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Seminário de Comunicação e Cultura

Por:   •  11/3/2018  •  1.940 Palavras (8 Páginas)  •  231 Visualizações

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A autora ainda coloca Chico Bento, desempregado e com uma família inteira para alimentar, frente ao desastre da seca de manter-se na terra. Traz a tona uma realidade, de o nordeste à mercê da boa vontade do Estado e entregue aos caprichos dos grandes proprietários de terra e detentores do poder da região.

Agora, ao Chico Bento, como único recurso, só restava arribar. Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar morrendo de fome, enquanto a seca durasse. Depois, o mundo é grande e no Amazonas sempre há borracha... (QUEIROZ, 2004, p. 31)

Na época em que o livro foi publicado, a autora denuncia com o seu livro a disparidade sócio-econômica brasileira da região Nordeste em relação ao Sul e Sudeste do país. Ela chama a atenção sobre a realidade nordestina na época que até hoje tem vestígios.

Duramente Chico Bento trabalhou todo o dia no serviço da barragem. Só de longe parava para tomar fôlego, sentindo o pobre peito cansado e os músculos vadios. E o almoço, ao meio – dia, onde, junto ao pirão, um naco de carne cheiroso emergia, mal o soergueu e animou. Já era tão antiga, tão bem instalada a sua fome, para fugir assim, diante do primeiro prato de feijão, da primeira lasca de carne!... E até lhe amargou o gosto daquela carne, lembrando-se de que Cordulina, a essa hora, engolia talvez um triste resto de farinha, e junto dela, devorada a magra ração, os meninos choravam...(QUEIROZ, 2004, p. 106 – 107).

A questão de identidade trabalhada no livro nos faz refletir sobre o quanto o determinismo, o reflexo do clima da região especialmente, transparece muitas características do nordestino. É observado também como a a falta de informação sobre os seus direitos perante ao Estado é escassa.

Chico Bento pensa em ir ao Norte do Brasil em busca de um nova vida com a produção de borracha, e quando chega em Fortaleza é informado da real realidade do Nordestino que foi buscar abrigo e melhoria de vida lá. Então, decidiu ir à São Paulo, em busca de melhoria e condições de sobrevivência. Neste momento, lembramos do autor Albuquerque Júnior de São Paulo como “regionalismo de superioridade”; Chico vai em busca de novas oportunidades e melhoria de vida na maior capital do Brasil e acredita que lá irá crescer por ser um dos polos de desenvolvimento.

Questões culturais do Ceará:

“O Ceará instalava um areal, de difícil acesso por via marinha.”

“Casal multiétnico e multicultural gerou o primeiro cearense, Moacir, o filho primogênito”

“E, assim protegidos, podemos desenvolver hábitos, reforçar valores, desenvolver práticas e construir um repertório comum, que nos dá esta liga, que nos faz irmãos, parecidos e, ao mesmo tempo, tão diferentes.” (NORDESTINOS);

[...] Império dicidiam, por decreto, em 1861, não existiam mais índios no Ceará.

A invenção do Nordeste e outras artes

Marina Brondani

A invenção do Nordeste, a partir da reelaboração das imagens e enunciados que construíram o antigo Norte, feita por um novo discurso regionalista, e como resultado de uma série de práticas regionalistas, só foi possível com a crise do paradigma naturalista e dos padrões tradicionais de sociabilidade que possibilitaram a emergência de um novo olhar em relação ao espaço, uma nova sensibilidade social em relação à nação, trazendo a necessidade de se pensar questões como a da identidade nacional, da raça nacional, trazendo, ainda, a necessidade de se pensar uma cultura nacional, capaz de incorporar os diferentes espaços do país.

No fim do século XIX e começo do XX percebe-se um regionalismo que reflete as diferentes formas de se perceber e representar o espaço de diversas áreas do país. Em busca do discurso do próprio espaço onde se é emitido, cada discurso regional terá um diagnóstico das causas e soluções para as distâncias encontradas entre as diferentes áreas do país.

Além da diferença dos espaços serem caracterizadas pelo reflexo imediato da natureza, pelo determinismo, ela caracteriza-se também pela diferença de clima, de vegetação, de composição racial da população na qual explicava as diferenças de costumes, hábitos, práticas sociais e políticas. Além disso, as grandes distâncias, a deficiência dos meios de transporte e comunicação, o baixo índice de migrações internas entre Norte e Sul, tornavam esses espaços completamente desconhecidos entre si, verdadeiros mundos separados e diferentes que se olhavam com o olhar de estranhamento.

Com o nacionalismo, vê-se a necessidade de se conhecer diversas realidades do país que ainda não são conhecidas, para se pensar em uma política de unificação, superação das distâncias da nação. Os relatos de estranhamento funcionam de criar uma identidade para região de quem se fala, em oposição à área de que se fala. A diferença acentuada na vida material e social das duas áreas quase sempre é atribuída à presença do trabalho dos imigrantes no Sul e à falta deles no Norte.

São Paulo caracteriza-se como um “regionalismo de superioridade” , inspirando diversos artigos publicados no Estado de S.Paulo enaltecendo o Paulista, afirmando a sua descendência de europeus, os quais dominavam a região paulista. Com um complexo de superioridade, julgam Nordeste como um “grande espaço Medieval” a ser superado pelos “influxos modernizantes, partidos de São Paulo”. Muitas manifestações artísticas Nordestinas alimentavam essa ideia do Nordeste, mas nem sempre eram as expectativas e a visão que tinham da sua própria terra. Em outros discursos vê-se uma experiência de qualidade em relação ao Nordeste. A ideia do texto é entender como funcionam e a serviço de que as relações de força (verdadeira representação do nordeste). Tentar entender a produção desse conceito e como ele funciona, seja dentro ou fora de suas fronteiras.

Já na década de XX, as transformações mecânicas exigem uma transformação drástica para a manutenção das especialidades tradicionais e regionais e uma

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