LUIZ GONZAGA E SEU MODO DE SER NO MUNDO
Por: Rodrigo.Claudino • 4/5/2018 • 2.049 Palavras (9 Páginas) • 309 Visualizações
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Na filosofia fenomenológica de Arthur Tatossian , o Lebenswelt refere-se a mundo da vida ou mundo vivido, foi criado por Hursel, o mesmo foi trabalhando ao longo de sua obra, no qual foi amplamente desenvolvido em sua ultima fase. Sendo assim, não há divisão entre o externo e interno, o individual e social, o que é consciente e inconsciente. O lebenswelt é ao mesmo tempo o sujeito e objeto, entrelaçado entre o universal e singular.( MOREIRA; BLOC, 2015)
Binswanger direcionou-se com objetivo de descobrir como era a visão de mundo de seus pacientes, como o mundo era vivenciado por eles, passando a observar cada um nas dimensões de ser no mundo Umwelt, Mitwelt e Eigenwelt. Considera como fator importante que haja uma relação intersubjetiva entre o medico e o paciente. Para assim observar o Umwelt no qual se refere ao mundo físico, biológico e ao meio ambiente. O mitwelt esta relacionado as relações sociais, ou seja o mundo social, como o sujeito se relaciona com os outros. O eigenwelt está relacionado ao seu mundo individual (MOREIRA, 2011).
Corroborando com a biografia do Rei do Baião Luiz Gonzaga, que está sendo analisada fenomenologicamente. Se tratando dos seus modos de ser no mundo Umwelt (ibid.,2011), percebe-se o quanto o seu mundo ao redor é amplo, sendo cantor, sanfoneiro e compositor apresentando uma longa trajetória, fez várias musicas de sucesso, relacionadas ao ritmo nordestino, no qual ficou conhecido em todo o País. Se tratando do modo de ser mitwelt (Ibid.,2011), o mesmo tinha muitas parcerias, na década de 1943 fez parceria com Miguel Lima no qual criaram varias musicas que fizeram sucesso neste mesmo ano, fez parceira com o cearense Humberto Teixeira no qual seguiram o ritmo do baião as musicas era relacionadas a cultura e aos costumes nordestinos.
Conheceu Zé Dantas, no qual foi outro parceiro, pois Teixeira afastou-se para cumprir seu mandato de Dep. Estadual. Após o falecimento de Zé Dantas em 1962, Luiz fez novas parceiras com Hervê Cordovil, João Silva e outros. As musicas de Luiz passaram também a ser regravadas por cantores jovens dentre eles Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Na década de 80 gravou também com Raimundo Fagner, Dominguinhos, Elba Ramalho, e Milton Nascimento. Percebe-se o quão ele era comunicativo possuindo muitas relações,(GILDSON,2000).
Portanto, fica claro que, Luiz Gonzaga, era um homem de múltiplas e intensas relações. O que indica não haver separação significativa entre os três mundos propostos por Biswanger, unwelt, (mundo ao redor), mitwelt, (ser com o outro) e eigenwelt, (mundo individual). Como referido acima, esses três “mundos” propostos por Biswanger e vividos por Luiz Gonzaga, sempre estiveram intrinsecamente ligados entre si formando uma espécie de elo e/ou dialética caracterizando como uma espécie de holismo seu modo de ser no mundo.
2.1 O real e o imaginário no modo de ser de Luiz Gonzaga
Como se pode notar até aqui, as experiências de vida de Luiz Gozaga são intensas e bem realistas; parecendo estar mais inclinado ao campo do real puro do que ao imaginário. Entretanto, há variações a esse respeito quando por exemplo, ele adentra o mundo do imaginário quando está á compor suas músicas, é justamente nesse momento que Gonzaga transita entre o real e o imaginário. De forma geral, pode se perceber que o artista permanecia muito mais tempo no real que no imaginário, ou seja, o seu modo de ser no mundo era de vivenciar mais as experiências do mundo real, ou como bem afirmava Husserl, ele vivenciava o fenômeno tal como ele se apresentava para a sua consciência; o que para as classificações diagnósticas de transtorno mentais, ele seria facilmente diagnosticado como neurótico.
Quanto a essa questão, Merleal Ponty, (apud, MOREIRA, et, al, 2011), esclarece as diferenças básicas entre o real e o imaginário; primeiro que há dois tipos de imaginários. A saber, o imaginário e o imaginário puro. O primeiro se refere aquele imaginário originado a partir de um fenômeno real, de um conhecimento prévio que o sujeito tem sobre a existência de um determinado objeto, é algo que foi pensado, imaginado a partir de algo que existe de fato. O segundo, é de origem puramente subjetiva, é interno, gerado direto da mente, não tem relação com nenhum objeto da realidade, é gerado a partir dos próprios pensamentos da pessoa; não é pensado a partir de algo real. A pessoa apenas imagina algo que na realidade não existe de fato.
No campo da saúde mental, ou melhor da Psicopatologia, (MERLEAU PONTY, apud, MOREIRA, et, al, 2011), esclarece que, a patologia mental se dá a partir do momento em que o sujeito passa a experimentar, vivenciar o real puro ou o imaginário puro ou seja, tem que haver uma discrepância, um desequilíbrio entre essas duas instâncias. Ao contrário, a saúde mental, seria justamente o oposto dessa situação, onde a pessoa transita entre o real e o imaginário, sempre equilibrando essas duas forças, nunca enfatizando mais uma em detrimento da outra. A inda sobre essa questão, os autores afirmam que é na relação com o mundo que se dá o adoecimento e que a saúde seria um estado de equilíbrio entre a relação com o mundo e o modo de ser no mundo. (ibid.,2011).
Um outro fator importante na visão de Merleau Ponty, é o conceito de corporalidade que foi observado muito bem no modo de ser de Luiz Gonzaga, que como artista usava muito bem o seu corpo como porta de entrada de comunicação com o mundo e com as milhares de pessoas com as quais se relacionava cotidianamente. Corroborando com a teoria merlopontiana, seu corpo funcionava como uma linguagem, uma forma de expressar a si mesmo e ao mundo, é onde ele se encontrava objetivamente e subjetivamente, tudo isso é claro interligado ao mundo. (ibid.,2011). Por isso Ponty afirmou que o corpo é o canal de interação, de comunicação do homem com o mundo, sem o qual não há relações.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas investigações realizadas através deste estudo, foi possível uma compreensão fenomenológica do homem em quanto ser no mundo, tendo como base uma análise descritiva dos fenômenos tais como eles são na realidade e não como agente gostaria que eles fossem. Incialmente, a análise da biografia proposta nesse trabalho, havia gerado uma indagação, uma pergunta problema a qual, fora respondida no decorrer dessa investigação, sendo que houve uma refutação da pergunta problema inicial. Mas também, houve descobertas e consequentemente, respostas para outras indagações.
Esse trabalho foi de grande relevância para mim, sendo que me proporcionou realizar, um novo tipo de
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