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VENEZA: UMA CIDADE NA CRISE DO SÉCULO XVII

Por:   •  14/12/2017  •  1.257 Palavras (6 Páginas)  •  403 Visualizações

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pois eles se voltam para a terra comprando casa e terras, equipando-se de carruagem e cavalos, e entregando-se a uma boa vida com mais ostentação e galanteria do que aquela a que estavam acostumados...seu costume era enviar os filhos ao Levante, em galeras, para familiarizá-los com a navegação e o comércio. Agora, enviam-nos em viagens para aprender antes os modos do cavalheiro que os do mercador. (BURKE, 1991, p. 149).

Trevor-Roper compreende que a crise do século XVII “não foi uma crise de constituição ou do sistema de produção, mas do Estado, ou ainda, da relação entre Estado e sociedade” (2006, p. 153). Esse conceito pode ser aplicado à Veneza e principalmente quando o mesmo analisa as cortes renascentistas do século XVII que “já tinham ficado tão grandes, tinham consumido tanto em ‘desperdício’ e tinham permitido que seus parasitas penetrassem tão profundamente na sociedade, que só podiam florescer durante um tempo limitado” (2006, p. 153), pois a elite veneziana era o Estado, seu número era enorme e grande parte de seus integrantes consumiam dispendiosamente e também investiam em obras artísticas em igrejas e de uso pessoal como ostentação e valorização de sua família, instituição muito valorizada pelos mesmos.

O conceito de Trevor-Roper confirma o argumento de Peter Burke quando o mesmo compreende as transformações ocorridas na elite de Veneza “A mudança foi um deslocamento do mar para a terra, do trabalho para o prazer, da parcimônia para o consumo ostentatório, do entrepreneur para o rentier, do burguês para o aristocrata”. (1991, p. 149)2. Ou seja, uma crise do Estado veneziano.

REFERÊNCIAS

A VENEZA de Vivaldi. Geográfica Universal. Rio de Janeiro. n. 254. p. 20-29. mar. 1996.

AZEVEDO, Cristina. Veneza: a cidade das águas. Geográfica Universal. Rio de Janeiro. n. 277. p. 4-19. fev. 1998.

BARZUN, Jacques. A vista desde Veneza – Cerca de 1650. In: BARZUN, Jacques. Da alvorada à decadência: a história da cultura ocidental de 1500 aos nossos dias. Tradução de Álvaro Cabral. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002. p. 196-219.

BURKE, Peter. Veneza e Amsterdã: um estudo das elites do século XVII. Tradução de Rosaura Eichemberg. São Paulo: Brasiliense, 1991. 192p.

HOBSBAWN, Eric. A crise geral da economia européia no século XVII. In: SANTIAGO, Theo (org.). Do feudalismo ao capitalismo: uma discussão histórica. 10.ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 78-124.

MUMFORD, Lewis. Desmoronamentos medievais, antecipações modernas. In: MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. Tradução de Neil R. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2004. p. 343-373.

OLIVEIRA, Julieta Teixeira Marques de. Teoria e mecanismos da diplomacia veneziana no século XVI. In: OLIVEIRA, Julieta Teixeira Marques de. Veneza e Portugal no século XVI: subsídios para a sua história. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2000. p. 15-36.

TREVOR-ROPER, H. R. A crise geral do século XVII. In: SANTIAGO, Theo (org.). Do feudalismo ao capitalismo: uma discussão histórica. 10.ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 125-157.

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2 Termos desenvolvidos pelo sociólogo Vilfredo Pareto em seu livro Treatise on General Sociology de 1916, utilizado por Peter Burke para analisar as elites de Veneza e Amsterdã. Entende-se por rentiers os homens que vivem de rendas fixas, e entrepreneurs os que buscam o lucro. Ver BURKE, Peter. Veneza e Amsterdã: um estudo das elites do século XVII. p.16.

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