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Associação entre a recessão gengival e o movimento ortodôntico

Por:   •  5/12/2017  •  7.446 Palavras (30 Páginas)  •  324 Visualizações

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Há que se ressaltar que a sensibilidade dentinária associada à exposição da superfície radicular, causando dor provocada e, às vezes espontânea, leva um desconforto extremo ao paciente, que na maioria encontra-se na faixa etária adulta, em média 40% a 90%.(9) Essa alta incidência de recessão gengival na população adulta é confirmada no estudo epidemiológico realizado por Araújo et al.(10), que avaliando os níveis desta alteração em 110 estudantes do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Pernambuco, concluíram que 83,6% dos pesquisados a apresentavam.

Em um outro estudo, cuja amostra foi constituída por 380 indivíduos na faixa etária acima de 20 anos, submetidos a uma avaliação clínica em todos os dentes, considerando as quatro superfícies (mesial, vestibular, distal e lingual), foi observado que recessão gengival, definida como mais de 1mm de raiz exposta, encontrava-se presente em pelo menos uma superfície dentária em aproximadamente 89% dos pesquisados. A prevalência, extensão e severidade desta condição clínica aumentaram com o avanço da idade.(9)

Clinicamente, o desnudamento da superfície radicular apresenta-se de diversas maneiras, resultantes da extensão da perda tecidual tanto no sentido ápico-coronal como no sentido mésio-distal, influenciando negativamente a estética, principalmente naqueles indivíduos com sorriso alto.(11) Ainamo et al.(12) categoriza as recessões gengivais como leves (0.5 a 1.0mm) e extensas (1.5 a 3.5mm).

A partir do seu conceito constata-se que a recessão gengival trata-se de uma alteração estética e morfológica do complexo mucogengival, na qual se observa a presença de inflamação gengival e recessão gengival em áreas com pouca ou nenhuma gengiva inserida.(13)

Uma das hipóteses que explica tal alteração se apóia no fato da gengiva inserida possuir um epitélio espesso e de múltiplas camadas apresentando inúmeras projeções epiteliais profundas e uma camada espessa de queratina na sua superfície. Por sua vez, o tecido conjuntivo, presente nesta região, apresenta-se denso e fibroso, mostrando fortes inserções no cemento e osso alveolar. O epitélio da mucosa alveolar apresenta um número inferior da camada de células e ausência da camada de queratina, e um tecido conjuntivo com uma inserção fibras mais finas e espaçadas inseridas no osso alveolar. Assim, o surgimento da recessão gengival pode ser explicado pelo encontro das projeções epiteliais do sulco com as projeções da gengiva inserida, isolando uma pequena área do tecido conjuntivo que pode necrosar.(14)

A formação da recessão gengival poderia ser explicada pelo encontro das projeções epiteliais do sulco com as projeções do epitélio oral (gengiva inserida), isolando uma pequena área do tecido conjuntivo que poderia necrosar.(15)

Preconiza-se que a reação inflamatória local observada em recessões gengivais desencadeia uma desorganização do tecido conjuntivo gengival, levando à proliferação do epitélio em direção a este, ocorrendo a projeção das cristas dos epitélios orais, sulcular e juncional. Dependendo da espessura do tecido conjuntivo poderá acontecer a união dessas cristas epiteliais e como resultado surge um comprometimento da nutrição gengival que termina em descamação e aparecimento da recessão em virtude da necrose sofrida pela porção marginal do epitélio.(1)

Recessões gengivais podem ser observadas em ambos os arcos, nas faces vestibular e lingual e em quaisquer unidades dentárias. Porém, Pacheco et al.(6) enfatizam que na maioria dos casos, observa-se sua ocorrência na face vestibular dos dentes, em virtude desta área estar entre as menores faixas de gengiva ceratinizada da cavidade bucal e apresentar cobertura óssea vestibular à raiz bastante limitada em espessura.

A atual classificação das recessões gengivais encontra-se fundamentada na altura da crista óssea interproximal e na posição da margem gengival em relação à linha mucogengival: (8)

⎯ Classe I: a recessão gengival limita-se a junção mucogengival, não ocorrendo perda de tecido de sustentação ou proteção na região interdental;

⎯ Classe II: recessão gengival com comprometimento da linha mucogengival mas sem reabsorção óssea do osso interproximal adjacente;

⎯ Classe III: a recessão gengival ultrapassa a junção mucogengival, ocorrendo perda de tecido de sustentação ou proteção na região interdental e/ou posicionamento dentário inadequado;

⎯ Classe IV: a recessão gengival ultrapassa a junção mucogengival, ocorrendo perda de tecido de sustentação ou proteção na região interdenta e/ou posicionamento dentário extremamente inadequado.

No estudo realizado por Marini(9), as recessões classe I foram as mais freqüentes, mas houve um aumento gradual das recessões classe III e IV à medida que indivíduos mais idosos foram avaliados. Os dentes inferiores tiveram mais superfícies com recessão do que os superiores, e os mais freqüentemente envolvidos foram os incisivos inferiores.

A classificação das Doenças Periodontais inclui as recessões gengivais na categoria referente às deformidades e condições adquiridas ou desenvolvidas.(7)

Por ser uma alteração adquirida diversos fatores etiológicos estão envolvidos na sua gênese. Na literatura encontra-se bem estabelecido que o processo inflamatório desencadeado pelo biofilme bacteriano dentário constitui o principal fator etiológico das recessões gengivais.(6, 9, 11)

Além do processo inflamatório, outros fatores têm sido sugeridos como participantes na etiologia da recessão gengival, como, por exemplo, trauma mecânico pela higienização bucal ou proveniente da inserção alterada do freio labial, a trajetória da erupção, forma do dente, deiscência óssea alveolar, características anatômicas locais relacionadas ao posicionamento dentário na base óssea, largura da faixa de mucosa ceratinizada, espessura da gengiva marginal e tecido ósseo subjacente, oclusão traumatogênica devido à mordida cruzada e inserção muscular aberrante.(16) A cirurgia periodontal, movimentação ortodôntica, tratamentos restauradores e o trauma gengival por procedimentos cirúrgicos também são apontados como fatores de risco para recessão gengival.(6, 17)

4.2. Movimentação Ortodôntica e o Periodonto

A movimentação ortodôntica é baseada no princípio de que se uma força prolongada é aplicada a um dente, este vai se deslocar à medida que o osso ao redor dele se remodela.(18)

Durante o movimento ortodôntico, há a formação

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