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A crise na Educação

Por:   •  12/11/2018  •  1.341 Palavras (6 Páginas)  •  308 Visualizações

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As paredes da casa, os limites do lar, surgem então como proteção da criança. A vida em si para se desenvolver necessita de condições mínimas de segurança. Se por um lado a educação moderna pretende construir “um mundo de crianças”, por outro retira condições necessárias ao desenvolvimento e crescimento da própria vida. O que se percebe é um choque entre a realidade de dois mundos: o público e o privado. Mesmo assim, a distinção entre ambas as realidades é importante para o desenvolvimento da criança, para que não haja nenhum tipo de distúrbio ou desequilíbrio.

A escola surge para a criança como barreira que separa a vida privada do mundo. E assim como os pais – a família- tiveram a missão de exercer um cuidado em período inicial, agora é a figura do educador que deve introduzir a criança no mundo aos poucos e mais: é importante reconhecer que ele seja chamado a assumir a responsabilidade sobre este próprio mundo, nisto está sua autoridade.

Hannah Arendt coloca também em discussão a perda de autoridade no mundo moderno. A remoção da autoridade da vida política implica em igual responsabilidade de todos dirigida ao cuidado com o “rumo do mundo”. Isto poderia significar uma espécie de renuncia da autoridade por parte dos adultos o que pode ser encarado como “... a recusa de assumir a responsabilidade pelo mundo.” (ARENDT, p.240). A humanidade se recusa a assumir um compromisso de cuidado com o mundo frente às novas gerações.

Por mais revolucionário que seja um discurso educativo, a gênese da atividade, das práticas educativas permanece sempre de certa forma conservadora. Arendt ainda enfatiza que um educar sem fim também reside no fato que “... um mundo feito por mãos mortais” corre o risco de se tornar tão mortal quanto seus habitantes. (ARENT, p.243).

Para finalizar seu ensaio, a autora ainda coloca que a crise da autoridade na educação tem uma conexão com a crise de ”nossa atitude frente ao passado”, ou seja, o problema da educação moderna é uma crise em relação à autoridade e à tradição, mas a situação agora é outra e não adianta querer retomar o passado. Isto acaba por tornar-se um desafio para o educador que serve como mediador entre presente e passado.

Assim, Arendt propõe que não só educadores e professores, mas adultos de um modo geral, devam ter uma relação apropriada com crianças e jovens, relação esta que faça uso da autoridade e da tradição específica para eles.

A consequência prática dessa atitude “... seria uma compreensão bem clara de que a função da escola é ensinar as crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver” (ARENDT, p.246). Também não se devem tratar as crianças como se fossem maduras, mas isso não significa separá-las totalmente do mundo adulto, como se a infância tivesse uma autonomia em relação a ele.

Segundo Arendt, a relação entre adultos e crianças em geral não deve ser um problema exclusivo da pedagogia. Cabe a todos nós essa questão, já que habitamos um mundo comum que é renovado pelo nascimento.

A renovação do mundo a partir dos nascimentos nos deve fazer refletir sobre um tipo de educação que nos faça assumir o compromisso com o próprio mundo. A educação se constitui também em um lugar onde decidimos se “... amamos nossas crianças o bastante para não expulsa-las de nosso mundo e abandona-las a seus próprios recursos.” (ARENDT, p. 247).

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