As artes visuais na educação infantil
Por: Ednelso245 • 15/12/2017 • 7.805 Palavras (32 Páginas) • 496 Visualizações
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O universo lúdico abrange, de forma mais ampla os termos brincar, brincadeira, jogo e brinquedo. O brincar caracteriza tanto a brincadeira como o jogo e o brinquedo como objeto suporte da brincadeira e/ou do jogo.
Na perspectiva do desenvolvimento da criança, o brincar possui quatro objetivos básicos de acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil:
I. Desenvolver autonomia através de relacionamentos seguros no qual o poder do adulto seja reduzido o máximo possível.
II. Desenvolver habilidades de descentrar e coordenar diferentes pontos de vista.
III. Que as crianças sejam alertas, curiosas, criticas e confiantes na sua capacidade de imaginar coisas e dizer o que realmente pensam.
- Que as crianças tenham iniciativa, elaborem idéias, perguntas e problemas interessantes e relacionem as coisas umas às outras.
Tais objetivos priorizam o desenvolvimento da criança através do brincar direcionado à construção do conhecimento, desenvolvendo a sociabilidade, aprendendo a conviver e respeitar o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo. Esse processo prepara a criança para o futuro, por nutrir sua vida interior, auxiliando no descobrimento de suas vocações e buscando sentido para sua vida.
Sendo assim, fica claro que o brincar para a criança não é uma questão apenas de pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno desenvolvimento de suas potencialidades.
1.2 - A importância do brincar
A criança é um ser sociável e está em constante desenvolvimento no processo de constituição do sujeito. Sua necessidade de contato com o mundo externo é de extrema importância, por tratar-se de uma etapa de relação objeto e ser, com o meio inserido.
Rompendo com a visão tradicional de que a brincadeira é atividade natural de satisfação de instintos infantis, Vygotsky (1998) apresenta o brincar como atividade em que tanto significados social e historicamente produzidos são veiculados quanto novos podem ali emergir. Brincar e o jogo de faz-de-conta consistem em espaços de construção de conhecimentos pelas crianças, na medida em que os significados que ali transitam são particularmente apropriados.
O processo de significação é destacado por Vygotsky (1998) em sua teoria da gênese e desenvolvimento do psiquismo humano, posto que, via atividade em contextos sociais específicos, o que é apropriado pelo sujeito vem a ser não a realidade em si, mas o que esta significa tanto para os sujeitos em relação quanto para cada um em particular. Assim, ressalta-se que esse movimento de apropriação das significações não se dá de maneira passiva nem direta, pois o sujeito reelabora, imprime sentidos privados ao significado compartilhado na cultura e nesse processo apropria-se do signo em sua função de significação, observando o seu duplo referencial semântico: “um formado pelos sistemas de significação construídos ao longo da história social e cultural dos povos; o outro formado pela experiência pessoal e social de cada indivíduo, evocada em cada ato discursivo”.
Vygotsky esclarece ainda que o desenvolvimento humano é um processo dialético, marcado por etapas qualitativamente diferentes determinadas pela atividade mediada, justamente o que o promove. Via atividade o homem (entendido enquanto sujeito genérico) é capaz de transformar sua própria história e a história da humanidade, posto que por seu intermédio transforma o contexto social em que se insere e ao mesmo tempo se transforma.
Por isso, os brinquedos, enquanto suportes para o desenvolvimento humano, não determinam a ação da criança, pois os objetos perdem sua força determinadora, enquanto na brincadeira “a criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada uma condição em que começa a agir independentemente daquilo que vê” (Vygotsky, 1998, p.127).
Nessa perspectiva, brincar consiste em atividade de crucial importância para o desenvolvimento humano, na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Mesmo em crianças muito pequenas é possível observar essa subordinação do objeto em si ao novo significado que lhe é atribuído, o que expressa o caráter ativo da criança no curso do seu próprio desenvolvimento.
Para Vygotsky o desenvolvimento humano diferencia-se da forma como é entendido por outras teorias psicológicas: este é visto como cultural, como um processo que ocorre orientado para si mesmo, porém necessariamente mediado por um outro, que vem a ser a própria cultura. Nesse movimento constituem-se os processos psicológicos superiores, enfim, a psique humana, entendida nesta perspectiva como inexoravelmente social, ou seja, como uma rede cada vez mais complexa de relações sociais internalizadas, relações em que o indivíduo vai se envolvendo desde o nascimento. Sendo adquirida e desenvolvida a partir do brincar voltado a aprendizagem de valores, registro, análise e tratamento.
1.3 - As contribuições da brincadeira para o desenvolvimento psico-motor
O processo de brincar está intimamente relacionado com o desenvolvimento psicomotor da criança, pois a partir do conhecimento de seu corpo, ela passa a controlar seus desejos, emoções e sentimentos, aprendendo a expressar-se.
A partir de tal relação, faz-se necessário o entendimento da ciência da psicomotricidade, que tem como objeto de estudo o homem através de seu corpo em movimento e em relação ao mundo interno e externo, envolvendo os seguintes elementos: esquema e imagem corporal, coordenação global, equilíbrio, dominância lateral, orientação espacial e latero-espacial, orientação temporal, coordenação dinâmica das mãos.
Tais elementos são indispensáveis para a formação da personalidade da criança, pois esta se sentirá bem a medida que conhecer seu corpo e perceber que poderá utiliza-lo para movimentar-se, expressar-se e manifestar-se em ambientes que por vezes poderá apresentar obstáculos que a obrigará a ultrapassá-los.
Toda e qualquer brincadeira exige da criança o conhecimento de suas potencialidades, assim como o espaço e limites. Por isso, na Educação Infantil, a psicomotricidade é de extrema importância por constituir elemento fundamental no processo de desenvolvimento motor das crianças dessa faixa etária. Nesse momento, deve-se estimular todos os aspectos necessários à preparação do indivíduo
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