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O ENSINO DA GRAMÁTICA NAS ESCOLAS

Por:   •  12/10/2018  •  2.138 Palavras (9 Páginas)  •  354 Visualizações

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2 desenvolvimento

Nas primeiras séries iniciais, o aluno que ingressa à escola, já possui habilidades linguísticas de comportamento na fala, portanto presume-se que ele já saiba conjugar e declinar sem que haja necessariamente um aprendizado sistemático como é o caso das regras gramaticais, pois ele traz consigo todo um saber prévio e que deve ser considerado pelo professor na sala de aula. O ensino da gramática deve ser desenvolvida a partir do pensamento da própria criança, quando a aprendizagem vai surgindo pela experiência e descobertas de forma interativa, coletiva e contextualizada. Vygostsky (1989) enfatiza o seguinte: "O estudo da gramática é de grande importância para o desenvolvimento mental da criança".

A função da escola no ensino gramatical nas séries iniciais pretende ensinar habilidades principalmente de leitura e a escrita. Para isso, se vale da gramática tradicional como ponto de partida e que centraliza a aprendizagem como estratégia de desenvolvimento para o domínio da língua materna. Porém, esta metodologia tem sido criticada por especialistas, pois acreditam que a gramática não tem sido eficaz para desenvolver competência interpretativa e linguística dos alunos, o que pode torna-la inútil pois deixa de aplicar outros itens importantes ao aperfeiçoamento para o domínio da linguagem. Bagno ressalta (1999, p.107-108);

Esse ensino [...] em vez de incentivar o uso das habilidades linguísticas do indivíduo, deixando-o expressar-se livremente para somente depois corrigir sua fala ou sua escrita, age exatamente ao contrário: interrompe o fluxo natural da expressão e da comunicação com a atitude corretiva (e muitas vezes punitiva) cuja consequência inevitável é a criação de um sistema de incapacidade, de incompetência.

As discussões em torno da gramática no ensino, por muito tempo fora estudada de maneira descontextualizada em uma visão tradicional, repassada e reforçada pela própria escola. Perini (1997, p.1) define sobre este assunto de forma a enfatizar o equívoco de como é utilizada o ensino gramatical:

“Saber gramática”, ou mesmo “saber português”, é geralmente considerado privilégio de poucos. Raras pessoas se atrevem a dizer que conhecem a língua. Tendemos a achar, em vez, que falamos “de qualquer jeito”, sem regras definidas. Dois fatores principais contribuem para essa convicção tão generalizada: primeiro o fato de que falamos com uma facilidade muito grande, de certo modo sem pensar (...), e estamos acostumados a associar conhecimento a uma reflexão consciente, laboriosa e vezes dolorosa. Segundo, o ensino escolar nos inculcou, durante longos anos, a ideia de que não conhecemos a nossa língua, repetidos fracassos em redações, exercícios e provas não fizeram nada para diminuir esse complexo.

Possenti (1996) diz que o papel da escola é o de ensinar a língua padrão, uma vez que as crianças adquirem e utilizam a língua de maneira natural e ressalta que o aluno precisa ser preparado para que ele reconheça e use a língua adequadamente a contextos diferentes. Portanto, a escola é responsável pela transmissão da norma de maior prestígio sociocultural, norma culta, existentes nos dicionários e gramáticas, na literatura, jornais, revistas e na redação dos documentos oficiais do país, de tal forma a ser utilizada pelos alunos fluentemente, de acordo com exigência nas situações variadas.

Quando se refere ao ensino da Língua Portuguesa, geralmente associa-se a redação ou a gramática. Mas qual é o papel da escola realmente quanto ao ensino do português nas salas de aula? A postura do professor é conveniente ao ensino/aprendizagem em relação ao aluno sobre as questões da língua escrita? Os Alunos aprendem a contento de acordo com as leis da educação brasileira?

É fato que a criança aprende ouvindo as outras pessoas e com isso vão acumulando experiências linguísticas por conta própria, e sabe-se que naturalmente vai desenvolvendo sem que haja muita intervenção do adulto para corrigi-la, diferente do professor de português que usa a gramática para estabelecer o que é certo ou errado. Se é verdade que a criança interage com outras crianças, com o mundo a sua volta desde cedo, como se comunicar através de historinhas, musiquinhas, brincadeiras e jogos inter-relacionando-os com regras onde há vencedores ou perdedores, com essa mesma língua usada não escola não consegue aprender os ensinamentos da língua padrão na sala de aula.

Na realidade, a escola acaba ensinando algo fora do contexto linguístico da criança, o que desconsidera sua vida tão rica de imaginações e falares diferentes, em nome de uma ideologia dominante como sendo a língua culta e bela através das regras estabelecidas e reforçada pelo professor.

A questão que se coloca, em face disso, é trágica, mas não é difícil de ser posta. A escola brasileira, ainda que pseudodemocratizada, no que diz respeito à língua materna, persegue, no geral, a tradição normativo-prescritiva... A consequência disso para quem tenha algum verniz de formação linguística é óbvia: muitas e variadas falas, muitas e variadas normas chegam à escola e essa persegue ainda um ideal normativo tradicional. A grande maioria cala e tem que deixar a escola para lutar pela sobrevivência quotidiana e continuará subalterno, na sociedade que se reproduz de geração a geração, deixando o poder e a voz com aqueles que, por herança, já os adquiriram. (SILVA, 1997, p.33)

A educação de um modo geral deve entender o seu aluno, e não fazer oposição (como parece ser) do conhecimento de língua que ele traz consigo, estabelecendo de modo a complementar o que já possui principalmente no desenvolvimento da leitura escrita e analítica para compreensão de textos e reflexão da própria linguagem e das normas gramaticais como ferramentas de habilidades a serem adquiridas para uma vida social e profissional.

Uma das medidas para que esse grau de utilização efetiva da língua escrita possa ser atingido é escrever e ler constantemente, inclusive nas próprias aulas de português. Ler e escrever não são tarefas extras que possam ser sugeridas aos alunos como lição de casa e atitude de vida, mas atividades essenciais ao ensino da língua. (POSSENTI, 1996, p.20)

Por outro lado, o professor de português depara-se com muitas dificuldades em seu meio social, uma delas é o estereótipo do profissional que é obrigado a saber tudo sobre a língua, inclusive a ortografia e os significados das palavras. Outras questões como

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