A ASCENÇÃO DA MULHER: A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NOS PARTIDOS POLITICOS BRASILEIROS
Por: Evandro.2016 • 20/8/2018 • 3.646 Palavras (15 Páginas) • 559 Visualizações
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- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Situação da mulher na antiguidade
Na Grécia antiga a mulher ocupava posição equivalente à do escravo no sentido de que tão-somente estes executavam trabalhos manuais, extremamente desvalorizados pelo homem livre. Tendo como função primordial a reprodução da espécie humana, a mulher não só gerava, amamentava e criava os filhos, como produzia tudo àquilo que era diretamente ligado a subsistência do homem: fiação, tecelagem, alimentação. Exercia também trabalhos pesados como a extração de minerais e trabalho agrícola.
Bergo (2008) afirma que:
A essa divisão de atividades correspondiam valorizações diversas. O “fora de casa”, onde se desenvolviam as atividades consideradas mais nobres – filosofia, política e artes - era o campo masculino. Ao afirmar que “os Deuses” criaram a mulher para as funções domésticas o homem para todas as outras, Xenofonte, no século IV a C. assim se refere à educação das mulheres: “... que viva sob uma estreita vigilância, veja o menos número de coisas possíveis, ouça o menos numero de coisas possíveis, faça o menos número de perguntas possíveis” (p. 87).
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Estando, assim, limitado o horizonte da mulher, era excluída do mundo do pensamento, do conhecimento, tão valorizado pela civilização grega. Quanto à civilização romana, no ano de 195 D.C, mulheres dirigiram-se ao Senado Romano protestando contra a exclusão do uso dos transportes públicos – privilegio masculino - e a obrigatoriedade de se locomoverem a pé. Diante deste protesto, assim se manifestou o senador Marco PÓCIO Catão: “Os senhores sabem como são as mulheres: façam-nas suas iguais, e imediatamente elas quererão subir às suas costas para governá-los”.
Essas palavras expressavam com clareza a relação do poder entre os sexos. Não é de complementaridade e sim de domínio e submissão, de coerção e resistência, que Catão fala. O Direito aparece, assim, nitidamente como instrumento de perpetuação deste desequilíbrio, legitimando a inferioridade da posição social da mulher.
Conta a ideia de que a sujeição da mulher seja um destino irrevogável, a-histórico e universal, levanta-se a experiência da relação entre os sexos existentes na Gália e na Germânia. Eram essas sociedades tribais, no qual o regime comunitário designava as mulheres um espaço de atuação semelhante ao dos homens. Conjuntamente, faziam a guerra, participavam dos Conselhos Tribais, ocupavam-se da agricultura e do gado, construíram suas casas. As mulheres funcionavam, também como juízas, inclusive de homens. Os cronistas romanos, como Tácito e Estrabão, registram com surpresa a posição da mulher nessas sociedades. Da mesma forma, os cronistas europeus do século XVI, chegavam à América, surpreendem-se com a relevância da posição da mulher entre os Iroqueses e Hurons. Nestas sociedades de caçadores e coletores não havia uma divisão entre economia domestica e economia social. Inexistia o controle de um sexo sobre o outro na realização de tarefas ou nas tomadas de decisões. As mulheres participavam ativamente das discussões em que estavam em jogo os interesses da comunidade.
2.2 A mulher na Idade Média
Durante os primeiros séculos da Idade Média, enquanto não haviam sido reintroduzidos os princípios da Legislação Romana - o que ocorreu no século XII em diante – as mulheres gozavam de alguns direitos, garantidos peãs leis e os costumes. Assim, quase todas as profissões lhes eram acessíveis, bem como o direito de propriedade e de sucessão, mas o seu trabalho sempre recebia remuneração inferior ao do homem. E mais, a intensa participação da mulher do mercado de trabalho durante a Idade Média - os homens, envolvidos em constantes guerras e longas viagens, ou recolhidos a vida monástica, estavam frequentemente afastados da vida comunitária - não lhe conferia, no entanto, prestigio social, posto que trabalho, bem como as artes e o conhecimento cientifico, não eram então considerados como valores em si, nem tampouco eram instrumentos de ascensão social. O poder, monopólio da nobreza e do clero, baseava-se na posse da terra e na ascendência espiritual.
Cabe ressaltar que o tribunal da Inquisição se instaurava no século XIV, quando profundas transformações econômicas e políticas desestruturaram as bases do modo de produção feudal, no qual, como foi dito, a mulher participava, ativamente. Tais transformações – mercantilismo, formação dos Estados Nacionais, reintrodução do Direito Romano - afastam a mulher da via pública. Ao mesmo tempo, o poder eclesiástico que se afirma pela Inquisição é essencialmente masculino, e no seu discurso estreita associação entre bruxaria e mulher, atribuindo conotações nitidamente sexuais aos ritos de sabá – “culto ao demônio”.
As milhares de mulheres queimadas não se distinguiram das demais por possuírem uma “natureza diversa”; elas teria, tão-somente, exercido determinados “malefícios” que seria inerentes a qualquer mulher. Era, portanto, a “natureza feminina” que ardia nas fogueiras no final da idade Média. “Se hoje queimamos as bruxas, é por causa do seu sexo feminino”, diz Jacques Sprenger, inquisidor que se remete aos textos sagrados para comprovar a inferioridade feminina: ”A mulher é mais carnal que o homem; vemos isso por suas múltiplas torpezas... Existe um defeito na formação da primeira mulher, pois ela foi feita de uma costela curva, torta, colocada em oposição ao homem. Ela é, assim, um ser vivo imperfeito, sempre enganador”.
2.3 A Mulher na Sociedade Industrial
Se durante a Idade Média a mulher atuou em praticamente todas as profissões, a partir da Revolução Industrial, determinadas atividades vão gradativamente tornando-se do domínio masculino. É justamente durante este período, quando o trabalhador se valoriza com instrumento de valorização do mundo pelo homem, que o trabalho da mulher passa ser depreciado. Excluída concretamente de determinadas profissões, tece-se também todo ideologia de desvalorização da mulher que trabalha, atribuindo-se menos pagamento a mão-de-obra feminina que à masculina; tal fato encontra sua lógica no processo de acumulação de capital, em que super exploração do trabalho da mulher (e do menor) cumpre função especifica.
Não houve, portanto, um afastamento da mulher da esfera do trabalho, e sim, formas próprias de sua inclusão nelas. Ela é totalmente excluída de determinadas
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