A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: UMA ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA
Por: Jose.Nascimento • 16/11/2018 • 7.539 Palavras (31 Páginas) • 601 Visualizações
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Pretende-se ainda discutir a delimitação conceitual do campo de estudo do desenvolvimento humano levando em consideração novos paradigmas que surgem nesta área, apresentando uma atualização da descrição da evolução histórica deste campo de atuação sintetizando informações que hoje se encontram dispersas em diferentes trabalhos que discutem o estudo do desenvolvimento humano.
Segundo Biaggio (1978), a análise histórica do desenvolvimento humano permite que se obtenha modelos de comparação que permitam a análise das contribuições atuais e futuras. Em particular, é preciso que se entenda como as questões pertinentes ao desenvolvimento humano foram tratadas no passado e como elas evoluíram para que possamos tomar decisões a respeito de perspectivas futuras.
Diante disso, com a Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, pode-se obter melhor compreensão sobre o processo educacional como um todo, facilitando a aprendizagem dos alunos e obtendo melhor desenvolvimento em seus estudos. Esta contribui para a ampliação da prática pedagógica em todas as áreas do saber, sendo o principal objetivo desta pesquisa estimular os educadores no processo de utilização adequada de algumas teorias que procuram explicar o processo de aprendizagem dos indivíduos.
2. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CONCEITO
A Psicologia do Desenvolvimento é um campo da Psicologia que estuda o desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual e social da infância até a vida adulta, com a qual pretende explicar de que maneiras importantes de ordem quantitativa e qualitativa as crianças mudam no decorrer do tempo e como essas mudanças podem ser descritas e compreendidas.
A Psicologia do Desenvolvimento Humano procura descrever tão completa e exata quanto possível, as funções psicológicas dos indivíduos, compreendendo, ainda, as mudanças comportamentais pelas quais o indivíduo passa em todos os aspectos de sua vida, surgindo como uma ferramenta essencial para a compreensão do comportamento humano. Será que já nascemos prontos ou vamos acumulando experiências, de acordo com o momento da vida e o nosso grau de entendimento? Nosso desenvolvimento ocorre por meio do acúmulo contínuo de novos conhecimentos, de vivências práticas, ou é um caminho natural e inerente a tudo isso?
Estes são alguns dos questionamentos levantados pelos profissionais especializados nesta área. O acompanhamento das mudanças de comportamento que ocorrem ao longo de nosso processo evolutivo nos permite compreender melhor como nós somos em cada fase da vida. Para Biaggio (1978, p. 22) “o que interessa à Psicologia do Desenvolvimento são as mudanças de comportamento que ocorrem não em função do tempo, mas em função de processos intra-organísmicos e de eventos ambientais que ocorrem dentro de determinada faixa do tempo”.
Atualmente, temos muitas discussões sobre quais as mudanças que ocorrem na vida do ser humano ao longo de seu desenvolvimento até o fim de sua vida. Segundo Mahoney (1998), o homem está sempre em desenvolvimento, por isso, é importante para profissionais que lidam com os aspectos educacionais terem conhecimento sobre quais mudanças ocorrem no decorrer da vida do homem, bem como algumas características que permanecem estáveis. Ao longo do seu desenvolvimento, os indivíduos lidam com questões que remetem à aprendizagem, que depende tanto de aspectos pessoais, ou seja, dos fatores biológicos característicos da espécie, que são determinados geneticamente chamados de conteúdos fechados, sendo estes inalterados, e com conteúdos abertos que se relaciona com a aquisição e o desenvolvimento, bem como dos fatores do contexto em que eles estão inseridos, gerando mudanças internas e externas (MOLON, 1999).
A polêmica sobre o papel que a herança genética e o meio ambiente desempenham na determinação do desenvolvimento começou a ser interessante quando deixou de ser apresentada em termos taxativos e exclusivistas. Essas mudanças no desenvolvimento são adaptativas, sistemáticas e organizadas, e refletem situações internas e externas ao indivíduo que tem que se adaptar a um mundo em que as mudanças são constantes (PAPALIA & OLDS, 2000).
Portanto, neste contexto, fica evidente a importância da Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem como aliada para entender claramente como nos comportamos e lidamos com o nosso próprio processo de crescimento e amadurecimento físico, emocional e intelectual, pois conhecer características de cada faixa etária é descobrir as individualidades e peculiaridades do ser humano.
2.1. EVOLUÇÃO HISTORICA
A Psicologia do Desenvolvimento surgiu no fim do século XIX, com fundamento na Teoria da Evolução ou da Seleção Natural, tendo como objetivo o estudo do comportamento humano, mais especificamente é uma área que procura entender a evolução da mente em associação ao desenvolvimento humano (HATTORI & YAMAMOTO, 2012).
Biaggio e Monteiro (1998) estudando sua evolução histórica, sistematizaram o estudo do desenvolvimento humano divida em fases. A seguir, se propõe uma atualização desta divisão acrescentando também uma análise do período formativo da Psicologia do Desenvolvimento.
- Formativo (1882 a 1912): período associado a estudos de epistemologia genética sobre o desenvolvimento cognitivo, moral, social e da personalidade. Também é caracterizado pelo estudo sobre as relações entre evolução e desenvolvimento. A partir desse período, deu-se inicio a classificação das fases do desenvolvimento, sendo que os interesses de pesquisa nesta época envolviam principalmente a psicobiologia, psicologia da personalidade e desenvolvimento cognitivo.
- Fase 1 – (1920 a 1939): é caracterizado pelo estudo empírico dos objetivos do comportamento e cognição da criança assim como o desenvolvimento sensório-motor, cognitivo e social. Neste período desenvolveu-se a teoria da aprendizagem social e a psicanálise. Os principais interesses de estudo nesta época foram: o desenvolvimento intelectual, maturação e crescimento, ou seja, estava pautado em fenômenos concretos, como o sono e a alimentação da criança em várias etapas da sua vida. O método utilizado era o método descritivo, baseado em observação natural, o que consistia em uma descrição dos fenômenos, sem interferência do pesquisador. Começa-se a criticar os métodos existentes de pesquisa na área do desenvolvimento humano, sendo que a maioria delas ainda usa métodos descritivos e normativos.
- Fase 2 – (1940 a 1959): Esta fase foi grandemente influenciada pela depressão de
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