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Pensadores pré-socráticos

Por:   •  23/7/2017  •  4.260 Palavras (18 Páginas)  •  436 Visualizações

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Para explicar a origem do movimento, Anaxágoras atribui-o ao que se chama de “Nous” (espírito, entendimento, inteligência). O Nous seria uma força de natureza imaterial capaz de comandar as coisas, ou seja, a causa motora e ordenadora que promove a separação dos elementos contidos no "magma" original. Pode-se dizer, portanto, de forma resumida, que a inteligência é a causa do movimento. É preciso ressaltar, ainda, que filósofos como Platão e Aristóteles vão posteriormente desenvolver essa formulação de Anaxágoras.

2. Apresente e compare as filosofias de Heráclito e Parmênides.

2.1 As filosofias de Heráclito e Parmênides

Heráclito (Séc. VI – V a.C), assim como Tales e Anaxímenes, é um filósofo pré-socrático. Dentro desse contexto, o seu principal argumento é que tudo está em constante movimento, que nada pode permanecer estático. Nas suas próprias palavras: “Panta rhei” (tudo flui). Para esclarecer, Heráclito exemplifica, dizendo que não podemos descer duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez as águas não serão as mesmas, nem nós mesmos.

Baseando-se nos seus próprios argumentos, Heráclito ainda afirma que a realidade é devir (vir-a-ser). O devir seria as mudanças e transformações das coisas. Indo mais além, esse vir-a-ser seria sempre uma alternância entre os contrários: o quente esfria (e vice-versa), o úmido seca (e vice-versa), etc. Dessa forma, a realidade se dá na mudança dos opostos, que são apenas uma parte daquela.

À mudança dos opostos, Heráclito denomina mais especificamente de “guerra entre opostos”. Assim, aperfeiçoando seu pensamento inicial, ele diz que a vida é um fluxo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias, sendo esta uma “mãe”, rainha e princípio de todas as coisas. Daí vir a falsa “contradição” entre guerra e harmonia, que Heráclito respondia dizendo que tudo provia da guerra, sendo as mudanças harmoniosas, pois assim é possível que os contrários possam existir: “...Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia”, pois se não houvesse guerra não haveria porque valorizar-se a paz, por exemplo; da mesma forma, não se poderia pensar em justiça sem pensar no seu contrário, a injustiça. Em virtude desse pensamento - luta de forças contrárias -, Heráclito é considerado como um grande representante do pensamento dialético.

Por estar inserido entre os pré-socráticos, Heráclito imaginava a realidade dinâmica do mundo sob a forma de fogo, que governava o constante movimento dos seres. Assim, o fogo se transforma em todas as coisas, e todas as coisas se transformam em fogo. Além disso, o próprio cosmos nasce do fogo e de novo pelo fogo é consumido, em ciclos que se repetem pela eternidade.

Por fim, Heráclito ainda classifica os caminhos percorridos pelas coisas do mundo. Condensado, o fogo se umidifica, e com mais consistência torna-se água, que seguindo o processo transforma-se em terra e, a partir daí, nascem todas as coisas do mundo (caminho “para baixo”). No inverso, derretendo-se a terra, forma-se água, que se transforma em vapor. Rarefeito, o vapor se transforma em fogo (caminho “para cima”).

Parmênides (Séc. VI – V a.C), mesmo sendo pré-socrático, tem seu pensamento deslocado da cosmologia para a ontologia, ou seja, da physis para o ser, como se verá adiante. Ele acredita que o ser é eterno e único, e que as mudanças são ilusórias. Desse modo, faz uma distinção entre o Ser e o Não-ser.

O primeiro passo tomado por Parmênides é tentar ordenar a realidade, fazendo uso de classes. Assim, ele diferenciava o claro do escuro, o leve do pesado, o alto do baixo, o quente do frio, etc., chegando à conclusão de que o mundo se dividia em duas esferas: as das qualidades positivas e das negativas, sendo que a última não apresentava as características da oposta. Depois, passa a denominá-las, simplesmente, “ser” (positiva) e “não-ser” (negativa), e postula também, que o “O ser é, e o Não-ser não é”.

As características do Ser, dessa forma, seriam: incontável, incorruptível, uno, estático. Além disso, esse Ser-absoluto não poderia ter sido criado por algo, pois isso implicaria em admitir a existência de um outro ser. O Ser não poderia vir de si próprio nem do não-ser: ele apenas é.

Quanto à questão das mudanças e transformações do mundo, aqui se faz a principal diferença entre Parmênides e Heráclito. Diante do Ser e do Não-ser, ele não podia enxergar um caminho para que ocorresse o vir-a-ser. Segundo seu pensamento, se o Ser é, e o Não-ser não é, como se pode dizer que “algo era” ou “algo será”? O ser não pode vir do não-ser, pois este é o nada, e nada pode surgir do nada; e se viesse do ser, o que seria isso senão a criação de si mesmo? O deixar-de-ser também sofre deste mesmo problema. Nesse momento, Parmênides marcha para sua conclusão final: toda a mudança é aparência, pois apenas existe o ser e o não-ser, sendo que os nossos sentidos é que criariam a ilusão do vir-a-ser.

Por fim, Parmênides considerava que o movimento existe apenas no mundo sensível, pois no mundo inteligível o ser é imóvel[1].

2.2 Breve comparação das filosofias de Heráclito e Parmênides

Diante do exposto, é claramente perceptível que, enquanto Heráclito procura explicar o mundo pelo desenvolvimento de uma natureza comum a todas as coisas e em eterno movimento, Parmênides diz que essa mutação não passa de aparência. Assim, este último combateu Heráclito, pensando ser absurdo e impensável considerar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo. Portanto, Parmênides termina considerando que o movimento existia apenas no mundo sensível, e no mundo inteligível o ser seria imóvel.

Sobre a divisão do universo entre dois pólos, “seres” e “não-seres”, os dois a concebiam de forma distinta também. Enquanto a unidade do ser de Parmênides é idêntica e imutável, a de Heráclito é “tensionada entre os dois pólos”; assim, mesmo que o Ser e o Não-ser sejam parte e coabitam o mesmo, Heráclito afirma: “O ser é tão pouco como o não-ser; o devir é e também não é”, mesmo apesar de tudo isso, não quer dizer que você possa descartá-los como simples ilusão.

3. Contraponha as idéias éticas do Epicurismo às do Estoicismo.

Primeiramente, faz-se necessário explicar as idéias do Epicurismo e do Estoicismo.

3.1

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