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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Por:   •  14/7/2018  •  1.941 Palavras (8 Páginas)  •  358 Visualizações

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Levi-Strauss discorre que a eficácia simbólica está nas estruturas que são formadas no inconsciente, formando a produção de uma função simbólica exclusiva do inconsciente, trabalhada em toda estrutura do individuo, o mundo do simbolismo é amplamente diversificado, porem fica limitado por suas leis nas poucas estruturas. Metaforicamente, na contemporaneidade a psicanálise ocupa a posição da técnica de cura xamanística, excluem-se suas particularidades, pois não há lugar para o mítico numa sociedade mecânica que só a lugar para o próprio homem.

Ele quis dizer que a Cura Xamã indígena surgiu antes da própria psicanálise ou ela possui suas bases teóricas?!

A psicanálise pode recolher uma confirmação de sua validade, ao mesmo tempo em que a esperança de aprofundar suas bases teóricas e de melhor compreender o mecanismo de sua eficácia, por uma confrontação de seus métodos e de suas finalidades com os de seus grandes predecessores: os xamãs e os feiticeiros. (LEVI-STRAUSS, 2008, p.236).

Relacionando-se a obra de O feiticeiro e sua magia Strauss deixa claro que irá tratar de assuntos relacionados a mecanismos psicofisiológicos, uma vez que o objeto estudado está próximo da psicologia que da sociologia. Ele está preocupado em demonstrar e levar em conta os aspectos psicológicos e psicofisiológicos que a crença na magia pode fazer ao individuo, com esta ideia ele se equipara a Mauss, pois Durkheim em suas obras afasta a psique da sociologia.

A magia seria a junção do social com o psicológico, gerando uma instituição social e coletiva de crenças. Logo de inicio cita-se a morte por conjuro e enfeitiçamento:

[...] um indivíduo, consciente de ser objeto de um malefício, é intimamente persuadido, pelas mais solenes tradições de seu grupo, de que está condenado; parentes e amigos partilham desta certeza. Desde então, a comunidade se retrai: afasta-se do maldito, conduz-se a seu respeito como se fosse, não apenas já morto, mas fonte de perigo para o seu círculo; em cada ocasião e por todas as suas condutas, o corpo social sugere a morte à infeliz vítima, que não pretende mais escapar àquilo que ela considera como seu destino inelutável. (LEVI-STRAUSS, 2008, p.1).

No livro O ramo de ouro de Frazer há alguns exemplos semelhantes, como o de que em uma tribo de índios na qual se algum deles visse uma alma iria morrer logo um índio viu uma alma, ficou crente que iria morrer mesmo estando com um ótimo estado de saúde, ele adoeceu e morreu – poder da crença. Outro exemplo do mesmo livro com relação a proscrição é o de que em determinada tribo indígena, se a mulher estivesse no período menstrual se tornaria impura a sociedade, podendo até mata algum homem se passasse ao lado dele, ou geraria brigas entre eles, com isto deveria ficar isolada numa rede sem tocar no chão, para não despurificar as terra fértil, assim ela ficaria entre o plano dos deuses da terra e dos deuses do céu sem afetá-los, como num estado de liminaridade.

A pessoa adoece no fato de acreditar que esta sendo enfeitiçada, quando o individuo é curado gera-se a sensação alivio em toda sociedade, como relatada no caso do garoto acusado de feitiço, que a sociedade impôs a ele, até a nível dele acreditar que era mesmo um feiticeiro, o ‘adolescente’ chegou a se transformar, de ameaça para a segurança física de seu grupo, em garantia de sua coerência mental. (STRAUSS)

Levi-Strauss parece desdenhar o feiticeiro, para ele a vida social é vista como uma grande dramaturgia, que nesse teatro faz com que a magia tenha sua eficácia, quando o que está em jogo é a forma da encenação, com ela é feita, isso me remete ao grande jogo de encenação de determinadas igrejas, relacionando-as aos processos de cura.

Quesalid - Nesta passagem do texto ele explicita bem esses jogos de encenação, ele nunca acreditou nesses processos de cura, se tornou um xamã e queria desmascarar os xamãs que seriam falsos, como a técnica da pelugem ensanguentada – muito famosa. Quesalid logo se tornou um grande xamã, famosos em diversas regiões chegaram a desafiá-lo para um ritual de cura, ele desmascarou os falsos feiticeiros (Koskimo) e ainda o enfermo. Após isso, o feiticeiro Koskimo caiu a descrédito em sua tribo, teve que ir embora, pois a população tinha medo de vingança, um ano depois estava louco e morreu em consideração a isso se remete a construção coletiva do xamã, com essa desconstrução de sua imagem, desregulou a tríade da magia da eficácia simbólica, da força da crença coletiva.

Na obra de Introdução a Marcel Mauss, cita-se que é da natureza da sociedade que ela se exprima simbolicamente em seus costumes e em suas instituições; ao contrário, as condutas, individuais normais jamais são simbólicas por elas mesmas: elas são os elementos a partir dos quais um sistema simbólico, que só pode ser coletivo, se constrói, na passagem de Quesalid, o xamã é desconstruído simbolicamente.

Segundo Lévi-Strauss Quesalid não se tornou um grande feiticeiro porque curava seus doentes, ele curava seus doentes porque se tinha tornado um grande feiticeiro. Somos, pois, diretamente conduzidos à outra extremidade do sistema, isto é, ao seu polo coletivo, do consensus coletivo.

Assim como na eficácia simbólica no texto do feiticeiro e sua magia relatam a questão de comparação entre a psicanálise e a cura xamanística, uma vez que ambas têm abreação, no xamanismo o doente se cala, na psicanálise o doente que fala.

Portanto, são verossímeis que, num certo sentido, os fenômenos psicológicos são fenômenos sociológicos, o psico está relativamente ligado ao social. Por outro modo, inverte-se: aprova do social, só pode ser mental; dito que jamais pode estar certo de ter atingido o sentido e a função de uma instituição, senão somos capazes de reviver sua incidência numa consciência individual, baseando-se por Mauss.

Para Levi-Strauss, Mauss seria um dos primeiros que demonstrara à problemática da insuficiência da psicologia, assim como construído nos dois textos anteriores, a psicologia adquiri seu sentido nos contextos social e fisiológico, onde no primeiro é a linguagem em si e o segundo vive em metamorfose de acordo com as necessidades do individuo.

Ao ler os textos de Levi-Strauss, percebi paralelos existentes em rituais praticados na contemporaneidade, os jogos de encenação na construção da crença, por exemplo, em diversas igrejas evangélicas que possuem um grande “teatro” cercado de fieis assistindo e crendo naquele processo de cura, outro exemplo ligado ao fato de Quesalid que cuspia sangue com penugem

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