Literatura e Teatro o Renascimento na Inglaterra e França
Por: Salezio.Francisco • 4/7/2018 • 3.299 Palavras (14 Páginas) • 422 Visualizações
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Ao longo do tempo de vigência do Império Romano, o público, de modo geral, se inclinava a apreciar espetáculos rudes e brutais nas arenas, sem ensinamentos morais esses espetáculos foram banidos com a consolidação na igreja católica na Idade Média, com o tempo dentro da igreja nasceu a necessidade de levar ao povo o ensinamento religioso de forma mais efetiva, havendo o grande obstáculo da língua, afinal, as missas eram oficialmente em latim, idioma que o povo não dominava. Assim, a representação de histórias morais e ensinamentos bíblicos começaram a ganhar espaço nas manifestações religiosas, em algumas situações as igrejas lotavam tanto que era preciso que as apresentações ocorressem nas praças.
Como nem sempre os padres atuavam em papeis de bom tom, a igreja passou a abrir espaços dessas apresentações a ofícios e assim na Inglaterra governada pela rainha Elizabeth, que o teatro inglês achou espaço para florescer e ocorreu um dos períodos mais fecundos de criação teatral de todos os tempos.
A produção teatral dessa época ficou conhecida como Elisabetana, em homenagem a rainha Elizabeth I. Os autores desse período brilhante da história do teatro mundial trouxeram para as suas peças teatrais as tradições religiosas e populares medievais, assim, como as novelas de cavalaria, envolvendo bravos heróis, os contos populares, um misto de mitologias e crenças religiosas e a saga de diferentes monarquias europeias estão contemplados nos textos de tragédias e comédias, hoje considerados clássicos do teatro mundial.
Um fator de extrema importância para a consagração do teatro inglês no Renascimento foi a presença maciça e constante do público nos muitos teatros construídos, cuja capacidade variava de 1.500 a 2.000 pessoas, especialmente em cidades como Londres, na qual a população da época não ultrapassava 160 mil habitantes. Nos teatros a população se misturava, inclusive os nobres da mais alta hierarquia, compartilhavam a plateia durante as representações que costumavam se estender durante horas.
A vasta produção teatral do período elisabetano pode ser conferida a vários escritores, sendo muito conhecidas e prestigiadas a obra dos “poetas da Universidade”: John Lyly (1554 – 1606), Henry Howard (1517 – 1547), aristocrata inglês e um dos fundadores da poesia renascentista inglesa. Thomas Kyd (1558 – 1594), autor de A tragédia espanhola, uma peça sangrenta (considerada precursora de Hamlet) que teve grande êxito e influência na época; Christopher Marlowe (1564 – 1593), um dramaturgo, poeta e tradutor inglês. É considerado maior renovador da forma do Teatro no período Elisabetano; Benjamin Jonson (1562 - 1637) que foi um dramaturgo, poeta e ator inglês, que criou um estilo que durou gerações, a “comédia de costumes”, que misturava o realismo e uma atmosfera satírica ao uso dos humores. No entanto, foi um escritor sem formação acadêmica – William Shakespeare (1564 – 1616) – que conquistou glória em vida, bem como o título de maior escritor de teatro de todos os tempos.
William Shakespeare (1564-1616) foi um teatrólogo, guardador de cavalos, ator e poeta inglês, autor de mais de 40 peças, 154 sonetos e 2 poemas. Dentre as peças, as de mais destaque são clássicos do teatro mundial até os dias de hoje como Romeu e Julieta, Hamlet, O mercador de Veneza, Sonhos de uma noite de verão, Macbeth, Rei Lear. É considerado unanimemente o autor que ocupa o centro do assim chamado “cânone oriental”, foi um gênio notável da poesia dramática na cultura ocidental. Pode-se dizer que Shakespeare foi o criador da nossa visão de sujeito, da ideia do indivíduo como singular, dotado de interioridade contraposta ao meio exterior.
Como pensador Shakespeare nos oferece não apenas uma visão de mundo, mas um leque de visões a partir dos seus personagens criados. Conseguiu revelar em suas peças uma talentosa fusão de influências clássicas, tradições medievais colocando o ser humano sempre no centro do enredo. Como artista, teve o dom de captar com muita mestria as paixões mais turbulentas e os sentimentos mais puros, a mais rara alegria e o mais penoso desespero na dor. Em suas criaturas, falam com a mesma clareza o sábio e o ignorante, a soldadesca vil e o caudilho triunfante. Concebeu as tragédias mais sombrias e as situações mais cômicas, narrando- as com a justeza de sua expressão e a magia do seu verbo. Shakespeare produziu sua obra ao compasso do tempo, com certa pressa, visando principalmente ao público ávido que o esperava. Foi magistral no aprofundamento das características com que povoou seu mundo.
Shakespeare exerceu forte influência na formação da língua inglesa, segundo Alípio Correia e John Milton, em Literatura Inglesa, há mais de 21000 termos lexicais nos escritos deste autor, muito inventados por este e hoje associados ao vocabulário inglês.
Após a morte de Shakespeare, os teatros ingleses fecharam as suas portas por causa da eterna guerra dos puritanos, que insistiam mais uma vez na história do teatro que, este era um instrumento de satanás para a imoralidade. Após vinte anos os teatros reabririam suas portas, apresentando peças de autores como George Eterege (1634 – 1691) e John Dryden (1631 – 1700).
Literatura e Teatro: o Renascimento na França
O Renascimento na França se deu, como em outros lugares, em tempos de paz, após a França ter se recuperado da Guerra dos Cem anos com a Inglaterra, que acabou em 1453. Quando o jovem rei Francisco I (1515-1547), colecionador de escultura, pintura, manuscritos e um grande admirador das artes, se encanta pelo Renascimento italiano e traz vários artistas italianos para França, dentre eles, Leonardo da Vinci. Era de posse do rei também quadros de Miguel Ângelo e Rafael, exposto dentre as grandes salas de seu castelo. Sua irmã a poetisa Margarida de Navarra, muito culta, era mecenas, junto com o irmão, das artes nacionais francesa e juntos tomaram a dianteira da formação de humanistas, em especial, com a idealização de um instituto o Colégio de França objetivando criar condições favoráveis para o afloramento das ciências, das letras e das artes que estariam a serviço da consolidação de sua monárquica e de uma cultura puramente francesa: “...decisiva para fixar as características da arte renascentista francesa: mais cheia de artificialismos e de afetação que a italiana ou flamenga, revelando claramente a origem aristocrática dessa inspiração.” (SEVCENKO, 1985. p. 66).
O olhar voltado para a Antiguidade clássica greco-romana fez os franceses buscarem cercar a criação artística literária, assim como a teatral, buscando restaurar
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