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A Literatura e o Teatro

Por:   •  26/10/2018  •  1.775 Palavras (8 Páginas)  •  270 Visualizações

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A dialética entre essas perspectivas constitui um quesito próprio do teatro e, nunca é demais lembrar, não são de forma alguma excludentes, mas se realizam no movimento pendular que vai de uma a outra, análogo ao processo crítico que toda obra de arte deve propiciar. O teatro, nesse sentido, funciona como um meio de reflexão (Médium de reflexão, na terminologia de Walter Benjamin) dos mais fecundos e, infelizmente, dos menos valorizados, questão que pode e deve ser abordada historicamente, mas não nesse espaço.

LITERATURA E TEATRO: DIALÉTICA ENTRE FORMA LITERÁRIA E PROCESSO SOCIAL

No século XVIII, o humanismo já havia se consolidado e o homem passou a se embasar na liberdade do pensamento e supremacia da razão. Livre do passado e agora responsável pela sua vida. A partir disso construiu-se a sociedade como a conhecemos. Adveio a revolução industrial, a revolução francesa e emergência da técnica e da burguesia. Esta, a burguesia, a partir da segunda metade do século XIX enfrenta varias crises econômicas, filosóficas e guerras - o que enseja uma forte Tonica individualista e materialista expressa na aceitação filosófica do existencialismo uma vez que já não havia espaço, diante dos acontecimentos pregressos, para o romantismo ou qualquer metafísica religiosa.

O existencialismo é o drama do homem contra o mundo, “condenado à liberdade”, e que precisa focar em si mesmo para descobrir um sentido para viver. Neste contexto, surgiu o que foi chamado com referencia ao teatro de “drama burguês”, caracterizado pela ruptura entre o ser e o mundo; entre a forma literária e subjetiva e o mundo objetivo e social, entre o expectador e o espetáculo. Na literatura Albert Camus; na filosofia Simone de Bovary e Sartre; na poesia Baudelaire e Rimbaud; no cinema Ingmar Bergman. É o homem burguês e moderno autônomo e auto-suficiente; sem a receptividade que ligaria o seu presente com o passado, a sua subjetividade com o contexto social; positivista, onde a própria arte se torna auto–referente e não dialética. Isto será expresso no drama, e mais precisamente no romance, que se tornou a forma mais expressiva da época, como na forma teatral, onde se desenrola o “drama burguês”. A arte aí imita a realidade da vida e valores burgueses, onde a própria arte torna-se produto de mera apreciação. Não há mais interação reflexiva entre o espectador e o espetáculo, mas um distanciamento estético que separa o sujeito literal do processo social, o homem do mundo e o expectador do espetáculo. Surge o que foi denominado de “arte pura” - limitada em si mesma.

No teatro essa separação, este distanciamento estético se dá pela total ausência do sujeito narrador, pelo ascender, no inicio, e apagar, no final, das luzes do palco denotando assim outra realidade que surge em frente ao expectador, cuja relação com a obra é puramente catártica e não reflexiva. No romance, se dá pela presença marcante do autor/narrador, objetivo e naturalista, e que não permite a identificação com a obra. Neste, onde a Tonica devia ser lírica há, ao contrario, um narrador epicista; naquele, no teatro, onde a Tonica devia ser dialética, há, em lugar, uma identificação quase lírica, mas artificial, puramente de entretenimento. Essas formas de arte pura, aqui no Brasil, fundiram-se e deu origem a teledramaturgia que sugerem ser instrumento de verossimilhança interna e externa para o homem e sua realidade, forma dialética que supostamente mostra os processos sociais ao individuo numa fusão entre literatura e teatralidade épica, mas, com bem sabemos, isso é uma falácia, posto que a novela no Brasil é senão instrumento da estagnação cognitiva e mantenedora do “status quo”.

QUESTÕES ATUAIS PARA O TEATRO

Atualmente, o teatro não para de mudar, fazendo com que a cada dia se torne mais importante para a população. Existem vários efeitos, figurinos, maquiagens, textos considerados irrepresentáveis e não destinados ao teatro que encontraram publico, a escrita dramática explorou dramaturgias que eram impossíveis ate então, tudo isso faz com que uma peça teatral, se torne algo magnífico, deixando o publico deslumbrado com toda a sua estrutura e organização. Porém, lamentavelmente, o teatro não é o mais importantes dos programas culturais da população. Ele se tornou uma arte minoritária. Isso não quer dizer uma arte insignificante, nem uma arte que esta acabando, mas a sua capacidade de repercussão na vida social não pode competir com a da televisão, onde as pessoas esquecem-no e se focam apenas na cultura televisiva, isso fez com que ficasse cada vez mais caro, tanto produzir, quanto assistir a um espetáculo.

Sabemos que as redes sociais e o mundo virtual até podem ser ferramentas para despolitizar a mudança, mas também sabemos que a mudança só se opera realmente quando as pessoas se juntam. Apesar de não sabermos do futuro do Teatro, podemos assegurar que está cheio de presente. Isso se deve à tenacidade dos seus fazedores e atores, herdeiros das memórias mais antigas do mundo. No teatro exibe-se a beleza e a fealdade, o humano e o inumano, o luxo e a pobreza, o autoritarismo dos déspotas e a rebelião dos povos.

O teatro pode ser um espaço mais propicio para se colocar questões sobre novas formas e assuntos nos dias que correm. Há uma pressão direta do publico e, ainda, dos próprios integrantes da equipe, sobre tudo que se relaciona a montagem: da escolha do texto - de um dramaturgo ou fruto de criação coletiva com base em ensaios e discussões do próprio grupo - a abordagem que se fará dele, a ênfase, as entonações das falas. Apesar de menos visível, mas acanhado e local limitado (por seu caráter mesmo), talvez seja mais decisivo ou incisivo, e cheguem mais rápido as questões mais preeminentes.

Dá para perceber que, com tantas influências, o teatro de hoje é uma arte muito rica. Existe a ópera, o teatro de bonecos,

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