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A DOENÇA DO MILHO

Por:   •  14/11/2018  •  13.035 Palavras (53 Páginas)  •  260 Visualizações

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(significativa capacidade homeostática).

Assim, os organismos que se desenvolvem nesse ambiente natural possuem satisfatória estrutura de resistência às mudanças, pois somente aqueles bem adaptados e competitivos, são capazes de encontrar um nicho ecológico para se estabelecer. Ainda, para manter a posse de seu território necessitam integrar suas populações, necessidades alimentares e atividades diversas aos demais componentes do ecossistema, resultando em intrincadas relações de interação.

O processo produtivo (agricultura) provoca o rompimento desse estado de equilíbrio, devido ao fato de beneficiar (ou privilegiar) apenas determinadas populações (espécies cultivadas), provocando conseqüente perda da estabilidade biológica do ecossistema. Por esse motivo, aquela complexa comunidade anteriormente mencionada é abruptamente substituída por uma quantidade reduzida de espécies, objetivando a produção de alimentos, energia e bens de sobrevivência. Esse sistema modificado pelo homem para o desenvolvimento da agricultura é denominado de agroecossistema (Fancelli, 1986).

Assim, a artificialidade e a simplificação biológica da exploração agrícola inerentes aos agroecossistemas ocasionam acentuado desequilíbrio, que culmina em grandes epifilias, exatamente pela pressão de seleção exercida sobre determinados organismos, que evoluem para a especialização patogênica de espécies cultivadas (predominantes) como forma de sobrevivência.

O reconhecimento da fragilidade dos agroecossistemas, o emprego de técnicas e tecnologias apropriadas e energeticamente aceitáveis, bem como o desenvolvimento de atividades agrícolas fundamentadas em princípios científicos, tornam-se imperiosos para a consolidação de uma agricultura racional, lucrativa e sustentável (Fancelli, 1986).

IV. MÉTODOS GERAIS DE CONTROLE

Os principais métodos de manejo ou controle integrado de patógenos apresentam natureza preventiva (ou profilática) e erradicante. Assim, o conjunto de medidas que objetivem a redução do inóculo (ou de propágulos) dos principais agentes causais de doenças consiste no método preventivo; ao passo que aquele que acarrete na diminuição da taxa de evolução ou na paralisação da doença e dos efeitos maléficos causados pela sua presença é considerado erradicante.

Dentre os principais métodos de controle de doenças comumente empregados na cultura de milho, destacam-se: a) resistência genética; b) adequação do sistema de produção; c) definição da época de semeadura e região de cultivo; d) rotação de culturas; e) “roguing”; f) uso de sementes sadias; g) tratamento de sementes; h) controle biológico; e i) controle químico.

a) Resistência genética

O método fundamentado na resistência genética constitui-se em uma das formas mais eficientes e econômicas de controle de doenças de plantas. Todavia, em função de algumas peculiaridades, representadas principalmente pelo grande número de raças fisiológicas características de determinados agentes causais de doenças, tornam tal método restrito a apenas alguns patógenos. Ainda, ressalta-se que a duração da resistência genética é função da virulência do patógeno e do manejo da cultura.

b) Sistema de produção e práticas culturais

O sistema de produção adotado interfere significativamente na incidência de doenças na cultura. Desta forma, lavouras de milho sob pivô central poderão estar mais propensas a maior incidência de doenças foliares quando comparadas às lavouras de sequeiro, sobretudo se o manejo da água não for fundamentado em critérios técnicos.

Da mesma forma, o controle efetivo de plantas daninhas em lavouras de milho desde o início do desenvolvimento da cultura, poderá contribuir para a significativa redução da incidências de doenças na lavoura em função de minimizar o nível de estresse de plantas por "mato-competição" e do grau de hospedagem de patógenos na área.

Ainda, o controle efetivo de fungos patogênicos que habitam o solo implica na implementação de medidas que visem a proliferação de microrganismos antagônicos (benéficos), que necessitam de aeração satisfatória, pH adequado (entre 5,5 e 6,0), elevado teor de matéria orgânica (superior a 3 %) e níveis equilibrados de nutrientes.

Outra prática bastante eficiente de redução da incidência de patógenos em plantas está relacionada à profundidade de semeadura. Desta feita, com o intuito de proporcionar a rápida emergência das plântulas, a diminuição do comprimento do hipocótilo (superfície de exposição) e o efetivo estabelecimento da cultura, recomenda-se a deposição da semente a, no máximo, 3 cm de profundidade, principalmente em áreas com histórico de fungos de solo e em condições relacionadas a solos apresentando temperatura inferior a 18°C.

Da mesma forma, como a maioria dos patógenos que infectam o milho sobrevivem nos restos culturais, o cultivo sucessivo de milho, a utilização de plantio direto sem o emprego de sistemas efetivos de rotação de culturas, bem como o mal manejo do solo, poderão acarretar em sérios prejuízos à cultura (Fernandes & Oliveira, 1997; Luz, 1995).

c) Definição da época de semeadura em função da região e do genótipo

O conhecimento e o contínuo acompanhamento do comportamento climático característico da região e da época de semeadura escolhida reveste-se de suma importância para o exercício de previsibilidade de ocorrência e da severidade das principais doenças relacionadas à cultura do milho. A análise dos fatores climáticos e de sua influência nas epidemias poderá contribuir para a consolidação de sistemas de produção racionais, sustentáveis e lucrativos.

Da mesma forma, a utilização indiscriminada de genótipos (superprecoces, precoces e normais) sem a devida avaliação de sua adaptabilidade à região e à época de produção almejadas, poderá contribuir para a ocorrência de acentuado nível de estresse, favorecendo a incidência de grande número de patógenos (Fancelli & Dourado-Neto, 1997).

e) Rotação de culturas

A rotação de culturas constitui-se em uma prática agrícola de ação ampla, que visa assegurar a estabilidade produtiva do agroecossistema, atuando predominantemente nas condições edáficas do solo. Como técnica de controle de doenças, a rotação de culturas, segundo Azevedo (1998), somente deverá ser empregada para o controle de patógenos necrotróficos, específicos e que possuam acentuada habilidade e capacidade de sobrevivência

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