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AVALIAÇÃO E PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO PACIENTE COM NÓDULOS VOCAIS

Por:   •  19/1/2018  •  4.048 Palavras (17 Páginas)  •  688 Visualizações

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Segundo Behlau (2001) "nos estágios iniciais, os nódulos podem ser vistos como edema localizado. A literatura aponta que tais lesões localizam-se na junção do terço anterior com o terço médio da prega vocal, mas na verdade, as lesões se encontram mais localizadas na porção vibrante da prega vocal, onde as forças de impacto durante a vibração são maiores", ressalta também que "a fenda glótica geralmente é triangular médio-posterior ou uma fenda dupla. Elas antecedem a formação do nódulo e são aumentadas pela sua presença, reduzindo com a absorção das lesões e com as mudanças das relações musculares intrínsecas e extrínsecas da laringe", estando então essas alterações de acordo com o presente caso.

3 AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA

Os abusos vocais são comportamentos que contribuem para o desenvolvimento de alterações na produção da voz, uma vez que se distorcem da propensão normal do mecanismo fonatório de trabalhar eficientemente. O individuo pode, voluntariamente, produzir vozes de variadas formas ou realizar comportamentos agressivos como: grito, ingestão de bebidas alcoólicas, fumo, automedicação, mudança de temperatura, ar condicionado, exposição à poluição, alergias, drogas, má alimentação, descanso inapropriado, pigarrear, tossir com força, competir com sons do ambiente, posturas corporais inadequadas e vestuário impróprio. Em decorrência desses abusos, podem surgir lesões benignas no tecido laríngeo, como nódulos, pólipos, úlcera de contato, dentre outros, (Amato, 2010; Colton, Casper e Leonard, 2010).

A paciente afirmou apresentar hábitos vocais inadequados, tais quais: grita, às vezes; faz uso de ventilador; possui uma alimentação desequilibrada, ingerindo café frequentemente, e bebidas geladas ou quentes demais. Além disso, relata trabalhar em um ambiente com acústica ruim, gerando uma competição sonora entre ela e os alunos.

Segundo Amato (2010), o grito consiste na emissão da voz falada em alta intensidade. Durante este ato, a vibração das pregas vocais torna-se praticamente uma colisão, sobrecarregando e contraindo excessivamente a musculatura da laringe, gerando um estresse que pode acarretar danos à saúde vocal.

Assim como no uso do ar condicionado, o ventilador também pode provocar danos ao sistema respiratório, visto que há um acúmulo de partículas de poeira e micro-organismo que são dispersos pelo ambiente quando se liga o aparelho, podendo entrar em contato com nosso sistema respiratório, causando quadros alérgicos e/ou virais. Além disso, o uso de ventiladores no ambiente de trabalho pode ocasionar situações de competição sonora, exigindo maior esforço para a produção vocal (Amato 2010).

Possuir uma alimentação equilibrada é de extrema importância manutenção do organismo, pois contribui para prevenção de doenças e fornece maior energia ao corpo. Segundo Behlau e Pontes (2001), alimentos pesados, gordurosos e condimentados lentificam a digestão e dificultam a livre movimentação do músculo diafragma, essencial para a respiração e apoio para a produção da voz, além de provocar refluxo gastroesofágico.

O hábito de ingerir café frequentemente pode ser prejudicial para a saúde vocal, visto que é constituído pela cafeína, uma substância neuroestimulante que pode causar ressecamento da mucosa do trato vocal, refluxo gastroesofágico, irritações laríngeas e alterações na qualidade vocal, além de tremor associado a tiques vocais e velocidade de fala acelerada, dificultando a compreensão (Penteando et al. 2008).

Quanto à ingestão de bebidas geladas ou quentes demais, sabe-se que, segundo Amato (2010), quando o organismo é submetido a uma mudança brusca de temperatura, tanto alimentares quando ambientais, podem ocasionar reações do organismo, com alta liberação de uma grande quantidade de muco nas pregas vocais, as quais poderão ser vítimas de um edema caracterizado por ser um inchaço por acúmulo de líquidos.

O fato de a paciente trabalhar em um ambiente com acústica ruim faz com que, de forma reflexa, ela eleve a voz em um esforço para se comunicar, tentando vencer o ruído de fundo. Chamamos isso de competição sonora. Segundo Amato (2010), essa situação gera um estresse nas pregas vocais e em toda a estrutura da laringe, tornando a voz rouca, ou seja, passam a ter dificuldades em sua vibração.

Quando questionada, a paciente informa apresentar os seguintes sintomas: rouquidão, voz cansada ou alterada depois do uso por um curto tempo, problemas para cantar ou falar baixo, dificuldade para cantar em tom agudo, desconforto ao falar, voz monótona, dor na garganta, pigarro, gosto ácido ou amargo na boca.

Segundo Behlau (2001) “as propriedades mecânicas de cobertura das pregas vocais determina as características vibratórias das mesmas e a voz resultante”, estando essas propriedades alteradas na presença de qualquer lesão de massa. Dessa forma, rouquidão e soprosidade são aspectos observados na avaliação perceptivo-auditiva na presença de nódulos vocais. Além disso, observa-se também que indivíduos com nódulos vocais podem se queixar de fadiga vocal, perda de potência da voz com seu uso, dor na laringe ou no pescoço, dificuldades em produzir notas agudas, conforme aborda Behlau (2001) e é relatado pela paciente.

Behlau (2001) ressalta que o deslocamento da frequência para os agudos em pacientes portadores de nódulos pode gerar características tensionais no quadro, principalmente na musculatura paralaríngea. Isso pode estar relacionado com o desconforto para falar e, provavelmente, com a fadiga relatada pela paciente, podendo gerar uma característica de voz monótona.

Colton, Casper e Leonard (2010) afirmam que alguns pacientes apresentam sensação de corpo estranho na garganta e sentem a necessidade de pigarrear. Além disso, Cielo et al. (2009) ressalta que algumas das principais queixas encontradas em pacientes com refluxo gastresofágico são disfagia, sensação de corpo estranho na faringe, tosse crônica, e pigarro. Logo, pode-se inferir que o pigarro relatado pela paciente seja um fator associado ao nódulo vocal ou ao refluxo gastroesofágico.

Na investigação complementar, a paciente relatou que sua mãe é professora e também apresenta rouquidão. Ressalta-se a importância de que durante essa investigação seja questionada a profissão do familiar com queixa semelhante a da paciente, uma vez que essa informação contribui para o diagnostico diferencial, evidenciando a possibilidade de a alteração ser de fato nódulo vocal, e não um possível cisto vocal.

A paciente relatou

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