Aristoteles
Por: SonSolimar • 19/2/2018 • 2.265 Palavras (10 Páginas) • 294 Visualizações
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Capítulo III
Outra questão que se apresenta é o rompimento da amizade. Será que é de alguma forma errado romper uma amizade baseada na utilidade ou no prazer quando nossos amigos já não possuem os atributos que existiam quando a amizade foi estabelecida? Talvez se possa dizer que não, pois já que a amizade foi construída nestes termos, quando tudo deixa de existir consequentemente a amizade também acaba. Sendo assim a culpa permanece para aquele que se deixou enganar, achando que era amado por seu caráter.
De acordo com Aristóteles não se pode amar todas as coisas, e sim somente o que é bom, o que é mau não pode e não deve ser amado. Levando isso em consideração devemos romper a amizade com um homem assim que ele se torna mal? Se puderem se regenerar, devemos tentar ajudá-los, mais do que nas questões materiais, pois isso é mais característico da amizade, mas se a regeneração não for possível, é justo que o amigo que se revelou ser mau seja abandonado. Entretanto, uma amizade passada deve ser sempre lembrada e considerada, desde que o rompimento não tenha ocorrido por um excesso de maldade.
Capítulo IV
Surge em consequência às relações amigáveis entre semelhantes que por sua vez são oriundas das relações de uma pessoa para consigo mesma, cada um tem seu próprio entendimento de o que vem a ser um amigo. Com efeito definimos um amigo como aquele que deseja e faz, ou parece desejar e fazer o bem no interesse de seu amigo, como por exemplo as mães para com seus filhos. É por estas características que a amizade é definida.
Aristóteles nos diz que neste aspecto, as disposições de caráter de cada um têm um papel fundamental nesse entendimento, pois a pessoa boa tem opiniões harmônicas, e ela tem desejos bons tanto em relação a si própria como em relação aos outros, os maus como não costumam ter nada de louvável neles mesmos, não nutrem nenhum sentimento de amor por si próprio, por isso nunca parecem ter nenhuma disposição de amizade para com ninguém. Deste modo devemos evitar ser mal, e procurar a bondade porque só assim seremos amigos de nós mesmos e de outros.
CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM[pic 7]
Curso de Direito
[pic 8]
Capítulo V
Existe neste meio a benevolência que nada mais é do que um ato amigável, mas não se confundi com a amizade visto que podemos pois podemos senti-la com relação a pessoas que não conhecemos, passando a sentir uma boa disposição para com elas. A benevolência surge como um começo de amizade, como o deleitar dos olhos é o começo do amor. Neste sentido não é possível que duas pessoas sejam amigas se antes não sentirem a benevolência uma para com a outra.
Em geral a benevolência aparece em virtude de circunstâncias de alguma excelência ou mérito, e assim pode-se dizer que a benevolência é uma amizade inativa; tornando-se amizade verdadeira quando se prolonga e chega ao ponto de intimidade.
Capítulo VI
Diante de tudo isso se apresenta para nós o aspecto de unanimidade que tem como conceito ser uma relação amigável. A unanimidade não representa a identidade de opinião e tampouco pode-se dizer que todos que tenham a mesma opinião são unânimes. A conformidade de opinião é uma relação amigável, como a existente entre os moradores de uma cidade, quando as pessoas têm a mesma opinião sobre o que é de seu interesse, escolhem as mesmas ações e fazem em comum o que decidiram. A unanimidade se apresenta de certa forma como amizade política.
Esta unanimidade pode ser encontrada entre as pessoas boas, as que desejam o que é justo e vantajoso, sendo estes os objetivos de seus esforços conjuntos. Em contraste, os homens maus não conseguem se colocar de acordo entre si, e a discórdia suscitada acabará resultando em dissipação do patrimônio comum.
Capítulo VII
Temos o aspecto da benfeitoria. Os benfeitores amam mais as pessoas a quem fizeram bem, do que estas amam os seus benfeitores, e isto se dá porque uns se encontram na posição de devedor e outros de credor. Elenco segundo diz Aristóteles que os benfeitores desejam longa vida ao objeto de suas boas ações, assim dessa forma poderá contar futuramente com a sua gratidão.[pic 9]
O benfeitor aprecia aquilo que depende de sua ação, e assim se alegra com o objeto de sua ação. E para concluir digo-lhes que todos os homens tem mais amor ao objeto adquirido com seu trabalho. É por isso que os que construíram seu patrimônio com esforço próprio amam-no mais do que aqueles que recebem heranças. E também é por isso que as mães parecem ter mais amor aos seus filhos do que os pais; gerar os filhos é bem mais custoso às mães. Este último aplica-se diretamente ao benfeitor.
Capítulo VIII
Coloca-se também em discussão se uma pessoa deve amar acima de todas as coisas a si mesma ou a uma outra pessoa? Aqueles que amam mais a si mesmos são criticados e são considerados homens maus porque fazem tudo por seu próprio interesse. Além disso, uma pessoa tem ou não domínio sobre si mesmo na medida em que a razão domina ou deixa de dominar nele. Segue-se que a razão é o próprio homem, e que o homem bom ama essa sua parte que obedece ao racional, acima de tudo. Concluindo, a pessoa boa deve ser amiga de si mesma, pois isso beneficiará tanto a ela mesma quanto ao seu próximo. Em contraste, as pessoas más prejudicariam a si e ao próximo, posto que estariam abandonadas às suas paixões. Portanto diz-se que o homem bom deve ser amigo de si mesmo primeiro.
Capítulo IX
Questionemos se o homem feliz precisa ou não de amigos. Obviamente necessita deles, vez que os amigos são considerados os maiores bens exteriores. E, conforme dito acima, o homem bom precisará de pessoas a quem possa fazer bem. O homem feliz deve ter uma vida agradável, e se fosse ele solitário a vida lhe seria penosa. A existência de uma pessoa boa é desejável porque ela consegue perceber a sua própria bondade, sendo isso agradável em si. Igualmente, o significado da convivência para os seres humanos é a consciência da existência de um amigo, com quem se vive junto e com quem se compartilham discussões e pensamentos, em oposição, por exemplo, ao gado que pasta junto no mesmo lugar e não possui pensamento nem consciência.
Em
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