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Fichamento Mecanismo psíquico do esquecimento

Por:   •  13/3/2018  •  1.520 Palavras (7 Páginas)  •  550 Visualizações

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Quando Freud tentou recuperar o nome do artista, resgatando-o do recalcamento, a influência do laço em que o nome se enredara no intervalo fez-se inevitavelmente sentir. De fato, Freud descobriu o nome do artista, mas não o correto. Era um nome deslocado, e a orientação do deslocamento fora dada pelos nomes contidos nos temas recalcados. “Botticelli”; contém as mesmas sílabas finais que “Signorelli”; portanto, as sílabas finais – que, diferentemente da primeira parte da palavra “Signor”, não podiam estabelecer uma ligação direta com o nome “Herzegovina” – tinham retornado; mas a influência do nome “Bósnia”, regularmente associado com o nome “Herzegovina”, foi evidenciado ao dirigir a substituição para dois nomes de artistas que começavam com a mesma sílaba, “Bo”: “Botticelli” e “Boltraffio”. Verifica-se que a descoberta do nome “Signorelli” sofrera a interferência do tema que estava por trás dele, no qual apareciam os nomes “Bósnia” e “Herzegovina”.

Freud diz que, para que esse tema pudesse produzir tais efeitos, não seria o suficiente que ele tivesse suprimido uma vez na conversa – coisa que se deu por motivos casuais. Deveria, antes, presumir que o próprio tema estivesse também intimamente ligado a fluxos de representações nele presentes em estado de recalque. Para Freud, a experiência ensinou-o a insistir que todo produto psíquico é elucidável e até mesmo sobredeterminado. Consequentemente pareceu a Freud que o segundo nome substituído, “Boltraffio”, exigia uma outra determinação, pois, até ali, apenas suas letras iniciais tinham sido explicadas, por sua assonância com “Bósnia”. Recordou-se então de que essas representações nunca o haviam absorvido mais do que algumas semanas antes, depois de ter recebido uma certa notícia. O lugar onde Freud recebeu a notícia chamava-se “Trafoi”, e esse nome é semelhante a segunda metade do nome “Boltraffio”.

Para Freud, exemplo aqui elucidado pode servir como modelo dos processos patológicos a que devem sua origem os sintomas psíquicos das psiconeuroses – histeria, obsessão e paranoia. Em ambos os casos, Freud encontra os mesmos elementos e a mesma interação de forças entre esses elementos. Do mesmo modo que aqui e por meio de associações superficiais similares, um fluxo de representações recalcado se apodera, na neurose, de uma ingênua impressão recente e a faz imergir com ele no recalque. O mesmo mecanismo que fez Freud substituir os nomes “Botticelli” e “Boltraffio” emergirem de “Signorelli” rege também a formação das representações obsessivas e das paramnésias paranoicas. Além disso, Freud diz que esses casos de esquecimento têm a característica de liberar um desprazer contínuo até o momento em que o problema é resolvido.

Portanto, conclui Freud, entre os vários fatores que contribuem para o fracasso de uma recordação ou para uma perda de memória, não se deve menosprezar o papel desempenhado pelo recalcamento, e isso pode ser demonstrado não só nos neuróticos, mas também com que dada impressão é despertada na memória depende não só da constituição psíquica do indivíduo, da força da impressão quando recente, do interesse voltado para ela nessa ocasião, da constelação psíquica no momento atual, do interesse agora voltado para sua emergência, das ligações para as quais a impressão foi arrastada etc. Assim, a função da memória, fica desse modo sujeita a restrições por uma tendência da vontade, exatamente como qualquer parte da nossa atividade dirigida para o mundo externo. Freud diz que, metade do segredo da amnésia histérica é desvendado ao dizermos que as pessoas histéricas não sabem o que não querem saber; e o tratamento psicanalítico, que se esforça por preencher tais lacunas da memória no decorrer de seu trabalho, leva-nos à descoberta de que a tarefa de resgatar essas lembranças perdidas enfrenta certa resistência, que tem de ser contrabalanceada por um trabalho proporcional a sua magnitude. No caso de processos psíquicos que são basicamente normais, não se pode alegar que a influência desse fator tendencioso na revivescência das lembranças de algum modo supere todos os outros fatores que devem ser levados em conta.

Segundo Freud, todos os tipos de casos de ato falho têm em comum, independentemente do material, o fato de não estarem entregues a uma escolha psíquica arbitrária. Freud demonstra que todos exibem o mesmo mecanismo psíquico, o qual diz respeito à possibilidade de estabelecer uma ligação associativa com um conteúdo de pensamento inconsciente.

Nesse sentido, os atos falhos são efeitos manifestados cuja fonte são conteúdos inconscientes de pensamentos. Há uma interferência de cadeias de pensamentos, isto é, não conscientes para o sujeito no momento, o qual nada parece saber.

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