DESENVOLVIMENTO MORAL: PIAGET E KOHLBERG
Por: Juliana2017 • 14/2/2018 • 1.541 Palavras (7 Páginas) • 618 Visualizações
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Na teoria de Kohlberg, um tipo de julgamento moral mais evoluído ocorreria a partir de um pensamento pós-convencional, que enfatizaria a democracia e os princípios individuais de consciência. Haveria uma sequencia de estágios, que apareceria em diversas culturas da mesma maneira, que são apresentados no quadro a seguir.
Quadro 1 - Estágios de Desenvolvimento Moral de Kohlberg[1]
Estágio 1 - Orientação para a punição e a obediência.
Neste estágio, a moralidade de um ato é definida em termos de suas consequências físicas para o agente. Se a ação é punida, está moralmente errada; se não for punida, está moralmente correta. "A ordem sócio-moral é definida em termos de status de poder e de possessões ao invés de o ser em termos de igualdade e reciprocidade" (Kolberg, 1971, p.164).
Estágio 2 - Hedonismo instrumental relativista.
A ação moralmente correta é definida em termos do prazer ou da satisfação das necessidades da pessoa. A igualdade e a reciprocidade emergem como "olho por olho, dente por dente".
Estágio 3 - Moralidade do bom garoto, da aprovação social e das relações interpessoais. O comportamento moralmente certo é o que ganha a aprovação de outros. Trata-se da moralidade de conformismo a estereótipos, por exemplo: "É papel de todo bom marido salvar a vida da sua mulher". Há uma compreensão da regra "Faça aos outros aquilo que você gostaria que lhe fizessem", mas há dificuldade de uma pessoa se imaginar em dois papéis diferentes. Neste estágio, surge a concepção de equidade através da qual há a concordância de que é justo dar mais a uma pessoa mais desamparada.
Estágio 4 - Orientação para a lei e a ordem, autoridade mantendo a moralidade.
Há grande respeito pela autoridade, por regras fixas e pela manutenção da ordem social. Deve-se cumprir o dever. A justiça não é mais uma questão de relações entre indivíduos, mas entre o indivíduo e o sistema. A justiça tem a ver com a ordem social estabelecida e não é uma questão de escolha pessoal moral. O estágio 4 é o mais frequente entre adultos.
Estágio 5 - A orientação para o contrato social democrático.
Este é o primeiro estágio que pertence ao nível pós-convencional. As leis não são mais consideradas válidas pelo mero fato de serem leis. O indivíduo admite que as leis ou costumes morais podem ser injustos e devem ser mudados. A mudança é buscada através dos canais legais e contratos democráticos.
Estágio 6 - Princípios universais de consciência.
Neste estágio, o pensamento pós-convencional atinge seu nível mais alto. O indivíduo reconhece os princípios morais universais da consciência individual e age de acordo com eles. Se as leis injustas não puderem ser modificadas pelos canais democráticos, o indivíduo ainda resiste a elas. É a moralidade da desobediência civil, dos mártires e dos revolucionários, e de todos aqueles que permanecem fiéis a seus princípios ao invés de se conformarem com o poder estabelecido e com a autoridade.
Assim, esta teoria estabelece modos de julgamento moral, maneiras de raciocinar, e não conteúdos morais em si. Portanto, uma mesma atitude ou decisão pode ser classificada em qualquer um dos estágios, pois o importante é a justificativa que a pessoa dá para sua decisão. Em resumo, podemos dizer que no nível pré-convencional (estágios 1 e 2) não há ainda uma internalização de princípios morais, pois os atos são julgados pelas suas consequências e não pelas suas intenções. Se as consequências levam a castigo, o ato foi mau, se levam a prazer, o ato foi bom. Estamos ainda numa fase pré-moral. O nível convencional é o nível de internalização por excelência. O indivíduo acredita no valor daquilo que julga como certo e afirma que se deve fazê-lo em nome da amizade, da aceitação pelos companheiros (estágio 3) ou do respeito à ordem estabelecida (estágio 4). Note-se que o respeito à ordem aqui é diferente do primitivo medo da autoridade e da punição que caracteriza o pensamento do estágio 1. No estágio 4 já aparece o respeito à sociedade, ao bem-estar do grupo e às leis estabelecidas pelo grupo. No nível pós-convencional, encontramos pela primeira vez o questionamento das leis estabelecidas e o reconhecimento de que elas podem ser injustas, devendo ser alteradas. Vai-se além da internalização. Na perspectiva de Kohlberg, há limitações óbvias à perspectiva do estágio 4, valorizando-se a manutenção das leis, enquanto que no nível pós-convencional tem-se a criação de novas leis ou a modificação de leis (Biaggio, 1997).
Referências
Biaggio, A.M.B. (1997) Kohlberg e a "Comunidade Justa": promovendo o senso ético e a cidadania na escola Psicologia Reflexão e Crítica, vol.10 n.1
Piaget, J. (1932/1994) O Juízo moral na criança São Paulo: Summus.
Piaget, J. (1964/1967) Seis estudos de Psicologia São Paulo: Forense Universitária
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