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A cisão entre Artista e Designer na escola de ULM

Por:   •  20/11/2018  •  2.230 Palavras (9 Páginas)  •  387 Visualizações

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O Belo é útil preenchendo uma função, portanto o que não é belo, não pode ser notado. Sócrates não separou o Belo do Bem, a união de ambas as coisas, torna-se uma parcela da Verdade e uma vez conquistada, possui sua própria beleza. É notável a relação hierárquica da beleza estética que depende das condições sensíveis e formais, da moral que refere-se ao estado da alma e a espiritual ou intelectual, conhecimento teórico. A estética provoca um prazer moderado, que completa-se na complementação da Verdade, estado que para os filósofos do Século V a.C, condiz com a natureza racional do ser humano.

A beleza universal

Já sabemos como constituir uma idéia a respeito do Belo através do pensamento platônico, uma vez que este é um valor atribuído as coisas. À medida que notada, não nasce e nem morre, ela se comunica com o sensível, enriquecendo em qualidades a matéria, mas que não necessariamente pertencem a este mundo. Tal diálogo com o ser, independente de espécie de Beleza, torna o amor a serviço do soberano Bem, acendendo na alma humana o desejo da imortalidade, fazendo-se passar os conhecimentos para as belas ações, belos conceitos, revelando-se “o oceano da beleza universal”.

Arte

Plotino, uma figura capital da renovação do platonismo, adota a beleza-sensível eternizada nas razões das belas coisas desse mundo. A alma que a rejubila assemelham-se a Beleza, manifestando o inteligível naquilo que é material e sensível. Constituir a própria alma nas coisas de forma indivisível (forma interior), é um fato que simetria e regularidade, que são aspectos exteriores, não podem explica. Seguindo os pensamentos de Aristóteles, a Beleza esta em toda a natureza, portanto o feio para Plotino, identifica-se como a ausência da forma. Se as coisas belas se parecem com a alma, é na própria alma que a Beleza se revela. A Beleza é inteligível, pertence às idéias, às formas puras e imateriais. Desta forma, Plotino fez da Arte um tipo de ação espiritual e contemplativa.

Santo Tomas de Aquino, representante máximo da escolástica, estudou o Belo enquanto estudava teologia. Para si, acreditava-se que a Beleza era uma propriedade transcendental do ser, paralela a Verdade e ao Bem. Contudo, tais aspectos eram de uma mesma realidade, o Bem é o que o homem deseja possuir, a Verdade é o que ele busca aprender intelectualmente. O Belo se relaciona com ambos, mas não tem a desejabilidade do bem, pois se impõe a nossa contemplação e difere da Verdade, porque consiste no deleite que a complementação trás ao espírito. Para sua doutrina, o Belo está próximo da Verdade. A integridade da perfeição/plenitude, a proporção de acordo entre partes e a claridade de adequação à inteligência, são três condições do Belo para Santo Tomas de Aquino, a inteligência divina manifestada como verbo.

Entretanto a separação de Belo e Arte acontece a partir do fazer artístico tornar-se um hábito operativo, que garante uma boa execução, entretanto não se encontra diretamente ligado com a Beleza. As operações formam obras úteis que servem aos interesses do ser humano, e obras que se subordinam a Beleza servem o espírito. Os pensadores escolásticos não reconhecem as funções das belas obras na vida do homem, toda orientada para o culto e a contemplação do ser divino. Esse juízo traduz a situação das Belas Artes que nessa época, ainda não constituem espécies definidas. Elas aparecem associadas a outros tipos de artes servis e liberais (arquitetura, musica, etc), sendo implementadas a partir do Renascimento, com a mentalidade moderna, onde confere uma posição especificamente definida, atribuindo-lhes a função espiritual privilegiada.

O belo, o bom e o prático

A Ulm foi uma escola de design alemã fundada em 1953 para promover e continuar os estudos realizados na Bauhaus. A escola visava formar projetistas (designers) qualificados, com ampla visão de mundo, sendo este um agente direto de transformação social e política.

Escola de Uml, 1955

A frase “participar na construção de uma nova cultura da colher à cidade” de Max Bill, um de seus fundadores, deixa isso bem claro. Para Bill, a formação do projetista de ampla visão não pode ser separada do significado de arte e do trabalho do artista, pois é nela que o profissional encontraria a autonomia que historicamente lhe foi negada pela revolução industrial e o trabalho especializado. Seria apenas na atividade artística que se poderia conciliar ideação e execução com finalidade de transformar politicamente a comunidade.

Consideramos a arte como a maior forma de expressão na vida, e é nosso objetivo organizar a vida como um trabalho de arte. Como Henry van de Velde uma vez afirmou, nós queremos lutar contra o feio com a ajuda do belo, do bom e do prático. A Bauhaus, como sucessora da instituição de arte fundada em Weimar por van de Velde, tinha o mesmo objetivo. Em Ulm, queremos ir mais longe, incorporando mais valor ao projeto de objetos, ampliando o escopo do planejamento urbano, atualizando o departamento de design visual e finalmente criando o departamento de informação. Tudo isso surge das necessidades naturais do nosso tempo. (BILL in LINDINGER, 1991, p. 19)

Antes de ser convidado para participar da fundação de Ulm, Max Bill já havia trabalhado no desenvolvimento da idéia de boa forma (gute form) no final de 1940. É nela que reside a importância da arte no projeto de objetos utilitários. A forma seria tudo que é visível e se relaciona com o espaço e as demais formas existentes nele. Sendo uma característica essencial que sua constituição estivesse vinculada a noção de qualidade e a idéia de que é possível acrescentar valor a determinada forma a partir do projeto. Partindo da idéia que tanto qualidade como valor são noções extrínsecas aos objetos.

A educação estética

Max Bill em uma entrevista a Michael Erlhoff, no final de 1980, afirmou que existem diferenças entre arte e design, principalmente, porque o designer deve sempre responder aos aspectos práticos relacionados à função dos objetos utilitários. Tanto no projeto de arquitetura quanto no de design existem, porém, “áreas de liberdade”, determinantes no desenvolvimento de um projeto, que estão relacionadas à questão estética, não podendo ser pensadas com base em “critérios puramente técnicos”[3]∗.

Concluindo noções fundamentais como a de possibilidade e a de escolha. Na visão de Bill, possibilidade e escolha seriam noções atreladas

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