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QUE PESSOAS SERÃO BENEFICIADAS COM A CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO SOBRE O NEGRO NO BRASIL?

Por:   •  14/9/2017  •  2.649 Palavras (11 Páginas)  •  681 Visualizações

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Podemos perceber que os europeus que foram os colonizadores de nossas terras tupiniquins tinham em suas mentes que a “raça” negra era inferior a “raça” branca, ou seja, o branco estaria numa posição superior a do negro, portanto a cor braca representaria tudo de belo, bom e justo e o negro seria o feio, o injusto e a animalidade. Impregnada a esta visão tambem encontramos o olhar exótico e mitico o qual corrobora para a aversão e o quadro pitoresco que o negro ocupava e ainda ocupa no imaginario europeu e do povo brasileiro atualmente como nos explica SANTOS, 2002:

Um caráter de excitação estética também ocorre em relação à África. Vemos isso nos textos dos viajantes, nas descrições apresenta das por Laura de Mello e Souza e por William Cohen. O primeiro olhar em direção ao negro é o do exotismo, da admiração da diferença, da tentativa de oferecer-lhe sentido para se afastar do medo diante desse desconhecido que foge a qual quer significação; é uma primeira tentativa de falar sobre, de se aproximar. Os mitose as “explicações” sobre a origem da cor da pele negra atendem a essa expectativa.

Outra visão sobre os africanos por parte do europeus era a de que os negros nao possuiam certos atributos que os outros povos possuiam por isso eram indignos e merecedores de punições, sendo assim sua escravização seria justa, no ideário europeu o negro aparece com um povo sem rei, sem lei e sem fé, como nos explica SANTOS, 2002;

Os seres da natureza, os animais, estão imersos nessa ordem necessária onde a lei é sempre justa e irreversível, pois é lei e ação divinas. Privados de vontade, quase nulos em perfeição, se apresentando como matéria praticamente carente de forma, mas plenos em potên cia, eles teriam como finalidade servir aos seres mais perfeitos. Apoiado nessa teoria pode-se considerar justo escravizar os seres inferiores. O escravo pertenceria à ordem dos direitos naturais (à sua hierarquia) e seria excluído do direito positivo. Por esse intermédio justifica-se a escravidão, tornando-a o fim natural de algumas “gen tes”.

Sendo assim os brancos possuiam uma autoridade sobres os negros porque aqueles eram mais perfeitos que os negros, estavam um degrau acima e até fariam bem aos negros quando estes passassem a servir os brancos. O Brasil seria uma especie de purgatorio para os negros e até um lugar de aperfeiçoamento se por um acaso se misturassem com os brancos, o que nos leva ao proximo passo que é o branqueamento da população negra, explicitado por SANTOS, 2002;

O mes mo pode ser dito dos ar gu men tos uti li za dos para justificar o sistema colonial e a escravidão nas colônias, na qual o Brasil, outrora o paraíso, é apresentado como colô nia-purgatório onde a igreja abençoa o cativeiro como forma de redenção... O cativeiro ofereceria o branqueamento e a purificação das al mas dos negros escravos que, quanto mais obedientes e servis fossem, mais próximos da salvação eterna estariam.

Esses aspecto do branqueamento é de grande importância para a formação do pensamento social sobre o negro no Brasil porque revela que para o negro ser aceito na sociedade ele teria que ser parecido com um branco e a medida que o tempo passasse o negro não estaria mais presente na sociedade brasileira que seria composta apenas por pessoas brancas.

Embranquecimento da População Brasileira

Em várias passagens de sua obra, Gilberto Freyre, argumenta que a mestiçagem foi o modo principal pelo qual os negros, ou seja, os descendentes de africanos, foram historicamente integrados a nação brasileira. Esse processo ficou conhecido na antropologia social brasileira como “embraquecimento” e teve significados diversos, a depender da época. Como nos explica MUNANGA, 1999;

A pluralidade racial nascida do processo solonial representava, na cabeça da elite, uma ameaça e um grande obstaculo no caminho da construção de uma nação que se pensava branca, daí por que a raça tornou-se o eixo do grande debate nacional que se tratava a partir do fim do século XIX e que repercutiu até meados do século XX. Elaborações especulativas e ideológicas vestidas de cientificismo dos intectuais e pensadores dessa época ajudariam hoje, se bem reinterpretadas, a compreeender as dificuldades que os negros e seus descendentes mestiços encontram para constuir uma identidade coletiva e politicamente mobilizadora.

Examinemos mais de perto o que se chama “embranquecimento”, que tem vários sentidos nas ciências sociais brasileiras. O primeiro desses sentidos refere-se ao resultado – desejado e intencionado – do processo de substituição de populações africanas por populações européias, na década que antecedeu e nos anos que sucederam a abolição da escravidão. “Embranquecimento” seria, nesse sentido, o resultado das políticas de favorecimento da imigração de mão de obra européia, em detrimento do eventual aproveitamento da mão de obra afro-brasileira livre.

Um segundo sentido para o termo surgiu, quase que na mesma época, a sendo usado no âmbito das teorias eugenistas e racistas, do final do século XIX e começo do século XX, para referir-se ao resultado de dois processos que se imaginava correr paralelamente: a mestiçagem biológica, impulsionada pelo desejo incontrolável dos negros de misturar-se a sangues mais puros, e a maior mortalidade da raça negra, conseqüência da sua inferioridade. Os “homens de ciência” de então, ainda não atentos para as condições sanitárias em que viviam os negros, e para o quanto o saneamento básico e as vacinas controlariam a mortalidade futura, previam que a população brasileira “absorveria” em pouco mais de cem anos os seus elementos negroídes. Observe-se, de passagem, que também com esse sentido, o embranquecimento como em qualquer política de engenharia social, era intencionado.

Um terceiro sentido para “embranquecimento” se encontra no discurso antropológico dos anos 1950. Significa, então, a perda de características culturais africanas por parte das populações negras. Formas de vestir-se, como as saias rendadas e os “panos da costa”; formas de falar e de gesticulação; práticas de lazer e práticas religiosas, como as capoeiras, os maculelês, as congadas, os candomblés, etc., todos pareciam irremediavelmente fadados ao desaparecimento ou a folclorização. Embranquecimento referia-se pois a um processo de aculturação.Na verdade toda a política educacional brasileira, até os anos 1970, foi desenhada para consolidar uma certa homogeneidade cultural e nacional, na qual os elementos “africanos” que restassem se transformariam em sobrevivências “afro-brasileiras”.

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