ESCOLA POSITIVISTA NA SUA CORRENTE PSICOSSOSIOLÓGICA
Por: Rodrigo.Claudino • 3/12/2017 • 1.954 Palavras (8 Páginas) • 516 Visualizações
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Segundo a abordagem sociológica, esta teoria enquadra-se no âmbito das teorias tradicionais, que são baseadas no pensamento positivista do século XIX e encaram o comportamento desviante como um fenómeno intrinsecamente real, em que o ser humano é estudado através da estatística e de inquéritos de estudos comportamentais. O desvio passa a ser conhecido em função da predisposição do indivíduo para o crime, das condições que lhe são inerentes e o compelem para a prática criminosa.
Hirschi (1973) debruça-se sobre o peso que os vínculos sociais têm nas causas do comportamento criminal, estipulando que “os atos delinquentes tenderão a ocorrer quando se enfraquece ou rompe o vínculo do indivíduo com a sociedade”. Desta maneira, quanto mais ligado estiver o indivíduo aos seus grupos sociais normativos, menos são as probabilidades de cometer crimes.
Hirschi (1973) analisou os vínculos sociais segundo quatro elementos fundamentais: o apego (um fator emocional, uma espécie de sensibilidade para com o outro e suas expectativas, que impede a entrada na delinquência através do desempenho do papel de superego normalizador); o empenho (assente no investimento do sujeito na sociedade, de modo que se,
através dele, o sujeito conseguir as recompensas que quer, então a probabilidade de quebrar a lei será minimizada); o envolvimento (tempo gasto em tarefas legais, que reduz a possibilidade de esse mesmo tempo ser gasto em tarefas ilegais); e, por fim, a crença (o grau de respeito que o indivíduo tem pelas normas sociais).
PSICOSSOCIOLOGIA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS
Segundo o editor do livro Psicossociologia das Relações Públicas (1989), a obra é um ensaio cuja proposta é analisar detalhadamente o poder psicossocial e a sua importância, uma vez que ele é a representação da opinião pública, na qual a sua expressão se dá por meio da determinação de interesses públicos e a identificação dos interesses privados, ou seja, os interesses dos diversos públicos e das organizações inseridas em um processo social.
Cândido Teobaldo de Souza Andrade inicia a sua lógica de construção teórica a partir da necessidade de definição de interesse público. Segundo ele, os cientistas sociais, os políticos e os juristas afirmam ser impossível definir esse conceito, mas o autor indica ser decisiva a conceituação, mesmo que em hipótese, porque o conceito pode ser abordado como um objetivo e um processo presente em toda e qualquer manifestação social.
Para Andrade, o interesse público é, em último caso, o que a opinião pública afirma que é, isso porque sinaliza que tanto o interesse público e a opinião pública se referem às formas de comportamento coletivo dos agrupamentos espontâneos, em especial, os públicos.
Ainda nesse contexto, a determinação do interesse público depende da constituição dos públicos, frente às controvérsias que são apresentadas, isto é, os problemas que são levantados e afetam um determinado agrupamento de pessoas. Dessa forma, o interesse público diz respeito ao interesse do público, sendo expresso pela opinião pública.
Andrade adota os conceitos utilizados por Hebert G. Blumer quanto aos termos multidão, massa e público. Para o autor, o estudo desses conceitos é importante porque pode-se conhecer o comportamento desses grupos, e além disso perceber o que se traduz em quebra de rotina de suas atividades em grupo.
A multidão se forma quando um fato extraordinário acontece, e que é objeto de interesse comum, e dessa maneira desperta emoções semelhantes em diversas pessoas, colocadas umas próximas às outras. No entanto, a multidão é um agregado espontâneo, sem tradição ou herança social, e não possuem uma consciência grupal, nem uma estrutura de papéis definidos.
A massa é um termo que se aproxima da multidão, isso porque a massa pode ser considerada uma multidão dispersa, enquanto que a multidão é a multidão de presença, o que significa dizer que possui contiguidade física e contato pessoal, diferentemente da massa que se encontra espalhada em diversas regiões e pelo mundo.
O público é formado por um grupo de pessoas que pensam e refletem sobre os problemas colocados na discussão pública, o que pressupõe uma ação racional, diferente da multidão e da massa, que agem impulsivamente.
Segundo a proposta de Andrade, o público é um agrupamento de pessoas e/ou grupos sociais, presentes ou ausentes fisicamente, com acesso a informações, que analisam uma controvérsia (problema) com atitudes e opiniões variadas quanto às soluções a serem tomadas. O que torna o público diferente da massa e da multidão é a sua possibilidade de análise e discussão geral, promovida pela interação social e/ou dos veículos de comunicação à procura de uma atitude comum, que permite a ação conjugada.
Após o esclarecimento de que o interesse público é o interesse do público, e o conhecimento de como o público se constitui, Andrade segue na elucidação do que é a opinião pública. Para ele, a opinião pública resulta do público a partir da discussão racional das controvérsias de interesse público ou privado. Esse momento é um processo intelectual que tem início com a controvérsia e finaliza com a solução do problema apresentado.
Certos acontecimentos geram uma controvérsia, e a mesma atinge a todas as pessoas (público) que faz parte de um determinado acontecimento (evento). A partir da discussão pública é que essas pessoas se conscientizam do problema em foco, e assim expressam sua opinião.
Mas o desenvolvimento da opinião pública não é um processo simples, em tese, abrange quatro fases: a primeira fase é caracterizada pelo aparecimento de uma ou mais questões de interesse geral, que não pode ser resolvido pelos padrões e normas culturais; a segunda fase é a definição da controvérsia mediante debates iniciais; a terceira fase busca delimitar a controvérsia, por meio de propostas ou soluções, tem-se início a discussão pública; e a quarta etapa é o momento em que as pessoas e/ou grupos chegam a um consenso, neste caso, é a opinião mesclada das opiniões individuais e/ou dos grupos presentes na discussão em grupo.
Conclui-se sobre esse processo que a qualidade de opinião pública está na delimitação objetiva da controvérsia, e em seguida, na possibilidade ampla e livre de discussão pública. Andrade evidencia ainda que a opinião pública é a expressão verbal da atitude comum de um determinado público diante das controvérsias, sendo portanto a utilização do termo opinião do público mais correta ao invés de opinião
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