OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO FAZEM COM AS PESSOAS.
Por: Rodrigo.Claudino • 20/12/2018 • 1.854 Palavras (8 Páginas) • 432 Visualizações
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O tema abordado na atração envolve primordialmente a cobertura de tragédias, crimes bárbaros e hediondos. Abordando o cotidiano das grandes cidades como assaltos,assassinatos, acidentes e denúncias.
O cenário visual apresentado se trata de um estúdio no qual imagens e reportagens são projetadas ao fundo ao ritmo contínuo de imagens, o apresentador incorpora uma postura formal em suas vestimentas trajando paletó e gravata e passando todo o tempo de duração da apresentação em pé no cenário.
As cores utilizadas trabalham o contraste representativo das cores azul e vermelho. No qual o azul remete a frieza e seriedade costumando ser muito usado em ambientes que necessitem transparecer uma postura de formalidade, já o vermelho acarreta a associação entre guerra, poder e violência, transmitindo uma excitação enérgica ao telespectador.
Diferente do formato normalmente adotado nas atrações de cunho jornalístico, todo o decorrer da atração é tangenciado pelas colocações pessoais do apresentador. Deste modo se cria um ambiente de imprecisão e instabilidade diante do conteúdo apresentado, ocasionando um sensacionalismo impertinente, no qual há uma espetacularização e tentativa de comoção da audiência como apresenta o autor Hamburger:
discute-se a natureza perversa ou inofensiva do fascínio exercido por programas que explorariam a humilhação de “pessoas reais”diante das câmeras. A crítica acusa o voyerismo que esses experimentos estimulariam. Pouco se fala das novidades do formato propriamente dito (...) o fenômeno vem associado a um conjunto de mudanças, que talvez possam ser entendidas como elementos de um novo paradigma audiovisual (...) como agentes sobre noções de público e privado, cidadão e indivíduo. (Hamburger, 2002, p.18)
APRESENTADOR
O programa é apresentado pelo jornalista José Luiz Datena desde 2003, com uma interrupção no ano de 2011, período em que foi para outra emissora, porém retornou ao mesmo ano e continua até hoje.
O apresentador é conhecido por não ter ‘papas na língua’, pois tem uma postura opinativa, capaz de analisar e julgar os fatos anunciados, a ação dos criminosos e a forma com que as autoridades agem.
Datena tem uma postura incomum para a apresentação de um programa jornalístico, usando o gênero sensacionalista e utilizando uma linguagem popular, identifica-se com o povo e se apresenta como o “justiceiro”, a voz dos excluídos. A cada noticia dada existe a necessidade de uma analise pelo jornalista, a ponto de julgar o caso como um juiz hábil fazendo um forte apelo emocional, visando prender a atenção do publico.
Ao adotar a linguagem do espetáculo sensacionalista, Datena bate na câmara (na tela) e grita para as autoridades: “acorda! acorda! Me ajuda aí!”, anda pelo estúdio com passos decisivos, olhar sério e expressão facial de indignação, impõe a voz, sempre grave reforçando a dramaticidade do momento, faz uso de muitas gírias, (“esse cara”, “sujeito”, “sem vergonha, “metendo o pau”, ”está ferrado”, “safado”, “vagabundo” “imbecil”, “crápula”. ) o que reforça a identificação do telejornal com as classes populares.
Datena mostra a urgência de reclamar, é comum em suas falas a afirmação de que os problemas sociais estão associados à incompetência das autoridades e a falta de cuidados delas. O apresentador questiona constantemente a posição tomada por elas nos acontecimentos sociais:
“[...] se rouba ambulância, mete a mão em dinheiro do povo, mensalão, ainda estão discutindo lá que não houve mensalão. Como não houve? [...]”
“[...] como é que esse cara não pode representar perigo para a sociedade, como, como que não pode representar perigo para sociedade: deu um tiro na Sandra e depois deu outro tiro no ouvido para matar mesmo. A qualquer momento esse cara pode entrar aqui e dar um trio na minha cabeça, porque estou metendo o pau nele. Ele é extremamente violento e assassino. Como esse cara respondeu o crime em liberdade e como ele pode ter saído pela porta da frente? Oh! Gente a justiça é cega, mas não pode ser tão cega assim. Tanto há juristas que acham que a decisão do magistrado poderia ser diferente. Concorda comigo ou não? [...] ”
“ [...] Aqui você pode articular o assassinato do seu pai e de sua mãe e ficar livre por uns tempos, aqui você pode matar sua mulher grávida e você responde a pena em liberdade e pode fugir como o Igor; aqui você pode mexer no dinheiro do povo e pode até usar este dinheiro depois que descobrirem que você é um ladrão, sem vergonha, safado, mas se você roubar shampoo, manteiga, aí você está ferrado, boné então é o caso deste garoto [...]”
Um programa realizado no dia 03/06/2013 o apresentador entrevista ao vivo o marido de uma mulher assassinada durante uma tentativa de assalto em uma Casa Lotérica em São Paulo. O caso de Maria do Carmo da Silva Batista emocionou Datena. O apresentador conversava com o viúvo de Maria, Raimundo, que contou a Datena que completaria 46 anos de casamento em setembro.
Datena mantém uma conversa informal com o viúvo perguntando como seria viver sem a mulher que o acompanhou grande parte de sua vida e ao decorrer da entrevista fala sobre sua esposa e como ficaria abalado se ela morresse, explora muito o emocional do entrevistado que chora durante a entrevista o que faz Datena ficar abalado e não segurar as lágrimas.
Fica claro com as imagens a intenção de comover os telespectadores, pois se trata de um senhor simples, Datena usa a palavra coitada repetidamente para descrever a vitima, faz comparação com as mães de todo o Brasil, como sempre ao final cobra as autoridade e fala sobre a dificuldade que tem em fazer o programa:
" [...] Estou há quase 40 anos com a minha esposa e se a minha mulher morrer eu vou ficar desesperado. É duro de aguentar. Sabe, quando as pessoas me perguntam se é difícil fazer um programa desse, eu digo que é quase impossível. [...] ”
Nos comentários dos vídeos é possível analisar o quanto as pessoas admiram o apresentador e são gratas por sua honestidade por ser o único capaz de falar a verdade e cobrar as autoridades.
Diante da fala de Datena sobre os criminosos é notável que de certa forma o apresentador quer mostrar para o telespectador que os criminosos e infratores que causam tanto medo são ridicularizados, sem dignidade, não merecem o respeito, algo cômico.
“[...]
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