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Platão e Aristoteles

Por:   •  10/1/2018  •  4.295 Palavras (18 Páginas)  •  229 Visualizações

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As transformações entre os três primeiros elementos, cujos sólidos correspondentes são formados por triângulos, se daria por separação e reagrupamento desses triângulos; a terra seria mais estável também por fugir a essa “regra“.

A existência de um quinto sólido regular, o dodecaedro, foi um segredo zelosamente guardado pelos pitagóricos. Mais tarde ele foi associado à 'quintessência', material sutil e incorruptível que compunha as regiões mais externas, afastadas, do universo. (Essa idéia perdurou, de certa forma, até o início dos anos 1900, com a noção de éter, que seria o meio onde se propagavam os ondas eletromagnéticas − e só foi desprovada com a célebre experiência de Michelson e Morley.)

[pic 2]

As explicações fornecidas por Platão para as propriedades dos materiais, baseadas na sua 'Química', são em parte engenhosas, em parte arbitrárias. Por exemplo, sobre os metais: eles contém a natureza da água e, por isso, fundem. O ouro, o mais denso, é formado pelas partes mais finas e uniformes e endurecido por filtração através das pedras. O cobre contém um pouco de terra, portanto é mais duro, apesar de ser mais leve, pois contém interstícios...

O espaço, informe e permanente, toma a forma dos elementos e é esta que pode se alterar.

A atitude de Platão, típica da filosofia grega, quanto às teorias sobre o mundo natural é que elas devem ser coerentes em sua lógica interna e, acima de tudo, intelectualmente elegantes; a verossimilhança no cotejo com a realidade física, basta que seja aparente ou razoável. Em particular, não existe a noção de verificação experimental de uma teoria e não há, geralmente, qualquer expectativa de aplicação prática. Pensar é a função do filósofo; fazer é o trabalho do artesão:

“Timeu - (...) Então, Sócrates, se houver muitos pormenores em muitas questões relativas aos deuses e à gênese do mundo acerca dos quais não formos capazes de fornecer explicações absolutamente e perfeitamente coerentes e exatas, não te admires; mas, se fornecermos explicações que não sejam inferiores a nenhuma em verossimilhança. teremos de contentar-nos, lembrando-nos de que eu, que falo, e vós que julgais não passamos de homens e que em semelhante assunto, convém aceitar o mito verossímil, sem procurar nada mais além.

Sócrates - Perfeito, Timeu. e não podemos deixar de aprovar o teu pedido. Acolhemos o teu prelúdio com admiração: executa agora o teu trecho sem interrupção.

Timeu - Digamos agora por que causa aquele que formou o devir e o universo os formou. Ele era bom e naquele que é bom nunca nasce inveja seja pelo que for. Isento de inveja. ele quis que todas as coisas fossem, na medida do possível, semelhantes a si mesmo.(...)“

(...)

[Fogo e triângulos] “Primeiro, é evidente para todos que o fogo, a terra, a água e o ar são corpos. Ora, o gênero corpóreo tem sempre profundidade, e a profundidade é necessariamente envolvida pela natureza da superfície, e toda a superfície de formação retilínea é composta por triângulos. (...) Tal é a origem que atribuímos ao fogo e aos outros corpos, segundo o método que combina a verossimilhança com a necessidade. Quanto às origens ainda mais remotas, só Deus e os homens que ele favorece as conhecem.“

[Justificativa...] Quando, para repousar, se abandona o estudo dos seres eternos e se recorre ao inocente prazer de considerar as razões verossímeis daquilo que nasce, obtém-se na vida uma diversão moderada e sábia. Foi a esta diversão que nos entregamos e vamos continuar a expor sobre os mesmos assuntos uma série de opiniões verossímeis.

[Granizo,..., orvalho] “A água misturada com o fogo, que é fina e líquida por causa da sua mobilidade e do caminho que percorre rolando sobre o solo, que lhe vale o nome de líquido, e que, por outro lado, é mole, porque as suas bases, menos estáveis que as da terra, cedem facilmente; quando esta água vem a separar-se do fogo e do ar e a ficar só, torna-se mais homogênea e comprime-se em conseqüência da saída destes dois corpos. E, assim condensada, torna-se granizo, se for sobretudo acima da terra que sofre esta modificação; e gelo, se a modificação ocorre à superfície da terra. Se a modificação é incompleta e a água ainda só esta meio congelada, em cima da terra toma o nome de neve; e de geada branca, se se formar a partir do orvalho à superfície da terra.“

[“Sucos” vegetais] “A maior parte das formas de água misturadas umas com as outras, e destiladas através das plantas que a terra produz recebeu o nome geral de sucos. Quatro espécies. contendo fogo e particularmente límpidas. receberam nome. Entre estas. a que aquece a alma ao mesmo tempo que o corpo é o vinho. A que é lisa e divide a corrente visual e que, por causa disso. parece brilhante. luzidia e untuosa à vista é a espécie oleosa, pez, óleo de rícino, azeite propriamente dito e todos os outros sucos dotados das mesmas propriedades. A que dilata, tanto quanto a natureza comporta, os poros contraídos da boca e, graças a esta propriedade, produz uma sensação de doçura, recebeu geralmente o nome de mel. Enfim, a que dissolve a carne queimando-a. espécie de espuma distinta de todos os outros sucos, foi chamada agraço (suco de uva verde, ácido).“ ['Suco' é, em grego, chymós, o que fornece outra hipótese para a origem da palavra 'química'.]

[Barro e outras pedras] “Quanto às espécies de terra, a que se purificou atravessando água, torna-se um corpo pedregoso da maneira que vou dizer. Quando a água que nela se encontra misturada se divide na mistura, toma a forma do ar, e o ar assim produzido eleva-se até ao lugar que lhe é próprio. Mas, como não há vazio por cima deles, este ar empurra o ar circundante. Quando este, que é pesado se espalhou à volta da massa de terra, sob o impulso, comprime-a violentamente empurra-a em direção aos lugares donde saiu o ar recentemente formado. Então, a terra, comprimida pelo ar de maneira que a água não pode dissolvê-la, forma uma pedra, sendo a mais bela a pedra transparente formada por partes iguais e homogêneas, e a mais feia a que tem as qualidades contrárias. A espécie que, sob a rápida ação do fogo, foi despojada em toda a sua umidade que forma um corpo mais quebradiço do que a precedente é o chamado barro. Outras duas substâncias que, em conseqüência da mistura, também perderam uma grande quantidade de água. mas têm partículas de terra mais fina e um gosto salino, tornam-se meio sólidas e solúveis de novo

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