ao final do texto, trata muito brevemente da questão da história universal e das periodizações europeias.

Glénisson dialoga bastante com a perspectiva dos historiadores dos Annales, especialmente Phillip Ariès, Marc Bloch e Fernand Braudel. Utiliza também historiografia antiga e medieval, como os textos de Heródoto, Tucídides, Santo Agostinho, para citar os mais populares. Quando menciona as populações primitivas, utiliza antropólogos contemporâneos. Além disso, utiliza como fonte historiadores especialistas nas áreas que cita – história econômica, marxismo, etc.

Chama atenção em seu texto a hierarquização das concepções de tempo: as sociedades que hoje chamamos de tradicionais e possuem noções diferentes do tempo linear e/ou cronológico são tidas como atrasadas. Embora se possa compreender estes valores para a época e os propósitos do autor, é instigante pensar em como uma historiografia que se pretenda de fato plural e não colonizada pode lidar com esta multiplicidade de concepções temporais.

Além disso, os problemas que ele apresenta para a periodização são realmente complexos. Como lidamos com a hierarquização dos fenômenos e com a heterogeneidade das realidades, dos tempos históricos, dos pontos de vista – tanto na pesquisa quanto no ensino de história? Como estabelecer um período e, ao mesmo tempo, lidar com o combate à concepção de história única? É possível uma periodização – e logo uma história – universal? Daqui para frente, como estabelecer novas periodizações para a história que fujam da lógica eurocêntrica? Se as noções temporais cronológicas não são naturais, como ajudar os estudantes a desenvolvê-las?

E, finalmente, como abordar os conteúdos no ensino de história: a partir das sequências cronológicas ou a partir de problemáticas (atuais ou não). Uma abordagem exclui a outra? É possível que os estudantes discutam problemáticas atuais levando em consideração a perspectiva histórica sem necessariamente dominarem as estruturas cronológicas e a periodização em voga para a história ocidental?

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