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FILOSOFIAS DA HISTÓRIA NO SÉCULO XIX: KARL MARX E A DIALÉTICA MATERIALISTA

Por:   •  7/5/2018  •  3.216 Palavras (13 Páginas)  •  424 Visualizações

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Em agosto de 1844, acusados por Bruno Bauer de transformar o proletariado numa “classe de deuses”, Marx e Engels se defenderam escrevendo a primeira obra conjunta “A Sagrada Família” com o subtítulo esclarecedor: “Contra Bruno Bauer e consortes”, em que acusava Bauer de se prender ao aspecto superado da filosofia de Hegel: “o seu sentido puramente especulativo, o seu caráter abstrato, idealista. Sendo filósofos de gabinete”.[3]

Marx é obrigado a sair de Paris em fevereiro de 1845 e se instala com sua família em Bruxelas, se comprometendo com o governo belga a não publicar nenhum artigo sobre a política nacional ou internacional.

Em Bruxelas, refletindo sobre o materialismo redige as “Teses sobre Feuerbach”, onde afirma: “Toda vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que desviam a teoria em direção ao misticismo têm a solução racional na pratica humana e na compreensão da pratica (...) os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo de diversas maneiras, mas o que interessa e transformá-lo”[4]

E em parceria com Engels redige “A Ideologia Alemã” (que também só veio a ser publicado em 1932). Nela, os filósofos desenvolveram as primeiras formulações da concepção da historia de ambos. Sua critica a ideologia geral em particular a alemã, destinava principalmente as ideias de Feuerbach e dos jovens hegelianos, que criticavam o mundo apenas no terreno das idéias, sem se preocupar com a realidade material que os cerca:

“[...] o primeiro pressuposto de toda a existência humana e, portanto, de toda a História, é que os homens devem estar em condições de viver para poder ‘fazer história’. Mas, para viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas mais. O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação destas necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este é um ato histórico, uma condição fundamental de toda história, que ainda hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprido todos os dias e todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos. ” [5]

Com suas ideias mais bem definidas, Marx passou a atividade prática, aproximando-se mais do movimento operário e filiando-se a “Liga dos Justos” (oriunda da Liga dos Proscritos), uma organização de emigrados alemães, que realizou um congresso em Londres em 1947, onde passou a se chamar “Liga dos Comunistas” sob a adoção do lema “proletários de todos os países, uni-vos! ”.

Foi no segundo Congresso da Liga dos Comunistas, em novembro de 1847, em Londres, que Marx ficou encarregado de redigir um programa teórico e prático detalhado do Partido Comunista, expondo seus princípios e objetivos, e que utilizava de base o texto em forma de perguntas e respostas de Engels “Os princípios do comunismo”.

Com um texto breve, seguido de quatro capítulos, esse programa escrito em alemão foi publicado em Londres, no final de fevereiro de 1848 e se tornaria um marco na história do movimento operário mundial e uma amostra das ideias essências de Marx. A partir da publicação desse programa o comunismo deixava de ser um fantasma, tomava forma e traçava seus objetivos históricos.

OBJETIVOS DOS TEXTOS

A Ideologia Alemã crítica a Novíssima Filosofia Alemã e seus representantes Feuerbach, Bruno Bauer, Stener e o socialismo alemão. Com a obra Marx e Engels buscam elaborar a concepção materialista da história como base filosófica da teoria do comunismo cientifico e demonstrar a oposição entre as concepções materialistas e idealistas, tentam demonstrar que a crítica alemã não foi além da filosofia e que sempre se voltava a uma filosofia da história mística seguindo os padrões hegelianos e sua teleologia religiosa. Com este trabalho os autores não só realizam a crítica, mas demonstram seus entendimentos sobre os caminhos que o comunismo deve tomar, dando atenção a práxis e compreendendo que o pensamento deve surgir do homem e não de uma vontade superior, a crítica sempre demonstra como a pura filosofia de forma alguma pode alterar a realidade, mas sim a realidade material que irá transformar o entendimento filosófico. O pensamento teleológico é compartilhado pelas duas linhas do pensar, porem enquanto o pensamento hegeliano acredita que o fio condutor da história é algo já existente e inerente à vontade humana e que o fim da história se encontrara em um estado de perfeição religiosa se assemelhando ao paraíso o pensamento de Marx e Engels demonstra que o fio condutor da história é o próprio homem, ou seja, as etapas de organização da vida humana formam as bases para uma nova geração que se aproveita do que já foi construído e o transfora se baseando em suas necessidades materiais. O homem se torna o fio condutor da história e o fim da história deve se encontrar no início da história mundial, o comunismo para Marx e Engels não era um estado que deve ser criado, ou um ideal pelo qual a realidade terá de ser conduzida. Nesse sistema a estrutura social seria de um proletariado histórico-universal em que a existência dos indivíduos estaria vinculada a história universal, e para entender estes pontos os autores discutem pressupostos que são ignorados pelos hegelianos que os consideram pura falácia, enquanto que para eles são pontos muito importantes que devem ser discutidos de forma empírica estes três pontos são:

A vida humana é a existência de seres humanos vivos, este ponto demonstra que os homens se diferenciam dos animais não só por possuírem a consciência de que existem, mas por serem conscientes das relações humanas e produzirem em um sistema social, e as subdivisões do trabalho são responsáveis por criar as primeiras noções de propriedade que primeiro surge no seio da família e que mais adiante se encontra no seio da vida tribal onde o interesse comunitário já começa a se apresentar abaixo de uma hierarquia de trabalho.

O segundo ponto demonstra que a propriedade comunal é a união de várias tribos que por necessidade de organização material devido ao âmbito natural criam um governo em uma cidade, nessa cidade a forma de trabalho é a escravidão, e a propriedade privada já se mostra superior a coletiva que passa a ser apenas uma forma de acalmar os anseios das classes exploradas, o fio condutor do homem nesta etapa é a guerra. (Roma).

A terceira forma é a organização medieval feudal, onde o material obedecia a necessidade tanto no campo quanto na cidade, toda a produção era voltada apenas para entender as necessidades básicas da vida quotidiana, porém com o surgimento da classe

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