PRODUZIR NAS MARGENS: O USO DA ÁGUA NA PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS NO MUNICÍPIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA-GO
Por: Salezio.Francisco • 23/9/2018 • 4.873 Palavras (20 Páginas) • 295 Visualizações
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Aparecida de Goiânia, com área de 288,30 km2, localiza-se na microrregião de Goiânia. O trabalho de campo foi realizado em 10 propriedades localizadas nesse município, entre os dias 10 e 19 de maio de 2015, o que serviu para o levantamento de dados primários sobre o sistema produtivo, com aplicação de questionários aos horticultores. O Quadro 1 sintetiza os temas abordados no questionário aplicado durante o campo.
Quadro 1 – Síntese do questionário aplicado no trabalho de campo
Estabelecimento
Propriedade, área/tamanho, localização geográfica
Produção
Tipo de produtos, volume, frequência, irrigação e uso da água
Técnicas
Máquinas e equipamentos, insumos, defensivos, assistência técnica
Trabalhadores
Quantidade, membros da família, contratados, média salarial
Mercado consumidor
Locais de venda, distribuidor, preços praticados
Poder público
Apoio técnico, impostos/tributos, linhas de crédito e financiamento.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Posteriormente, realizou-se a manipulação e interpretação dos dados. A partir das coordenadas geográficas de pontos coletados em campo, com aparelho receptor GNSS(Global Navigation Satellite System), foram geradas imagens aéreas para visualização e construção de mapa temático, identificando as áreas de produção e os recursos hídricos próximos.
A produção de hortaliças e a agricultura familiar
Em 2013, o volume de hortifrutigranjeiros (hortaliças, frutas, aves e ovos etc.) ofertado nas Centrais de Abastecimento de Goiás foi de 873.310,15 toneladas. Somente o grupo das hortaliças (folhas, flor e haste; hortaliças frutos e raízes, tubérculos e bulbos) somou um volume de 455.375,47 toneladas, ou seja, 52,14% da oferta geral, e movimentou R$ 828,2 milhões de reais. Conforme pode ser observado na Tabela 1, o volume de folhas, flor e haste ofertadas na CEASA-GO foi de 48.670,26 toneladas, o que gerou uma receita de R$ 51,9 milhões de reais.
Tabela 1 – Oferta de hortaliças, por subgrupos na Ceasa-GO, em 2013.
Subgrupo
Volume (tonelada)
Valor em 1.000 reais (R$)
Folhas, flor e haste
48.670,26
51.911.351,00
Fruto
195.963,97
390.130.494,20
Raízes, tubérculos e bulbos
210.741,24
386.214.058,69
Total de hortaliças
455.375,47
828.255.903,89
Fonte: DIVTEC/CEASA. Análise Conjuntural, 2013.
Segundo os dados da Análise Conjuntural de 2013, somente a microrregião de Goiânia foi responsável por 23,87% da oferta total de hortaliças do estado na CEASA-GO, um volume de 108.690,94 toneladas. A justificativa para essa concentração espacial é o fato de serem produtos perecíveis em curto prazo de tempo, necessitando de locais de cultivo próximos dos mercados consumidores.
Apesar de representativo, esses dados não contemplam a produção ofertada diretamente aos consumidores nas feiras livres. Esse canal de comercialização é representativo na Grande Goiânia, devido ao expressivo número de feiras nos bairros com produtos hortifrúti, o que nos faz acreditar que o volume de hortaliças ofertadas seja ainda maior para abastecer os centros urbanos. Rocha et al. (2010), apontam como fatores para a popularização das feiras a oportunidade dos consumidores adquirirem alimentos frescos, com preços mais acessíveis, e produtos com qualidade, produzidos de forma menos intensiva e “livres” de defensivos agrícolas.
O município de Aparecida de Goiânia, por exemplo, contribuiu com 120,989 toneladas de produtos hortifrutigranjeiros nas Centrais de Abastecimento de Goiás, em 2013, o que resultou em um montante de R$754.182,51. Entre os principais produtos ofertados por esse município, em volume, apareceu o alho chinês (76.550 Kg), abóbora japonesa (28.600 Kg), ovo branco (5.200 unidades), maracujá azedo (3.624 Kg), alho nacional (3.500 Kg) e pimenta malagueta (1.345 Kg), de acordo com os dados da CEASA-GO (2013).
Nessa relação, não configura o alface, couve, repolho, couve-flor, entre outros produtos cultivados próximos aos córregos desse município visando à demanda da Grande Goiânia. Essa região, devido à sua concentração populacional, apresenta uma grande demanda por esses gêneros alimentícios.
A Lei Complementar nº 78, de 25 de março de 2010, determina que a Região Metropolitana de Goiânia (RMG), denominada de Grande Goiânia, seja compreendida por vinte municípios: Goiânia e municípios próximos da capital estadual (GOIÁS, 2010). Assim, a RMG ocupa uma área de 7.397,203 km², com uma população estimada em 2014 de 2.384.560 habitantes, correspondendo por 36,5% da população estadual (IBGE, 2014).
Em 2010, Goiânia com 1.302.001 habitantes, com uma taxa de urbanização de 99,6%, Aparecida de Goiânia com 455.657 pessoas, sendo 99,8% urbana, Trindade com 104.488 (95,8% urbana) e Senador Canedo com 84.443 habitantes (99,6% urbana), são os municípios mais populosos dessa região e com as maiores taxas de urbanização (Figura 1).
Essa concentração populacional e a expansão do mercado consumidor aumenta a demanda de alimentos para abastecer feiras e supermercados. Em muitos casos, a agricultura familiar tem se encarregado de produzir os artigos alimentícios pouco valorizados no comércio internacional e mais voltados para o mercado doméstico, destinando sua produção principalmente para as populações urbanas.
Figura 1: Mapa dos munícipios da RMG com indicação
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