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CALÇADAS - REVISÃO E ANÁLISE CRÍTICA DO USO DAS CALÇADAS NO BAIRRO HORTO - IPATINGA/MG

Por:   •  31/10/2018  •  2.789 Palavras (12 Páginas)  •  375 Visualizações

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É também de suma importância que as janelas principais dos edifícios estejam voltadas para a rua, assegurando a possibilidade de que haja sempre olhos vigilantes e que nunca haja um lado morto deixando a rua cega. É necessário, segundo JACOBS, que hajam pessoas que "tomam conta da rua sem compromisso", são as pessoas que notam os desconhecidos, observam tudo o que acontece e se precisarem intervir, elas intervêm.

E, para propiciar que os olhos da rua possam ter um alcance maior, restringindo assim possibilidades mesmo que sucintas, de ocorrências de crimes, a necessidade de uma boa iluminação, pois para JACOBS "a boa iluminação amplia cada par de olhos – “faz com que os olhos valham mais, porque o seu alcance é maior." A iluminação forte proporciona um reconforto às pessoas que precisam andar nas calçadas, porém de nada vale as luzes se não houver olhos e por traz dos olhos uma consciência de preservação da civilidade. Sendo esse o caso do Bairro Horto, pois nas ruas principais a maioria das edificações são comerciais, o que faz com que a rua perca seus olhos em certas horas do dia e acaba por abrir um espaço de tempo para aqueles com más intenções.

Segundo JACOBS, "bares e comércios noturnos que atraiam freguesia constante são um trunfo para a rua, porém estes tipos de estabelecimentos são mal vistos em vários bairros precisamente porque atraem estranhos, e estes de forma alguma são encarados como uma vantagem." Mas, seria vantagem para o Bairro Horto elaborar propostas para atrair mais destes comércios, suprindo assim a carência de mais olhos para as ruas nos horários do qual ela necessita?

O Bairro Horto vem se tornando o futuro núcleo de atividades comerciais e econômicas da região metropolitana do vale do aço, isso nos leva a considerar tais formas de melhorar seu convívio e segurança em sua vizinhança como pensar nas calçadas não apenas como um elemento urbanístico que divide a rua das edificações, mas pensar que elas podem ser o ponto fundamental que concilia vidas sociais apenas pelo fato delas serem públicas.

Partindo da definição de que as calçadas são locais de interação social, JACOBS, 2000 cita dois grandes princípios que geram uma identidade pública significativa para o local, seja para com os habitantes atuais quantos para ao cidadãos estrangeiros, de que “uma rede de respeito e confiança é um apoio eventual na dificuldade pessoal ou da vizinhança.” Ou seja, a inexistência da confiança é a total ruina de uma rua. Pois é a partir dela que se aplica o comprometimento pessoal.

Hoje as grandes cidades enfrentam o assunto de insegurança, como um dos maiores conflitos urbano a serem superados. E como citado anteriormente, JACOBS nos mostra algumas maneiras pelos quais é possível sanar ou amenizar essas inseguranças. O bairro Horto como sendo este foco principal de desenvolvimento, tem em sua utilização os primeiros sinais do não uso ideal das calçadas como sendo forma de interação social entre seus habitantes.

Observam-se então as possíveis causas para a “morte” das calçadas neste bairro: Primeiro, devido aos moradores em sua maioria serem considerados habitantes de classe média alta, população essa que não utilizam as ruas e calçadas como meio de socializar, apenas deixam seus filhos conviverem em lugares fechados e consideráveis, por ele mesmos, “seguros”. Segundo, devido ao receio de deixarem as crianças brincarem na rua, pois de fato não há os “olhos da rua” para cuidar ou vigiar seus filhos enquanto brincam. Terceiro e ultimo, mais sendo uma das principais mudanças, a introdução do avanço tecnológico em lares, vem cada vez mais, sendo o responsável em interferir no convívio social nas calçadas.

Neste primeiro ponto, a questão de um bairro abrigar apenas moradores de classes mais elevadas, entende-se como uma consequência de um determinado padrão, ao qual o bairro se impõe a ter. Mais é um erro de fato generalizar, que qualquer bairro de classe alta passe a ter os mesmo defeitos de uma má convivência da vizinhança. Uma análise feita por JACOBS em alguns bairros americanos abordam estes assuntos e trazem resultados significativos, entre a diferença em ter segurança e usos de calçadas melhores em bairros periféricos, em relação a bairros nobres.

Vale ressaltar o valor de uma convivência e interação social entre os vizinhos, selando laços mais afetuosos e comprometidos, desta forma é possível o surgimento de figuras públicas significativas para o bom andamento de um bairro. JACOBS cita a importância de uma figura pública. Sendo esta, qualquer tipo de indivíduo pelo qual tem seu grau de relevância no ambiente que ele está inserido, podendo ser donos de lojas, comerciantes, etc. Qualquer pessoal que tenha sempre seu local fixo, conhecendo bem cada morador do bairro e que de certa forma tem a confiança da maioria deles.

O motivo da existência dessas figuras públicas resume-se apenas em confiança. São através destes personagens da rua que todos os tipos de noticias percorrem facilmente pelo bairro. Entretanto, estes personagens não podem ser confundidos com “fofoqueiros”. JACOBS cita estas pessoas como fontes seguras que podem fornecer informações importantes e não com intuito de causar conflitos entre os habitantes.

A Confiança entra como princípio chave para a segunda causa citada. De acordo com JACOBS “confiança: forma-se com o tempo, a partir de inúmeros pequenos contatos públicos nas calçadas.” Diante dessa falta de contato interpessoal, este princípio não é adquirido. As ruas que se formam de maneira impessoal, consequentemente geram pessoas anônimas, ou seja, ruas sem convívio e vida nas calçadas, sendo assim não é possível compartilhar de vivências.

No bairro horto ainda reside grande quantidade de seus primeiros moradores, logo se tornam cada vez mais escassos, e diante do comportamento de partilhar, é possível notar as exigências de forma excessiva que é imposta pelos que já estão para com os que estão por vir, que serão seus futuros vizinhos. Isso gera o resultado de um estreitamento maior de relações e compartilhamentos sociais. Há a possível hipótese de que os vazios das ruas se dão pela perca de laços antigos e a insegurança de se fazer novos elos amigáveis.

Abordando uma causa abordada por JACOBS, 2000, de que as crianças não brincam mais como antigamente, podemos afirmar, pois isso é uma verdade incontestável. Atualmente com o avanço da tecnologia, as crianças encontram formas de divertimento virtuais dadas por pais que não tem tempo de estar investindo em atividades com seus filhos.

Brincar

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