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Milhões de garotas se matariam por este emprego: Como o jornalismo é apresentado em O Diabo Veste Prada

Por:   •  8/6/2018  •  3.855 Palavras (16 Páginas)  •  480 Visualizações

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O jornalismo de moda é importante no momento em que leva ao público tendências que podem ser usadas ou não por ele, mas que ele acredita que devem ser discutidas. Em trecho citado por Traquina (2005b, 15) do livro "Opinião Pública" de Walter Lippmann (1922),

Os media são a principal ligação entre os acontecimentos do mundo e as imagens que as pessoas têm na cabeça acerca desses acontecimentos, antecipando-se ao surgimento da teoria do agendamento que postulava um poder dos media mais limitado.

Ruth Joffily, em seu livro O Jornalismo e Produção de Moda, 1991 (p. 9), afirma que a moda é um fenômeno cultural e é um dos sensores da sociedade. A moda diz respeito ao estado de espírito, aspirações e costumes de uma população. Segundo a autora, (p. 13) o tema é assunto cultural, ligada às crenças, tradições e hábitos de um determinado grupo.

Para Joffily, (p. 13)

O jornalista de moda deve estar apto a cobrir todos esses aspectos. A sua formação, técnica e cultural, é a única arma de que dispõe contra a desvalorização que lhe é imposta. Isso não significa fazer uma cobertura intelectualizada, no mau sentido (pois nossa atividade é uma atividade intelectual - o que devemos perseguir é que ela não se torne uma atividade de baixo nível intelectual). Pelo contrário, estou convencida de que quanto mais se estuda, mais se reflete e se elabora, é sempre no sentido de tornar “coisas” complexas “entendimentos simples”.

Em O Diabo Veste Prada (FRANKEL; MCKENNA, 2006) o jornalismo de moda e os profissionais que o realizam são o principal foco. Esta vertente jornalística é o início da mudança de vida de Andrea Sachs (interpretada por Anne Hathaway), personagem principal da história.

Andrea é contratada em uma importante revista de moda, precisa lidar com a nova cidade e o novo emprego, enfrentando muitos problemas para conciliar sua vida social e profissional, assim como todos os seus colegas de trabalho.

O objetivo do artigo “Milhões de garotas se matariam por este emprego: Como o jornalismo de moda é apresentado em O Diabo Veste Prada” é identificar como o jornalismo e os jornalistas de moda são retratados no filme e de que forma é representada a hierarquia e a possível rivalidade entre eles.

O ENREDO

O filme O Diabo Veste Prada, dirigido por David Frankel, é uma adaptação do livro homônimo, escrito por Lauren Weisberger, e gira em torno de Andrea Sachs (Anne Hathaway), formada recentemente em jornalismo em uma universidade do interior dos Estados Unidos e que acabou de se mudar para Nova Iorque. Assim como muitos focas (aprendiz de repórter, JORGE, 2008), Andy (apelido dado pelos amigos) está em busca de um emprego e seu sonho é ser editora da revista The New Yorker. Consegue uma entrevista no grupo Elias-Clark para ser segunda assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep), a dona e editora-chefe da revista Runway (mais influente revista de moda do mundo, de acordo com o filme) e também considerada a pessoa mais importante do mundo da moda.

Andy mostra o seu portfólio jornalístico feito na faculdade durante a entrevista e consegue o cargo facilmente. Mesmo sabendo que não é uma vaga para atuar em sua área de formação, ela sabe que este emprego abrirá várias portas futuramente. O filme mostra no início Andy como uma pessoa que não se importa e pouco conhece sobre moda, e que considera os valores profissionais mais importantes que os valores estéticos. E ao passo que ela vai conquistando Miranda, suas roupas, cabelos e modo de agir mudarão em consonância com o tema. O enredo, cronologicamente linear, inicia com a entrevista de emprego de Andy e finaliza em seu pedido de demissão.

OS PERSONAGENS

Andrea ou Andy é diferente das garotas que trabalham na Runway (todas magras, altas, com roupas de grife), pouco se preocupa com suas aparências e acredita que apenas suas qualidades serão capazes de levá-la ao topo. Ela se autointitula como inteligente e esperta, afirmando para Miranda Priestly que pode aprender rápido. Com isso, Miranda a contrata. Ela representa para o filme, o jornalismo novo. Andy tem sede de mudança e de publicar notícias, mas ao precisar de um emprego, acaba deixando tudo de lado em função de sua nova ocupação.

Miranda Priestly é a melhor e mais importante pessoa do mundo da moda. É forte, imponente e faz com que todos ajam da forma e na hora que ela quiser. Chama todas as assistentes de Emily, nome de sua primeira assistente, dando a entender que não se importa muito com quem está executando o trabalho, contanto que o faça. Sua importância é mostrada nos mínimos detalhes no filme, não só no figurino; Miranda está sempre repleta de artigos de grife, muito bem maquiada e sempre demostrando poder. Há a exibição de seu poder desde os movimentos de câmera, que a acompanham o tempo inteiro -diferente das câmeras gerais e fixas que mostram os demais personagens - até a forma que ela age com todas as pessoas ao se redor. Ao decidir sobre a coleção de um estilista, o produtor de arte explica a Andy qual é a relevância de Miranda: “Você não entendeu né? A opinião dela é a única que importa” (FRANKEL; MCKENNA, 2006).

Miranda chega sempre na redação no mesmo horário, joga o casaco e a bolsa na mesa da segunda assistente, não cumprimenta ninguém e desde a porta sai dando ordens, sem parar, para todos. Ela sempre tem o controle de tudo e de todos. No fim se mostra uma pessoa fragilizada pelos problemas pessoais e sente medo da forma que o julgamento da mídia sobre ela possa afetar o futuro de suas filhas.

- Miranda Priestly é a mulher mais influente na indústria da moda e sem dúvida uma das diretoras de revista mais importantes do mundo. Do mundo! A chance de trabalhar para ela, de observá-la editar e se reunir com escritores e modelos famosos, ajudá-la a fazer tudo o que ela realiza diariamente, bem, não preciso dizer que é um emprego pelo qual um milhão de garotas dariam a vida (WEISBERGER, 2003, p. 23).

Emily (Emily Blunt) é a recém-promovida primeira assistente de Miranda, faz absolutamente tudo o que ela pede e deixa sua vida de lado para atender todas as ordens dadas pela chefe. Seu maior sonho é ir para a Semana de Moda em Paris e acredita que agora, sendo a primeira assistente, isso será realizado. Emily ao encontrar Andy pela primeira vez já deixa claro que será a escolhida para ir à Cidade Luz acompanhando Miranda: “Olha aqui, você deve fazer tudo corretamente, nada pode atrapalhar a minha viagem a Paris” (FRANKEL; MCKENNA, 2006).

Nigel

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