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Mulheres em Movimento

Por:   •  15/3/2018  •  2.153 Palavras (9 Páginas)  •  247 Visualizações

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Uma das grandes conquistas do movimento no Brasil foi a criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, em 1984, que junto a outros grupos e organizações de mulheres, fez uma grande campanha pela inclusão dos direitos das mulheres na constituição de 1988. O resultado foi mais uma vitória do movimento feminista: a Constituição de 88 é uma das que mais garante direitos para as mulheres no mundo.

A Lei Maria da Penha, sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006, também foi uma grande conquista dos movimentos de mulheres que lutaram, pressionando o poder público para que garantisse um aparato institucional para o enfrentamento e erradicação da violência doméstica contra as mulheres.

O movimento feminista trouxe grandes contribuições através das organizações de mulheres. Atualmente, as mulheres se organizam principalmente dentro de Coletivos e ONG’s, que atuam junto com a sociedade civil e instituições.

As pautas dos movimentos feministas mudaram pouco ao longo da história, apesar de grandes avanços e conquistas das mulheres. Os direitos reprodutivos, violência de gênero e autonomia econômica, continuam sendo reivindicações principais.

Campanhas feministas organizadas por Coletivos, ONG’s e movimentos de mulheres, ganharam reconhecimento nacional e trouxeram notoriedade. A campanha “Chega de Fiu Fiu”, realizada pelo projeto Think Olga*, foi desenvolvida com o objetivo de denunciar e visibilizar o assédio sexual sofrido pelas mulheres em espaços públicos. A partir da campanha, o projeto desenvolveu uma pesquisa que trouxe a tona dados alarmantes: das 7762 participantes, 99,6% delas afirmaram que já foram assediadas e 81% afirmaram já ter deixado de freqüentar espaços públicos por medo de serem assediadas.

Juntamente com a pesquisa, a campanha foi de extrema importância para evidenciar e problematizar a dificuldade que as mulheres enfrentam para usufruírem plenamente dos espaços públicos com liberdade e segurança.

Outra recente campanha, que também ganhou notoriedade nas mídias e redes sociais, foi a #MeuPrimeiroAssedio. Ela foi realizada após uma participante do programa MasterChef Junior, de apenas 12 anos, ter sido alvo de comentários machistas e de teor sexual. Com a hashtag, milhares de mulheres relataram e denunciaram situações de assédio sexual que vivenciaram na infância, evidenciando a recorrência e naturalização desses acontecimentos.

[Viçosa – Coletivo]

No movimento Estudantil da Universidade Federal de Viçosa há grupos organizados que debatem temas como assistência estudantil, permanência na universidade e conflitos sociais inerentes a vivência dos estudantes no campus. Sendo assim, a organização de mulheres em Viçosa se deu pela necessidade de debater as questões que tangem a vida delas na Universidade.

O coletivo feminista Vacas Profanas surgiu em 2012 com intuito de reconhecer, debater, procurar soluções e expor dificuldades enfrentadas pelas mulheres, dentre elas o assédio por parte de alunos e servidores, violência de gênero e invisibilidade dentro do próprio movimento estudantil.

A partir da perspectiva da auto-gestão, o coletivo se fortaleceu e fomentou o debate sobre as pautas feministas através de rodas conversas, campanhas e articulações de mulheres.

Metodologia

O coletivo Vacas Profanas é um grupo auto organizado, que em parceria com Observatório de Movimentos Sociais da UFV, contribui na construção do movimento feminista em Viçosa através de rodas de conversas, campanhas e atividades de extensão.

A auto-gestão é a metodologia escolhida pelo grupo com o intuito de garantir a autonomia e a privacidade das mulheres que integram o coletivo, já que as reuniões também são espaço de denúncias e relatos de vivências e experiências.

Dentre as principais atividades desenvolvidas pelo Coletivo, está o seminário temático que é realizado uma vez a cada semestre. O seminário é um evento em que são discutidas as questões e problemáticas que tocam as mulheres dentro e fora do campus.

No primeiro semestre de 2015, o Coletivo Vacas Profanas realizou o Seminário Violência contra as Mulheres: da realidade ao enfrentamento que foi realizado no CEE, Centro de Ensino e Extensão e atingiu 30 a 40 pessoas. A programação foi organizada a partir de mesas de debates e rodas temáticas de conversa.

O espaço principal foi a mesa: “violência contra as mulheres em Viçosa: avanços e desafios”. Com cerca de 35 pessoas, esse espaço contou com a participação da defensora pública da comarca de Viçosa, Dra. Ana Flávia Diniz, que também é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. Ana Flávia atua diretamente com o enfrentamento da violência de gênero através da defensoria e em parceria com o projeto Casa das Mulheres. A Doutora relatou sua vivência no trabalho e as dificuldades que a rede de proteção a mulher em Viçosa tem enfrentado para se consolidar. Em meio a tantos desafios, a defensora também trouxe grandes avanços conquistados na luta pela erradicação da violência contra as mulheres. A lei de iniciativa popular n.2417/2014, o Protocolo Municipal de Atenção ás Mulheres em Situação de Violência, foi uma das grandes conquistas. Com a sua instituição, consolidou uma rede de proteção e atenção as mulheres vitimas de violência contando com a participação da Policia Civil, Policia Militar, Hospital São João Batista, Hospital São Sebastião, Divisão de Saúde da UFV, CRAS, Centro Viva Vida e Defensoria Pública.

Nesse mesmo espaço, o Coletivo Vacas Profanas foi convidado a ocupar uma cadeira no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher.

Outro momento de discussão de extrema relevância foi a roda de conversa sobre “violência contra as mulheres negras”. Integrantes do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro (NEAB- Viçosa) trouxeram muitas contribuições ao debate, relatando a vivência da mulher negra dentro da Universidade e na cidade, evidenciando a violência sofrida pelas mesmas. Elas expuseram a violência midiática sofrida pelas mulheres negras, que sempre são retratadas em novelas e comerciais como empregadas domésticas ou como apenas objeto sexual dos homens.

Aconteceu também um debate sobre a violência contra as mulheres lésbicas, que evidenciou o tema e denunciou a invisibilidade das lésbicas no movimento LGBT. O encaminhamento desse espaço foi a criação de um núcleo de mulheres lésbicas dentro do coletivo para que elas tenham autonomia de discutir e enfrentar as

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