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ANÁLISE DA RESTAURAÇÃO DO PALÁCIO ANCHIETA, PAUTADA NOS PRINCÍPIOS BASILARES DA CARTA DE VENEZA

Por:   •  3/5/2018  •  2.356 Palavras (10 Páginas)  •  356 Visualizações

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como a que transformou a antiga Igreja de São Tiago em dois grandes salões: atualmente o Salão São Tiago e o Afonso Brás.

Em 1983, reconhecida a relevante importância deste monumento e sendo uma das construções jesuíticas mais importantes do Brasil, o edifício foi Tombado pelo Conselho Estadual de Cultura, por ser considerado um monumento histórico que testemunhou a história e a importância dos jesuítas para o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo.

Iniciou-se em 2004 a primeira obra de restauração do Palácio. Após os 2 primeiros anos da reforma, o Palácio Anchieta passou a abrigar apenas os setores ligados ao Gabinete do Governador e todo o restante dos setores burocráticos do Governo foi transferido para outro local.

Os monumentos representam testemunho vivo das tradições de povos antigos, a partir da consciência desses valores, torna-se necessário reconhecê-los e assim, salvaguardá-los.

Baseado nestes princípios é que devem seguir a intervenções que visam conservar e restaurar os monumentos, deixando a cada nação, tradições culturais intactas.

O Segundo Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, reunido em Veneza, em maio de 1964 - promovido pelo ICOMOS – elaboraram a Carta de Veneza. Os critérios contemporâneos internacionalmente reconhecidos para intervenção de conservação em monumentos artísticos e históricos tombados seguem às recomendações deste documento.

O Palácio Anchieta, é parte integrante importantíssima, fundamental do patrimônio, independente das modificações que o prédio sofreu ao longo do tempo. Sendo uma criação arquitetônica isolada, testemunha da evolução do Estado do Espírito Santo e parte principal na concepção da atual Cidade Alta, se enquadra no artigo primeiro da Carta de Veneza, que estabelece “premissas” a fim de que a obra seja reconhecida como monumento.

Os elementos estruturais, adornos e seus materiais originalmente utilizados em sua construção e reformas ao longo dos anos são, portanto, inseparáveis no quesito preservação.

O artigo quinto da Carta de Veneza, recomenda que para facilitar a conservação do monumento é necessário a utilização do mesmo para fins sociais úteis, assim, além de abrigar as funções do Governo do Estado, o Palácio também é enquadrado como museu.

O pavimento térreo foi tratado de forma que seus ambientes pudessem contar a história construtiva do Palácio, devido a isso e baseado no artigo nono da Carta de Veneza, observou-se que a Sala de História e Memória, destinada a apresentar a história em formato multimídia, embora esteja inserida no conjunto, é parte adicional à estrutura antiga, e teve a sua composição arquitetônica marcada, pela distinção de materiais; reportando ao tempo presente.

Por causa de seu novo uso público, se faz necessário a instalação de novos equipamentos, um segundo elevador é instalado, as instalações do edifício (elétrica, hidráulica e telefônica) assim como os sistemas de climatização e drenagem são modernizados e o telhado passa por reforma completa. Todas essas intervenções e tecnologias modernas foram devidamente destacadas, para que fossem diferenciadas das antigas intervenções, evitando falsos históricos.

O acervo artístico e o mobiliário do palácio são restaurados e a Capela junto ao túmulo simbólico de Anchieta são relocados.

No decorrer da restauração, que envolveu pesquisas arquitetônicas, arqueológicas e escavações, foram descobertos inúmeros vestígios que contribuíram para valorizar a história do edifício, permitindo, por meio de achados, uma nova leitura dos usos do Palácio através dos tempos.

Para isso, se fez necessário a recuperação da circulação da área da antiga varanda do colégio e do pátio jesuítico e a integração dos vestígios históricos encontrados aos novos ambientes, por meio de tratamento, valorização e exposição dos mesmos.

Elementos das reformas ocorridas no século XVI e XVIII são aos poucos revelados, nos salões denominados São Tiago e Afonso Brás, como a parede original do edifício, o vão original de pedra com vestígios de pintura e as fundações do antigo Colégio.

Fica evidente também, a divisão que havia dos vários setores do antigo Colégio dos Jesuítas onde é possível ver a parede remanescente do século XVI e incorporado a ela o vão do século XVIII, que representa a última construção feita nessa mesma época e que estava atrás de uma parede de tijolos construída no século XX por causa das reformas promovidas no prédio. As reformas do século XX subtraíram do prédio essas obras que faziam menção aos aspectos religiosos ou conventuais do prédio.

Essas descobertas da ala mais antiga da edificação estão expostas e devidamente protegidas com vidro e metal, a fim de assegurar sua manutenção para conservação dessas ruínas e sua configuração permite a leitura da construção primitiva sem a necessidade de desenhos ou projeções. Por se tratar de escavação, essas ações seguiram as recomendações do artigo décimo quinto da Carta de Veneza. Os dois salões foram destinados a atividades de cunho sociocultural coletivo e novos ambientes de circulação interna foram abertos.

O Salão São Tiago fica na entrada principal e nele há também um painel que mostra como o Palácio foi construído e suas principais transformações e reformas. Mais a frente estão pias de água benta e uma caixa-cofre de ferro, ambos do século XVI, e que pertenciam à Igreja de São Tiago.

No Salão Afonso Brás, antiga nave da igreja que atualmente recebe exposições de arte, há uma parede de Esgrafito na nave lateral, original do século XVI, feita de esterco de vaca, de cavalo, conchas, argila e barro. De origem árabe, o Esgrafito é uma técnica de afresco, executada enquanto as argamassas ainda não secaram totalmente. A alvenaria recebe uma primeira camada de argamassa de base. Depois do nivelamento, aplica-se uma segunda camada de argamassa misturada com carvão para dar uma coloração diferenciada a um desenho específico. Embora parte do Esgrafito tivesse sido perdido e, mesmo que sua configuração norteasse a complementação da ausente, conforme o artigo décimo segundo, a fim de não integrar um falso elemento àquele já existente, nenhuma intervenção foi feita.

Fora os salões principais há o Salão de Imprensa, o Gabinete do Governador, a sala onde se encontra a representação simbólica do túmulo do Padre Anchieta, a sala dos ex-governadores, e a sala "Achados Arqueológicos", onde é possível ver urinol, garrafas de bebidas, e até mesmo fuzil fabricados na época de sua construção, tudo encontrada após as

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