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Fichamento de saude mental

Por:   •  24/3/2018  •  1.641 Palavras (7 Páginas)  •  308 Visualizações

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Com a percepção dos transtornos mentais a partir dos conceitos de Pineu, o qual trazia para estes um aspecto patológico, o louco passou a ser visto como desprovido de razão fazendo com que durante um longo período o louco fosse taxado como agressivo, perigoso e irrecuperável. Passando assim a não poder exercer o seu livre arbítrio, perdendo completamente a autonomia, e sendo retirados do convívio social e inseridos em um modelo de assistência azilar, o qual rompia completamente com os vínculos familiares e sociais do individuo em sofrimento mental, o tornando cada vez mais dependente e entristecido, e fazendo com que o louco levasse consigo estereótipos que jamais permitiriam uma reinserção social.

O modelo hospitalocêntrico de tratamento psiquiátrico foi muito criticado devido ao fato de não trazer nenhum beneficio a saúde dos internos, mas sim contribuir de maneira significativa na produção e manutenção do adoecimento destes, além de ser responsável por um aumento no numero de mortes, e na morbidade dos internos, retirando qualquer expectativa de reinserção social destes. Dessa forma a internação passou a ser considerada como não sendo a melhor opção terapêutica para as pessoas com transtornos mentais, os quais após terem seus direitos garantidos por lei, deveriam ser inseridos socialmente, e tratados visando o desenvolvimento de autonomia e consequentemente a reinserção no convívio social.

Após a reforma psiquiátrica, com o fim das internações psiquiátricas de longa permanência, e a necessidade do acolhimento dos internos pelos seus familiares acabou gerando nestes, sensação de insegurança e desespero, visto que a maioria dos internos vinham de famílias pobres que dali em diante trariam consigo a ideia de cuidar de um familiar que geraria despesas com as quais eles não poderiam arcar, visto que os loucos eram tidos como sujeitos improdutivos. Diante disso o governo tendo como uma forma de buscar a reinserção social criou o programa volta para casa, o qual oferecia uma pensão para aqueles ex internos que eram aceitos por suas famílias.

Mesmo depois de seus direitos assegurados por lei, os quais garantiam boas condições de habitação, alimentação, convívio social, entre outros, os estereótipos continuavam perseguindo os ex-moradores dos manicômios, que eram vistos como pessoas incapazes, perigosos, e que não possuíam condições de serem inseridos socialmente enquanto cidadãos normais. Após a saída dos hospitais psiquiátricos estas pessoas passavam a necessitar de ajuda para reinserção social, e isto era dado através dos projetos terapêutico individuais, que visavam fazer com que estas pessoas desenvolvessem autonomia, sendo o menos dependente possível, potencializando as suas habilidades pessoais, com o objetivo de introduzir estas pessoas novamente ao convívio social.

Além do programa volta para casa e da criação dos serviços residenciais terapêuticos, que acolheriam aqueles que já haviam tido desconstruídos os seus laços familiares, e necessitavam de um cuidado humanizado. Os serviços residenciais terapêuticos tinham a função não apenas de dar abrigo aos indivíduos egressos de internações psiquiátricas de longa permanência. Pois uma residência não é apenas o lugar onde se mora. A casa, o lar ou habitat tem a função de proteger e amparar, porém traz também a serenidade de um lugar ao qual é possível chamar de seu. O lar não é apenas uma casa, mas sim um local onde o individuo começa a inserir-se socialmente, e do qual ele deve sair preparado para enfrentar as adversidades impostas pela sociedade. Desta forma estar abrigado não é apenas estar embaixo de um teto, mas estar inserido em um local que possibilite um crescimento do ser humano enquanto pessoa, amparando-o e permitindo que este sinta-se confortavelmente inserido neste espaço que é seu.

Diante das discursões a respeito da importância do lar para os seres humano, a primeira conferencia internacional promovida pela ONU traz a moradia como um direito fundamental do ser humano, este passa a ser garantido por lei vigorando como um dos direitos fundamentais do ser humano a partir da emenda constitucional 26/2000. As residências terapêuticas tem a função de oferecer não apenas a estrutura física de moradia, pois isto era feito pelos manicômios. Elas devem possibilitar a formação de vínculos, visando a valorização das especificidades de cada individuo a fim de possibilitar a inclusão social destes indivíduos. Outro fator a ser considerado é a necessidade dos familiares e comunidade no processo de cuidado, buscando um cuidar singular e individualizado de cada individuo, para que dessa forma o objetivo de reinserção social e formação de vínculos seja alcançado.

Acabar com os manicômios não é apenas acabar com a estrutura física, derrubando muros. Mas sim acabar com as formas desumanas com as quais, estas pessoas em situação de fragilidade eram tratadas. As residências terapêuticas, tem como aspecto principal, criar vínculos entre os ex internos de casas de recuperação de longa permanência, possibilitando a estes terem estas residências como seus lares. Além de incentivar o desenvolvimento de sua autonomia, para que dessa forma seja possível a reconstrução de vínculos sociais e familiares.

Mesmo com todas as mudanças ocorridas em aspectos jurídicos, com a sansão de leis que garantem os direitos aos pacientes com transtornos mentais, transitórios de um processo hospitalocentrico de cuidado baseado na institucionalização para, uma reforma psiquiátrica com foco na desinstitucionalização, visando a reinserção social desses pacientes, oferecendo cuidados individualizados de acordo com as necessidades de cada um, mas buscando a sua independência, a nível sociocultural, a inserção dessas pessoas ainda não é inteiramente aceita, na maioria das vezes fruto de diversos estereótipos que atribuem periculosidade a estas pessoas, e fazem com que elas sejam vistas como irrecuperáveis, e incapazes de ter um bom convívio social.

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