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VALORES NO JORNALISMO ATUAL

Por:   •  7/5/2018  •  2.636 Palavras (11 Páginas)  •  289 Visualizações

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2. INTRODUÇÃO A MATÉRIA DA FOLHA DE SÃO PAULO

No dia 16 de julho de 2016, o site da Folha de S.Paulo publicou uma manchete cujo título afirmava que 50% dos brasileiros preferiam a permanência do presidente interino Michel Temer à volta da presidente afastada Dilma Roussef. Baseada em uma pesquisa feita pela Datafolha entre os dias 14 e 15 de julho, a matéria destacou o apoio de metade dos cidadãos brasileiros a Temer e utilizou gráficos e dados estatísticos como provas de confirmação desses dados. O problema era que outras pesquisas do Datafolha apontavam um índice de 60% de rejeição à atual gestão e mais ou menos o mesmo percentual de pessoas favoráveis a novas eleições. Vários leitores e jornalistas começaram a questionar a veracidade das informações veiculadas pela Folha, principalmente ao observar que não havia sentido nos dados divulgados em comparação com a maioria das pesquisas, a não ser que a população tivesse subitamente mudado de opinião.

Os jornais online The Intercept e Tijolaço indicaram que havia fraude na manchete e atribuíram a culpa ao “movimento da mídia hegemônica em prol do golpe” (Moretzsohn, 2016). As evidências estavam no fato de que os sentidos das respostas estavam distorcidos, como se pessoas entrevistadas tivessem respondido a outras perguntas. Por exemplo, no caso da pesquisa que dá título à matéria, a pergunta foi feita como se não houvesse outra opção que não fosse Dilma ou Temer e, na veiculação da informação, a Folha omitiu essa pergunta e expôs o resultado como se dentre muitas opções, a população fosse favorável ao governo Temer. A realidade é que a população se mostrou favorável porque só havia a opção permanência de Temer até 2018 ou o retorno da presidente Dilma. Em nenhum momento foi perguntado se os entrevistados preferiam uma nova eleição, e os 3% que responderam dessa maneira, só o fizeram porque sugeriram essa opção ao invés de se posicionarem “pró Dilma” ou “pró Temer”. A verdadeira pergunta era “Na sua opinião, o que seria melhor para o país: que Dilma voltasse à presidência ou que Michel Temer continuasse no mandato até 2018?”, porém a que foi erroneamente veiculada na primeira página do site da Folha dizia “O que seria melhor para o país?”, um caso claro de distorção e manipulação da pesquisa.

Segundo os repórteres do Intercept, essa não foi a única questão omitida: além da tabela que constava o percentual da população que era favorável a uma nova eleição - 62% dos entrevistados -, também foi retirada a questão referente à legalidade/ilegalidade do impeachment. A situação piorou quando paralelamente à manchete da Folha, o Datafolha publicou um comunicado à imprensa em que constava esses dados reais e destoava do que fora publicado no site. O jornalista Fernando Brito observou que estranhamente, não havia nenhum dado sobre esse percentual nos relatórios do instituto.

Ao investigar mais a fundo o caso, descobriu que a versão original do documento havia sido substituída por uma segunda, porém não havia sido apagada dos servidores. Ele conseguiu ter acesso à primeira versão e comprovou o que já desconfiava: que a fraude era real e que os dados haviam sido escondidos deliberadamente. Segundo Brito, um escândalo e um caso claro de um grande veículo de mídia manipulando a opinião pública através de uma pesquisa.

3. POSICIONAMENTO DA OMBUDSMAN

O significado da palavra sueca Ombudsman diz sobre a representação do cidadão dentro de uma instituição. Ombuds significa representante e man cidadão. O papel do ombudsman em uma empresa é defender as manifestações do cidadão perante a instituição, seja uma reclamação, um elogio ou uma sugestão. Um cargo que tem relação direta com o dirigente da organização, quando no ramo das comunicações visa garantir a eficiência do canal entre emissor e receptor de serviços.

Dito isso, no dia 24 de setembro de 2016 a Ombudsman do jornal A Folha de São Paulo publicou a seguinte matéria: “A Folha errou e persistiu no erro”, na qual tratava da omissão de informações cruciais da Datafolha, divisão de pesquisa do jornal, em uma matéria sobre o cenário político mediante ao impeachment da Presidente Dilma Rousseff, relatada anteriormente neste trabalho.

As revelações se deram a medida que foi comprovado que a Folha realmente omitira, tanto da reportagem quanto do questionário divulgado no site da Datafolha, a questão proposta aos entrevistados sobre a convocação de novas eleições. Outra pergunta omitida foi a que pedia aos entrevistados que avaliassem o processo de impeachment e se este estava seguindo as regras democráticas e a Constituição, onde 37% disseram que não.

Segundo a matéria, a autora, Paula Cesarino Costa, expressa seu profundo pesar com o momento vivido pela Datafolha e pelo Jornal. A Datafolha é uma divisão de pesquisa construída com intuito de gerar dados estatísticos com base em pesquisas arquitetadas em conjunto com a redação da Folha e que, segundo a matéria, até então era possuidora de uma qualidade técnica, abordagem e interpretação de dados isenta de dolo.

A matéria expõe a larga insatisfação dos leitores e o crescente número de reclamações dos mesmo diante da polêmica das revelações de omissão de dados. Os leitores expressaram profundo desgosto através de acusações de fraude e manipulação. Chegando ao ponto de acusações ao jornal de favorecimento ao vice presidente Michel Temer.

A divisão que deve preservar os interesses dos leitores relata os acontecimento referente a essa polêmica e assume que houve omissão por parte do Jornal, contudo expõe tudo de forma a parecer que foi um infeliz erro de posicionamento do jornal. Em dado momento a matéria diz: “Para alimentar teorias conspiratórias, revelou-se que o Datafolha colocou em seu site mais de uma versão do relatório da pesquisa polêmica, sendo que em só uma delas constavam as duas perguntas.”. O tom da reportagem parece querer diminuir a gravidade do erro, e induz que há uma perseguição ao veículo por conta desse erro. O instituto por sua vez, se defende dizendo que só divulga o que sai na matéria, mas que a redação recebe um relatório completo.

Além disso ao levar as críticas dos leitores ao editor-executivo do jornal, Sérgio Dávila, o posicionamento foi basicamente de: omitimos sim, mas omitimos porque achamos que determinados dados não resultam em uma matéria interessante. Segundo Jornal, queriam tratar de um cenário provável, e a renúncia de ambos os dirigentes não seria, “Faz parte da boa prática jornalística não

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