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O Desenvolvimento Humano

Por:   •  22/10/2018  •  2.908 Palavras (12 Páginas)  •  443 Visualizações

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Spitz explica que ao nascer e durante os primeiros dias o bebê é protegido dos numerosos estímulos que o atinge por uma “barreira de estímulos”, que tem a função de não sobrecarregar este organismo/mente, evitando desgaste, preservando a energia para a progressiva integração/compreensão de todo o meio circundante que se dará no processo.

Os estímulos de origem interna (fome, sede, desconforto...) ou externa (barulho, frio, luz...) ao ultrapassam determinado limiar de proteção, causa “desprazer” na criança, que para reencontrar o estado de quietude, reage a esta excitação negativa, através de um processo de descarga: choro, grito ou agitação. No outro lado, sua ação levará uma reação materna, que segundo Bion ocorre “quando a mãe suficientemente contentora” é capaz de interpretar a “mensagem” do filho e lhe proporciona um ambiente calmo, protegendo a criança do excesso de estímulos externos e lhe satisfaz as necessidades básicas, a criança pode crescer em quietude, compreensão e confiança. É o que Sptiz chama de “dialogo” ao se referir a comunicação, sem verbalização, que socorre nesta díade frente à manifestação pelo filho de excitação negativa, e a busca de reestabelecer a quietude deste, promovendo o percussor de afeto.

Nestes primeiros dias de vida o bebê ainda não “reconhece” os estímulos tal como os adultos, que possui organização diacrítica, onde a percepção se dá pelos órgãos periféricos dos sentidos, é centralizada pelo córtex, e manifestando-se por processos cognitivos (processos conscientes de pensamento). A organização do infante será de “Recepção cenestésica” (para diferenciar de percepção que ainda não estão desenvolvidas) está centrada no Sistema Nervoso Autónomo, manifestando-se sob a forma de emoções, portanto, pode se dizer que a sensação nele é visceral e liga-se a algumas modalidades sensoriais, por exemplo, a região oral, fundamental na sobrevivência.

À medida que passa o tempo e acumula experiência, estes estímulos passam a ter valor de sinal. O conjunto dos sinais será memorizado permitindo ordenar o mundo em sua volta, reduzir o caos causado pela grande quantidade de estímulos que chegam aos diversos órgãos dos sentidos. A relação de reciprocidade que estabelece com a mãe, com uma permanente sequência de repetições, envolvendo - ação/reação/ação – permitirá realizar uma dose de aprendizagem que conduzirá, posteriormente, as diferentes percepções e capacidade mental de registro dos estímulos que conduzirão aos processos cognitivos e pensamento consciente.

A região oral é extremamente importante no estabelecimento da relação mãe/filho devido à amamentação (natural ou artificial). A boca serve de intermediária entre a recepção interna e a percepção externa. É através desta zona que a percepção de um estímulo (externo) vai ser gradualmente identificado e reconhecido, pois será associada a satisfação da necessidade de alimento. O momento da alimentação favorecerá o desenvolvimento da percepção de contato pelo ato da amamentação (estar no colo, introdução do mamilo na boca) e nesta repetição se dará a percepção à distância, pois o bebê fixa o rosto de quem o alimenta, portanto estas duas percepções se misturam numa única experiência, entretanto, observa-se que o rosto irá se tornar a percepção mais recompensadora neste processo.

A fase não objetal caracteriza-se pelos precursores de afetos (ou afetos arcaicos) - excitação de qualidade negativa ou quietude - e a frustração que o bebê sente entre o momento em que experimenta uma necessidade e o momento em que a necessidade é satisfeita, exercem uma pressão repetida que impele à adaptação. Acredita-se que nesta fase o bebé ainda não é capaz de diferenciar o tipo de pulsão – libidinal e/ou agressiva.

- O Estágio do percursor do objeto

As consequências, em termos de desenvolvimento, que advêm do estabelecimento do primeiro precursor do objeto são múltiplas. O bebê começa a ser capaz de:

- Ultrapassar o estado de simples “recepção dos estímulos internos” em favor de um estado de “percepção dos estímulos externos”.

- Adiar durante algum tempo o Princípio de Prazer em favor do Princípio de Realidade.

O Primeiro Organizador é a “Gestalt do rosto humano”, que se forma em torno do segundo mês de vida. Inscreve o período pré-objetal que se faz acompanhar pela aquisição do traço mnemônico da Gestalt do rosto humano em geral. Este é o primeiro traço de inscrição psíquica (ou a existência de uma representação no psiquismo).

À medida que os traços mnésicos se vão formando, a criança começa a conseguir reconhecer o rosto humano, esta evolução origina o seguinte fenômeno, o bebê começa a ser capaz “de deslocar os seus investimentos pulsionais de uma função psíquica para outra, de um traço mnésico para outro”. Assim, uma vez adquirida separação entre o Ego e o Id e construído um Ego rudimentar, o bebê começa a funcionar, e a mãe tem aqui um papel fundamental, ela vai durante algum tempo desempenhar o papel de Ego auxiliar. Esta estruturação somatopsíquica (passagem do somático ao psíquico) se processa de forma contínua, o que equivale a afirmar que “os protótipos dos núcleos do Ego psíquico têm de ser procurados nas funções fisiológicas e no comportamento somático”. A partir deste momento, o Ego passa a organizar, coordenar e integrar, substituindo o limiar primário de proteção contra os estímulos por um processo superior, mais flexível e seletivo.

É ainda neste estádio, que a criança evolui de um estado passivo para um estado ativo, adquirindo a capacidade de efetuar ações dirigidas, em que ao ser capaz de utilizar o “sorriso” como resposta, ele estará formando o protótipo de base de todas as relações sociais posteriores. O sorriso, enquanto resposta constitui-se num esquema do comportamento que coloca a ênfase na comunicação que existe na díade mãe/filho a qual vai permitir o estabelecimento de um tipo de inter-relação. Neste quadro as ações conscientes da mãe, bem como as suas atitudes inconscientes, vão constituir-se como “reforço primário” sobre a criança.

Estes processos de formação são designados por Spitz de ”processos de modelagem”, escrevendo a propósito disso que se verifica “uma série de trocas entre dois parceiros, mãe e o filho, que se influenciam reciprocamente de forma circular”. Obviamente, que num primeiro momento, e por razões óbvias, o bebê se encontre em desvantagem

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