A Instauração da arte e os modos do discursos
Por: Carolina234 • 22/12/2018 • 1.828 Palavras (8 Páginas) • 558 Visualizações
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- [Esta noção é antiga, e ela não possuía exatamente o sentido que assumiu com o tempo. Os dicionários nos dirão que obra-prima é a obra perfeita, a obra capital, a produção mais alta de um autor. Se consideramos que Os Lusíadas são uma obra perfeita, que a Ilíada é uma obra capital, que o Ateneu é a melhor obra de Pompéia, diremos que nos três casos estamos diante de obras-primas da literatura. Por razões ligeiramente diferentes: Os Lusíadas podem não ser essenciais, por exemplo, para a cultura de um americano, na Ilíada talvez encontremos irregularidades de construção, dizemos que O Ateneu é a obra-prima de um autor, Pompéia; mas nos três casos estamos diante de obras de qualidade que julgamos excepcional em relação a outras.]
- Obra-prima: a melhor obra de um artista, de um período ou de um determinado gênero.
- Os Lusíadas: poema épico de Camões, publicado em 1572. Este poema é dividido em dez cantos e é subdividido em estrofes de oito versos. Trata das viagens portuguesas em mares nunca antes navegados. A narração é composta por episódios históricos e mitológicos. O poema é todo em versos decassílabo, e as estrofes são de oitava-rima (ABABABCC), o que traz para obra uma sonoridade. A publicação do poema foi feita durante o Renascimento em Portugal.
- Ilíada: Um poema épico do grego Homero. É a obra mais antiga e uma das mais importantes da literatura ocidental. A narração trata da Guerra de Troia, em que homens e deuses mitológicos estavam envolvidos. Metade dos deuses apoiava os troianos, enquanto a outra metade os gregos. Os gregos foram os vitoriosos, que contaram com a intervenção de Zeus.
- O Ateneu: Obra publicada em 1888, escrita por Raul Pompeia, tornou uma das obras mais importantes no Realismo Brasileiro. Abordou uma linguagem nova e peculiar, incorporando as tendências literárias realistas, naturalistas e parnasianas. Pompeia nasceu em Jacuecaganga, no Rio de janeiro em 1863. Estudou em um colégio interno, onde teve experiências que expressou nas paginas de Ateneu.
Coli neste fragmento ressalta a diferença das obras, mas que cada uma é uma obra-prima dentro das suas particularidades. Apesar de serem encontradas irregularidades, de uma não ser relevante na cultura de um americano, todas ainda assim são obras- perfeitas.
- [No passado, entretanto, a obra-prima era aquela que coroava o aprendizado de um ofício, que testemunhava a competência de seu autor. Não se tratava de uma realização forçosamente inovadora, original, e era com frequência um produto utilitário, saído das mãos de um carpinteiro, ourives, tecelão. Os ofícios, exercidos em ateliês (isto acontece aproximadamente a partir do século XIV), constituíam um sistema não apenas de produção e de distribuição de objetos, mas também de ensino. O ateliê tinha um mestre, dono o mais das vezes da matéria-prima e dos instrumentos de fabricação, que ensinava aos aprendizes. Estes começavam crianças e adquiriam todas as técnicas necessárias ao ofício.]
- Oficio: trabalho que demanda uma habilidades especificas.
- Produto utilitário: objeto para o uso.
Neste paragrafo a noção de obra-prima no passado é apresentada. Anteriormente uma obra-prima era um objeto para o nosso uso, que era confeccionado por um mestre que possuía habilidades, e ensinava os jovens seu oficio.
- [Os ateliês agrupavam-se em corporações que os protegiam e estabeleciam regras precisas: por exemplo, que o proprietário de um ateliê fosse obrigatoriamente um mestre. E, para que o aprendiz se tornasse mestre, devia apresentar em concurso, a outros mestres da corporação, uma obra inteiramente de sua autoria, que pudesse ser considerada perfeita, demonstrando assim um domínio de todas as técnicas necessárias: era a obra prima.]
- [Dessa origem, que se liga a condições de produção específicas, a expressão se generaliza no sentido de denominar a melhor obra, o produto mais perfeito no campo das artes. São muitas as diferenças, que não podemos abordar agora, entre o emprego originário e o atual. Ressaltemos uma, que nos interessa: a obra prima, no passado, era julgada a partir de critérios precisos de fabricação, por artesãos que dominavam perfeitamente as técnicas necessárias. Hoje, os profissionais do discurso sobre a arte possuem critérios mais diversos e menos precisos em seus julgamentos, critérios que não são apenas o do saber fazer.]
Os donos de um ateliê precisavam ser mestres e seus aprendizes para se tornarem mestres deviam executar uma obra perfeita a fim de demonstrar suas habilidades para o domínio do oficio. Coli mostra a diferença entre os critérios do passado e os mais atuais. Atualmente uma obra nem sempre é um produto utilitário e os critérios de julgamento deixaram de ser simplesmente o ato de saber fazer.
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