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O Jornalismo e Entretenimento

Por:   •  18/12/2018  •  6.252 Palavras (26 Páginas)  •  407 Visualizações

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Keywords: Journalism; Entertainment; Reality Shows; Bake Off; MasterChef.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 9

2. JORNALISMO E ENTRETENIMENTO 13

3. JORNALISMO CULTURAL 21

3.1 JORNALISMO GASTRONÔMICO 22

4. O CRÍTICO GASTRONÔMICO 25

5. REALITY SHOWS 27

6. APRESENTAÇÃO DOS OBJETOS DE ESTUDO 32

6.1 BAKE OFF BRASIL 36

6.2 TICIANA VILLAS BOAS 36

6.3 MASTERCHEF BRASIL 37

6.4 ANA PAULA PADRÃO 38

7. O QUE É NECESSÁRIO PARA SE TORNAR UM JORNALISTA? E UM ENTERTAINER? 41

7.1 O JOGO CULINÁRIO E A PERFORMANCE DAS APRESENTADORAS-JORNALISTAS 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61

APÊNDICES 67

ANEXOS 73

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- INTRODUÇÃO

Até recentemente impensável, hoje existe uma linha tênue que separa o jornalismo do entretenimento. Tanto que vários jornalistas consagrados têm migrado do terreno das grandes reportagens para os chamados reality shows, como, por exemplo, a jornalista e apresentadora Marília Gabriela, que há décadas trafega com desenvoltura pelas duas áreas. Neste Trabalho de Conclusão de Curso, o foco foi específico em gastronomia. O intuito era analisar programas do gênero dedicados ao tema gastronomia e como os profissionais, na pessoa do apresentador, migraram do jornalismo para o entretenimento, tanto na televisão aberta quanto na TV paga. Existe um novo tipo de jornalista, ou o jornalista abandona os preceitos dos jornalismo, quando vira apresentador?

A partir dessa visão, este estudo se propôs a responder: Por que jornalistas estão migrando para o campo do entretenimento? O trabalho foi desenvolvido a partir da análise de dois reality shows: o MasterChef Brasil, apresentado pela jornalista Ana Paula Padrão junto com três chefs renomados, e o Bake Off Brasil, apresentado pela jornalista Ticiana Villas Boas e dois especialistas em confeitaria.

Para entender o fenômeno, foi preciso voltar ao final do ano de 1990, quando os reality shows surgiram no Brasil com o significado de “jogo da realidade”, que nada mais são do que programas de entretenimento. Como derivação desse formato inicial, surgiram vertentes, entre elas, os talent shows.

Buscando o diálogo entre o jornalismo e o entretenimento, Dejavite (2006), jornalista e doutora em Ciências da Comunicação, garante que os meios de comunicação buscam sempre por audiência, leitura e atenção. No entanto, nem sempre conseguem seduzir o público. Assim, a autora aposta na união da informação com o entretenimento, como uma exigência da sociedade atual.

No que se refere ao campo da gastronomia, Pudlowski (2012), crítico gastronômico francês e Pietroluongo (2000), professora titular do programa de pós-graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tentam mostrar o papel do crítico como um formador de opinião e de seu grande compromisso, que é avaliar pratos, além do autor Piza (2010), que traz a trajetória do jornalismo cultural e mostra que esse segmento não se limita a apenas emitir opiniões de produtos culturais, mas muito além disso, é uma busca constante pela informação.

A mídia transforma os processos de comunicação, molda comportamentos e discursos. Dessa forma, constrói uma representação da realidade. Nos aspectos em que se inserem os objetos de estudo (reality shows), a exploração da pesquisa, primeiramente, será a partir da análise do discurso midiático dos programas escolhidos, ancorados em Charaudeau (2006), linguista francês que estuda a grande mídia e os modos como elas se organizam no funcionamento do discurso da informação.

A sociedade moderna e os padrões de consumo foram analisados na perspectiva de Bourdieu (2010), sociólogo francês que considera a arte, a religião, a língua, etc., como ferramentas estruturantes, o modus operandi, designando uma maneira de agir, operar e executar e também na perspectiva de McLuhan (1996), filósofo e teórico da comunicação que estuda a mídia como um meio de entender a própria sociedade.

Dessa maneira, juntamente com Morin (2003), antropólogo, sociólogo e filósofo francês que aborda a cultura de massas, a cultura que é fascinante ao homem e, assim, praticamente inevitável o seu consumo, foi possível compreender o porquê de os reality shows fazerem tanto sucesso e o porquê das pessoas aderirem tão bem a esse modelo de programa.

Baudrillard (2005), sociólogo e filósofo francês, foi um dos pilares para a análise de um dos fenômenos mais característicos da sociedade moderna: a sociedade de consumo. Segundo o autor, a felicidade, ou a busca interminável por ela, é o que gera este tipo de sociedade. Dessa forma, o autor desenvolve em seu livro de que maneira as grandes mídias provocam desejos irresistíveis e cria padrões.

O que caracteriza a sociedade de consumo é a universalidade do fait divers na comunicação de massa. [...] Aparece dramatizada no modo espetacular – e permanece de todo inatualizada, quer dizer, distanciada pelos meios de comunicação e reduzida a signos. (BAUDRILLARD, 2005, p. 24)

Sobre o processo de sedução dos reality shows, Castro (2006), pós-doutora em Comunicação, tenta entender a relação das audiências com esses produtos culturais. Já as questões que se direcionam ao grande espetáculo, os reality shows gastronômicos, foram analisadas a partir do ponto de vista de Debord (2009), escritor francês que apresenta teses que remetem às diversas formas em que a realidade se constitui como um espetáculo.

A análise dos jogos culinários e a performance das apresentadoras-jornalistas foi realizada utilizando o método qualitativo. Segundo Maanen (1979 apud Neves, 1995, p. 520), “a expressão ‘qualitativa’ assume diferentes significados no campo das ciências sociais. [...] Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos

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