Aula de transtornos de ansiedade
Por: Sara • 2/5/2018 • 5.265 Palavras (22 Páginas) • 385 Visualizações
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OBS:* A ansiedade pode estar presente em diversas situações, inclusive junto com os transtornos, ex: uma pessoa pode ter transtorno hipocondríaco com crises de ansiedade associada.
Depois da colonoscopia, foi descoberto que essa paciente tinha mesmo irritação no colon e foi encontrado resíduos de supositórios no local. Como não sei qual é objetivo da paciente ao usar supositórios, vou conversar com ela e descubro que ela coloca supositórios para ter a quadros de diarréia.
Qual o diagnostico? TRANSTORNO FACTÍCIO. A pessoa faz alguma coisa para causar um sintoma, a pessoa quer atenção e o beneficio é primário. Então o ganho que ela vai ter ai ser de receber atenção, e ela tem consciência ao fazer isso. Existe algum processo inconsciente ao fazer isso? Provável que sim, ela se mutila para conseguir atenção.
OBS:* No transtorno de somatização o beneficio é primário e inconsciente (a pessoa quer atenção). Já no transtorno hipocondríaco o benefício é inconsciente e do ponto de vista psicológico a pessoa está lá porque ela credita que está doente mesmo.
Quando esse paciente diz que estava irritado o quadro piorava. Nos sabemos o porque ficamos irritados? Normalmente sim, e depois paramos e pensamos que fizemos uma coisa exagerada – no momento é uma reação tão intensa que não conseguimos controlar e na hora a resposta passa a ser quase inconsciente do ponto e vista psicológico.
Todos nós podemos ser um medico de família de qualquer paciente, vamos ser a referencia do paciente quando ele tiver alguma duvida e vamos indicar quais outros médicos ele pode ir e onde tratar. Além disso, o paciente precisa também de uma referencia psicológica, uma pessoa em que ele confia.
Caso clínico 6: paciente chega no consultório dizendo que tem um trabalho que está acabando com a vida dele, o chefe quer prejudica-lo, quer acabar com a vida pessoal dele e por causa disso ele está ficando doente. E ele diz: "se eu não me afastar do trabalho vou acabar matando alguém!". Nesse caso perguntar se o paciente já matou alguém mesmo, porque temos que entrar nessa área que é muito séria. Se o paciente responder que já matou mesmo, tem que perguntar como foi isso e o que aconteceu. Temos que perceber se o paciente matou de forma planejada ou em um impulso. Temos que perguntar o motivo real de fazer isso, e como planeja fazer isso.
Pergunta: Isso faz parte do sigilo médico? Sim, mesmo se ele não foi preso e sofreu as conseqüências. É bom o medico pesquisar se essa pessoa morreu mesmo, é decisão do médico se vai quebrar o sigilo ou não. Saber como a pessoa foi morta e se está enterrada (será que ela esta enterrada em um local adequado?). Se quebrarmos o sigilo temos que ver se esse fato não vai afetar mais ninguém. Podemos quebrar o sigilo se percebermos que o paciente vai machucar outras pessoas, e se não for machucar, o médico pode guardar o sigilo mesmo.
Pergunta: Se o paciente tem real possibilidade de matar alguém e trabalha com recursos que possibilitam que mate alguém, como por exemplo motorista de onibus? Não precisa quebrar sigilo, é só entrar em contato com o médico da empresa e pedir para ele que afaste o paciente. Como vai estar falando de medico para medico não é quebra de sigilo, nessa situação especifica não é bom que o paciente fique trabalhando. Temos que afasta-lo de instrumentos que possibilitam ele se prejudicar e prejudicar os outros. Uma coisa importante que precisamos saber que o exame mental é CIRCUNSTANCIAL, tenho que escrever no prontuário: “naquele momento” paciente estava assim ou assado, pois não sei se ele vai sair do consultório e vai fazer alguma coisa, não sei se o paciente é impulsivo. Então além de perguntarmos se já matou alguém, também perguntamos se já agiu de forma impulsiva alguma vez.
Nesse caso, em que o paciente quer se afastado se não vai matar alguém, ele quer um beneficio primário ou secundário? BENEFICIO SECUNDÁRIO. Nesse momento você tem que entender claramente em que medida esse paciente esta realmente com um problema e esta exagerando a historia. Então temos que lembrar a pessoa que ela é responsável por todos seus atos e mesmo que o chefe esta maltratando ele, ele não tem direito de mata-lo. Caso ficamos na duvida é melhor afastarmos ele só naquele dia, mas essa situação precisa ser levada ao medico da empresa com uma carta explicando os acontecimentos (você fez sua parte, não quer dizer que ele vai levar ao medico do trabalho). Se o paciente fica inconformado, falando um dia afastado não resolve, você fala: realmente não resolve, por isso estou te encaminhando ao medico do seu trabalho, é ele que vai analisar essa situação e conversar com você. Essa situação que falamos é no caso de estar no pronto socorro, se eu sou medico do trabalho, por exemplo, eu vou precisar avaliar realmente esse risco.
Quando o paciente chega ameaçando matar alguém temos que questionar ele, perguntar o motivo de fazer isso. Esse tipo de comportamento é primitivo, indica fortemente uma relação de dependência, “eu to preso ao meu trabalho”, como uma criança que pensa que esta presa à mãe, então pensa “eu vou mostrar que ela não manda em mim”. Esse tipo de comportamento é muito comum no brasileiro, pensam que o serviço é dono dele e tem que arcar com todas responsabilidades (isso é absurdo), se você não esta satisfeito no trabalho peça demissão. Nesses casos falamos para o paciente: peça demissão, mas muitas vezes ele já responde que não, não quer perder o salário e os direitos. Então explicamos que isso é uma escolha dele, se é isso que ele acha que é mais importante ele tem que aguentar o trabalho.
Qual a hipótese diagnostica desse paciente que quer o atestado? Ganho SECUNDÁRIO (e tem consciência, quer que você fique com medo do que ele esta ameaçando fazer): um quadro de SIMULAÇÃO. Esses quadros são mais comuns se apresentarem de forma de dor inespecífica e o paciente pede que ganhe um atestado para ficar afastado do trabalho por um dia. Ai quando falamos em realizar exames o paciente fala: “acho que se eu for para casa dar uma descansada vai ser o suficiente”, e com isso você já fica atendo. Lembrando que no mundo real as coisas não se apresentam tão certinhas, ela se misturam, não pensem que um paciente com transtorno de somatização não quer algum tipo de beneficio secundário, ele pode querer um atestado também.
Muito cuidado: O atestado medico não deve ser a primeira alternativa. Pacientes deprimidos muitas vezes falam”não é melhor eu dar uma parada? Então respondemos: não, se você for para casa vai ficar fazendo o que? Vai se preocupar mais, se sentir mais
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