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Anna Petrovna: A DESTRUIÇÃO DA MULHER JUDIA NA RÚSSIA CONSERVADORA DE TCHEKHOV

Por:   •  16/3/2018  •  1.626 Palavras (7 Páginas)  •  299 Visualizações

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Zinaida Savichna: E como pode ser feliz, meu anjo? (Suspira) Coitado, como ele se enganou!... Foi casar-se com aquela judia, sempre na esperança de que os sogros dariam à filha montanhas de ouro, mas não recebeu coisíssima nenhuma; pelo contrário… Desde que ela mudou de religião os pais não querem mais ouvir falar da filha; amaldiçoaram-na e… nem um centavo. Hoje ele torce a orelha, coitado, mas é demasiado tarde.

Sacha: Mamãe, isso não é verdade.

Babakina, com energia: Como é que não é verdade Sachenka? Toda a gente sabe! De resto, se não fosse por interesse porque se casaria com uma judia? Será que não há russas bastantes? Ele fez as contas, meu anjo, fez mal as contas… (com vivacidade). Mas o que ela hoje atura, santo Deus! É de se morrer de riso! Mal ele chega em casa, começa “Os seus pais roubaram-me! Fora daqui! Gira!” Mas para onde querem que ela vá? Os pais não a receberão; poderia colocar-se, mas não foi habituada a trabalhar. E ele massacra-a, massacra-, até que o conde se interpõe. Se não fosse o conde, já há muito tempo que ele teria dado cabo dela…

Sacha, que é apaixonada por Ivanov, tem um momento com ele, onde Petrovna os pega no instante em que estão se beijando. E assim, a moça se torna moribunda, cai de cama até que se encontra quase morta. O que torna mais que evidente o fato de que a tuberculose é reflexo de sua profunda dor e sofrimento pelo destrato do marido, a repulsa da família e o preconceito da sociedade. Enquanto Sacha vive uma aventura amorosa com Ivanov, a vítima de todas as atrocidades dessa sociedade conservadora se encontra quase morta e desmazelada pelos que a circundam, pois já não recebe mais amor, carinho e atenção para além da figura de seu médico, que é o único que parece ainda se importar com a moça.

Enquanto isso Ivanov é tomado pelo vazio existencial de quem tem culpa pela doença e futura morte da esposa. Sente remorso e é corroído por tê-la ignorado tanto ao ponto de estar prestes a matá-la, mesmo que sem desferir um tiro em sua direção, está a matá-la por falta de amor e excesso de traição.

A sociedade agora vê em Ivanov um verdadeiro charlatão que deseja a morte da esposa para que possa obter o dote de Sacha, o culpa do que acontece com a mulher e acredita que ele não passa de um Tartufo. E Petrovna agora carrega o rancor de uma mulher doente, deprimida, oprimida e traida, exala todos os mares do mundo através de sua inocência perdida. Tem raiva de Ivanov por tudo que aconteceu com ela e o culpa por não dedicar-se a ela nem em seus ultimos dias e nem o apreço e confiança dela o homem tem agora, pois ela mesma acredita ter sofrido um golpe de falta de amor como a moça bem dia na cena IX do final do terceiro ato.

Anna Petrovna: Agora tudo está claro para mim… Quando te casaste comigo julgavas que os meus pais perdoariam e me dariam dinheiro… Foi isso que pensaste…

Ivanov: Meu Deus, meu Deus! Aniuta está a pôr à prova a minha paciência… (chora)

Anna Petrovna: Cala-te! Quando viste que o dinheiro não vinha, mudaste de tática… Agora recordo tudo e compreendo… (Chora) Tu nunca gostaste de mim, nunca me foste fiel… Nunca!

Ivanov: Sara, isso é mentira! Diz tudo que quiseres, mas não me insultes com mentiras.

Anna Petrovna: Tu és um ser baixo, vil… Deves dinheiro ao Lebedev e, para solucionares o problema queres dar a volta à cabeça da filha enanando-a como me enganaste. É ou não é verdade?

Ivanov, sufocado: Cala-te, pelo amor de Deus! Já não respondo por mim… A cólera sufoca-me e eu sou capaz de te insultar…

Anna Petrovna: Tu enganaste-me sempre com a maior das insolências, e não só a mim… Punhas todas as desonestidades sobre as costas de Borkine… Mas agora eu sei qual era o verdadeiro responsável…

Ivanov: Sara, cala-te! Vai-te embora ou não saberei mais o que digo! Não poderei impedir-me de te dizer uma coisa horrível, injuriosa (Num berro) Judia!!!

Anna Petrovna: Não me calarei… Há demasiado tempo que tu me enganas para que eu me cale…

Ivanov: Não queres então calar-te? (Tenta dominar-se) Suplico-te…

Anna Petrovna: Anda, vai enganar a pequena Lebedev.

Ivanov: Muito bem! Fica então sabendo que vais morrer… O médico disse-me que, dentro de pouco tempo, vais morrer…

Anna Petrovna, senta-se; com um fio de voz: Quando é que ele te disse?

(Pausa)

Ivanov: Ah, como eu sou culpado! Meu Deus, como eu sou culpado!

Passado mais ou menos um ano entre o terceiro e o quarto ato, Ivanov se encontra casando com Sacha e Petrovna aqui já está morta. Morta pela falta de virtude, pelo desgosto, pelo sentimento de traição, pelo preconceito, pela falta de amor e pelos valores conservadores de uma sociedade extremamente preconceituosa

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