AFETIVIDADE, EMOÇÃO E APRENDIZAGEM
Por: eduardamaia17 • 23/3/2018 • 5.310 Palavras (22 Páginas) • 362 Visualizações
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Autonomia – um segundo avanço no desenvolvimento da afetividade, é a emergência dos sentimentos autônomos – as relações de respeito com os adultos. Antes de aceitar valores estabelecidos por outros, o raciocínio os avalia.
Por volta dos sete ou oito anos, as crianças passam a fazer suas próprias avaliações morais, e consideram o que é certo ou errado. Isto não significa que suas avaliações sejam corretas, mas significa que elas começam a mudar de uma moralidade de obediência a valores, a uma moralidade de cooperação e avaliação.
Desenvolvimento Afetivo e Adolescência
Como já vimos, o desenvolvimento cognitivo e o afetivo guardam uma matriz comum. Na adolescência o desenvolvimento afetivo é caracterizado por dois fatores principais: o desenvolvimento dos sentimentos idealistas e a formação da personalidade.
Sentimento idealista – com o desenvolvimento das operações surge a capacidade de pensar sobre, raciocinar sobre, e de refletir sobre o próprio pensamento. Uma das principais diferenças entre pensamento do adolescente e do adulto reside no fato de que o adolescente no início aplica o critério de pura lógica no julgamento dos eventos humanos. Se ele é lógico é bom, correto e assim vai. Ele ainda não distingue entre o mundo lógico e o real;
A formação da personalidade – o bebê ao nascer interage com a mãe e outras pessoas, suas interações são pré sociais no início. Os primeiros contatos não são verdadeiras interações sociais, pois não envolve comunicação nem sentimento.
O desenvolvimento social tem continuidade na adolescência. Piaget (como citado em Wadsworth 1996), nos diz “que é nesse período que ocorre a definição do que ele chama de personalidade”.
Piaget relata que a definição mais ou menos permanente da personalidade, ocorre quando o adolescente busca se adaptar a sociedade e não mais ao eu individual. Para Piaget, a formação da personalidade e tudo o que ela implica pode ser considerado como o aspecto final do desenvolvimento afetivo e social. Nada disse é automático, muitas emboscadas podem ocorrer no decorrer do desenvolvimento do próprio conhecimento social e na maneira que o indivíduo se sente em relação ao outro (Wadsworth, 1996).
Afetividade na Escola Alternativas Teóricas e Práticas
Vygotsky e as Complexas Relações entre Cognição e Afeto
Começaremos com uma abordagem sobre a história escrita pelo autor Verissimo, 2002, (citado em Oliveira & Rego, 2003) de um homem que sobreviveu a um naufrágio, e acabou em uma ilha deserta, e lá conseguiu sobreviver durante 40 anos, até morrer.
Os primeiros 20 anos foram os piores, quando não estava procurando comida, estava pensando na vida que levara e lembrara tudo o que perdera. Pensava em sua vida sofrida como marinheiro, pensava em sua mulher fiel que o ajudava e o esperava todos os dias no porto, pensava em sua casa modesta nos amigos e vizinhos e nas coisas que nunca mais veria e faria, e com esses pensamentos chorava muito. Até que então, numa certa manhã, após um vendaval, o homem viu que o vento tinha derrubado uma árvore da ilha, e que no buraco deixado pelas raízes arrancadas, havia um tesouro. Um grande baú cheio de moedas de ouro e jóias.
Da noite para o dia, o naufrago tornara-se um milionário. Com toda essa fortuna poderia levar uma vida de rei. E pelos 20 anos seguintes o homem imaginou tudo o que poderia fazer com a fortuna, depois de abandonar a mulher, que não serviria mais para um milionário, e os vizinhos e amigos, que só pediriam dinheiro. Mal podia esperar o anoitecer, para pensar em sua vida de rei ou quase rei, pois decidira comprar um título de nobreza para ele e um para sua nova esposa Gisele.
Mas de que serviriam joias e moedas de ouro, em um lugar onde não se tem nada para fazer ou comprar? Esperava-se que essa descoberta fosse desprezível para a situação do homem na ilha. Mas, foi o tesouro, sim que trouxe a felicidade ao náufrago. Não porque sua situação na ilha tenha se transformada objetivamente, mas porque seu psiquismo, como o de todos os seres humanos, funcionava com base em sentidos e significados construídos historicamente e compartilhados culturalmente. Ele não era mais um pobre náufrago que lembrava o passado, mas um homem rico que projetava o futuro. Em seu imaginário, construído culturalmente, ser milionário está atrelado à ideia de felicidade, conforto, de relações pessoais qualificadas e de acesso fácil a mulheres bonitas. (Oliveira & Rego, 1992).
Domínios Genéticos e o Desenvolvimento da Afetividade
Conforme Oliveira e Rego (1992), dentro da perspectiva de Vygotsky, a estrutura e os processos específicos da vida psíquica de um indivíduo, devem ser seguidos em seus percursos genéticos. A análise genética, permite compreender a origem e o processo de transformação que passam as funções psicológicas, e os fatores de seu desenvolvimento.
Vygotsky (citado em Oliveira), segue ainda relatando que o comportamento e o funcionamento mental humano, possui quatro formas de planos genéticos que devem ser estudados: O plano da filogênese, o da ontogênese, o da sociogênese e o da microgênese.
Filogênese- o objetivo era identificar o início do desenvolvimento humano, e as diferenças entre o homem e o animal. Vygotsky compara o homem ao macaco, e observa que o uso de instrumentos para conseguir alimento pelo macaco, representa o primeiro passo na evolução dos processos mentais superiores, que só atingem o ponto mais alto nos seres humanos. No que diz respeito à afetividade, os seres humanos possuem suas emoções mais sofisticadas que os animais, porque tem como base no desenvolvimento de seus afetos um fenômeno histórico cultural. Já nos animais as emoções permanecem vinculadas a sua origem instintiva e biológica.
Ontogênese- neste plano a ruptura proposta por Vygotsky, refere-se à transformação da linha psicológica natural em psicologia cultural. As ferramentas culturais internas constituem instrumentos mediadores para a transformação do domínio afetivo ao percurso da vida de cada componente da espécie humana, afastando suas origens biológicas e dotando-os de conteúdos culturais. Ligando ao caso do naufrago, se fosse uma criança é provável que agisse de forma muito mais impulsiva. As lembranças da vida seriam menos ordenadas, a mesma ligaria o tesouro talvez às narrativas fictícias acessíveis a ela. E o que poderia lhe trazer alegria seria brincar de pirata, mas o sentimento nunca poderia originar-se
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