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Resenha - Sobre a Morte e o Morrer

Por:   •  27/11/2018  •  2.043 Palavras (9 Páginas)  •  263 Visualizações

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O primeiro sentimento relatado na pesquisa é a negação. Para lutar pela vida, é necessário deixar essa condição de lado. Mas esse momento não significa que o indivíduo não queira conversar sobre o que está acontecendo com ele; é mais uma forma de adaptação. Em seguida, há a fase da aceitação parcial.

O sentimento da raiva surge quando já não é mais possível manter firme a negação. Essa fase é difícil para quem está perto da pessoa, pois o mesmo projeta sua raiva em tudo à sua volta. Um dos alvos mais comum dessa fase são os enfermeiros, e é por isso que se torna necessário que os mesmos tenham conhecimento disso para não piorarem o quadro do paciente. Na prática, observamos que as coisas não funcionam assim. Muitos enfermeiros, médicos e profissionais da saúde que estão perto dessas pessoas não dão contam de lidar com essa fase, levam para o pessoal e maltratam o indivíduo, enquanto o que ele precisa é totalmente o oposto. Cabe preparo dos mesmos, inclusive teórico, mas é algo não muito valorizado ainda.

O terceiro estágio é a barganha, o qual é muito útil ao paciente. Ele começa a ter reações de esperança, acredita que alguma divindade irá dar a ele o que quer, como a cura. É algo muito comum em pacientes terminais, mas na verdade essa fase é uma tentativa de adiantamento. Seria como uma recompensa por “bom comportamento”, e a equipe deve estar atenta à esse momento.

A quarta fase é depressão, quando o paciente não pode mais negar sua condição e precisa ser submetido a diversos procedimentos. Ele começa a perder coisas importantes, como sua identidade por exemplo. Os encargos financeiros fazem com que os mesmos despendam suas economias, abrindo mão inclusive de sonhos pessoais. Muitos perdem o emprego e se afastam do convívio da família. Esses fatores são bastante conhecidos por quem trata de tais indivíduos.

A melhor ação com essas pessoas nesse momento é a tentativa de animá-las, encorajá-las. É necessário muito manejo da equipe para que esse processo não seja uma depressão silenciosa, pois só aqueles pacientes que conseguem superar seus sentimentos de angústia e ansiedade é que conseguem alcançar finalmente o estágio de paz e aceitação. Aqui cabe outra reflexão. É muito comum, também na prática, observarmos profissionais que pensam esse momento como uma “frescura” do paciente, sendo rudes com os mesmos ou até evitando-os. Como visto, não é o tipo de ação que auxilia o paciente, mas muito pelo contrário, acaba por até mesmo impedir que ele alcance o último estágio, em que mesmo com a possibilidade de morte, ele aceita sua condição e fica em paz.

O quinto e último estágio então é a aceitação. O paciente não sentirá mais raiva de sua doença, externou seus sentimentos, sua inveja pelos sadios. Lamentou todas as perdas que terá e estará bastante cansado, tendo que dormir bastante. Isso significa o fim da luta, mas com um significado de aceitação.

De todos esses estágios por quais passa uma pessoa enferma, a única coisa que persiste é a esperança, e os pacientes sentem mais confiança nos médicos e profissionais que conservam essa esperança neles. Quando perdem a esperança, geralmente é um prenúncio para o fim. Porém, há uma sensação de angústia advinda dessa esperança: primeiro, a substituição dela pela desesperança, tanto por parte da equipe hospitalar como da família; e segundo, a incapacidade da família em aceitar o estágio final de um paciente. Aqui, ela se agarra a uma esperança milagrosa.

Há algo chamado de Síndrome pseudo-terminal. Isso acontece quando o paciente já foi desenganado, mas apresenta uma melhora considerável. Nesses casos, os pacientes sentem que foram abençoados com algum milagre e que receberam uma nova chance. Nesse sentido, enquanto psicólogos podemos pensar em trabalhos que abarquem essa nova significação para a vida de tal indivíduo, que já estava preparado para a morte, para o desconhecido, e por fim continua vivendo.

Evitar tocar no assunto “morte” pode ser muito prejudicial ao paciente, tanto quanto não parar para ouvi-lo. E, observamos que isso é o que mais acontece. Sempre que alguém fala em morte nessas situações logo é repreendido, logo falamos algo do tipo “não vamos pensar nisso, não vamos pensar em coisas ruins”. Acontece que a morte é uma possibilidade, e não falar sobre ela acarreta em problemas para lidar com ela muito antes de ela de fato se consumar.

Na fase terminal de um enfermo, a família exerce um papel importante, inclusive interferindo nas ações da equipe. Se essa interação equipe-família não acontecer, a qualidade do atendimento do paciente fica comprometida, ele não será ajudado com eficiência. A presença de entes queridos ao paciente pode interferir positivamente em suas reações. Além disso, problemas entre ele e essas pessoas devem ser resolvidos para que ele caminhe para a aceitação, e essa resolução deve ser intermediada por alguém íntimo dos dois ou algum profissional da equipe. Enquanto psicólogos, esse é um trabalho interessante a ser realizado. Ajudamos assim a família e o paciente, melhorando a qualidade do atendimento.

A autora ressalta outro fator importante referente à família: sua acomodação em UTI’s. Essa deve ser confortável e reservada, para que a interação com o paciente seja a melhor possível. Essa acomodação também deve ser voltada a interação entre parentes de diferentes famílias, o que possibilita troca de experiências. Em um artigo utilizado para uma das disciplinas do curso, há o relato de uma alternativa criada por uma psicóloga da área da UTI: um caderno de recados, onde as famílias escreviam para outras famílias. Essa estratégia possibilitou um amparo entre elas mesmas, que estavam passando por situações parecidas.

Outro momento delicado desse processo é informar à família sobre a possível morte do ente querido, sendo que a mesma passa por algumas fases também: negação; busca de opinião de outros médicos e aceitação da realidade. Quando a evolução da doença é mais lenta, há mais tempo para que os familiares se preparem para a morte, diferente de quando ela acontece de repente.

Por fim, a autora conclui o livro falando sobre a necessidade de profissionais que lidam com a morte frequentemente de demonstrarem e lidarem com ela de modo calmo e consolador. Em suma, o assunto do livro é pertinente não apenas a tais

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